4 - O peso da solidão

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Abro os olhos no meu quarto sombrio e gélido, desprendo-me das cobertas e observo o calendário; restam-me apenas dois dias

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Abro os olhos no meu quarto sombrio e gélido, desprendo-me das cobertas e observo o calendário; restam-me apenas dois dias. Apresso-me para ir à escola, tentando dissimular que está tudo bem.

As paredes do meu quarto são repletas de anotações sobre a pintura verde-escura, usadas como apoio nos estudos. Mesmo sem um futuro garantido, alimento o sonho de um dia seguir carreira ajudando pessoas, quem sabe um bombeiro. Contudo, a prova é um desafio intransponível para mim; talvez seja um desejo excessivo.

Caminho lentamente até o banheiro, encaro-me no espelho. As olheiras ao redor dos meus olhos parecem menos evidentes do que ontem, talvez um sinal de melhora. Ergo meus cabelos bagunçados, revelando uma ferida completamente cicatrizada na testa, recordação cruel de valentões do mês passado, que bateram minha cabeça contra a pia do banheiro da escola.

Saio do banheiro após concluir minha rotina de higiene e, ao vestir o uniforme da escola, dirijo-me à cozinha, onde minha mãe finaliza o café.

- Bom dia - murmura minha mãe, esboçando um sorriso. - Dormiu tarde de novo?

- Foi até cedo desta vez! - respondo enquanto sirvo meu café da manhã.

- Você precisa parar de estudar tanto e sair um pouco com seus amigos. Um dia isso não vai importar mais.

A porta se abre e fecha rapidamente; já sei quem é.

- Rafa! - ouço a voz do meu irmão mais novo.

Gustavo, com apenas três anos, é fruto do relacionamento da minha mãe com um homem gentil que conheceu.

- Milagre, você não está atrasado para a escola hoje! - diz Augusto, bagunçando levemente meus cabelos.
- As ruas estão caóticas, não quer uma carona?

- Sim! - respondo, observando-o retirar uma maçã de suas coisas e me oferecer. Recuso com um balançar de cabeça.

As ruas da cidade estão um caos, com pessoas decorando tudo de verde e amarelo, preparando-se para a Copa do Mundo de 2014. O som das ruas é envolvente, uma mistura de bandeirolas, tintas e entusiasmo.

- Vamos então? - pergunto.

Meu padrasto responde, mostrando as chaves da moto com um sorriso no rosto. Conforme avançamos pelas ruas, observo as pessoas seguindo suas vidas com um sorriso, envoltas na atmosfera da Copa. Tínhamos sempre que desviar de algumas linhas de pipa de crianças soltas pelas ruas movimentadas, me distraí facilmente com o grande número de decorações verde e amarela.

- Chegamos! - chama meu padrasto, tirando-me dos meus devaneios.

- Obrigado! - entrego o capacete e me afasto.

- Tenha cuidado! - É o que ouço antes da moto ronronar e se afastar.

Estudo atualmente no Centro de Ensino Paulo VI, nome dado em homenagem a um padre de sei lá o que, isso não é importante. Os piores três anos da minha vida tem sido aqui. A escola nunca foi um alicerce em minha vida, a grande maioria das coisas que eu sei, aprendi estudando em casa, perto de professores que só sabem falar de suas vidas ou de alunos que não querem aprender e acabam atrapalhando a aula de bons professores, eu prefiro estudar por conta própria.

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora