12 - O peso de não entender

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Estou correndo o máximo posso

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Estou correndo o máximo posso. Algumas horas atrás recebi uma ligação do Marcos, ele me pediu para eu ir até o canil, a Camila está cuidando de tudo sozinha, enquanto a avó deles foi para o tratamento do Doki.

Paro abruptamente ao encarar um dos galpões. Ela está lá, seus cabelos estão amarrados em um rabo de cavalo, deixando o aparelho auditivo à mostra, ela também está junto de uma mulher que aparentemente quer adotar um dos cachorros, mas pelos berros ela não parecia estar muito contente.

- Posso ajudar? – Me aproximo

- Ah, finalmente alguém que me entende! – A moça sorriu – Eu estava tentando falar para esta garota que eu quero o cachorro que está no cercado de número 3, mas ela não me entende! Já estava perdendo a paciência!

- Acho que o cachorro da número não gostaria de ir para a casa da senhora! – Retribuo um sorriso falso – Você acabou de desrespeitar minha colega, imagina o que vai fazer com um animal indefeso!

- Desrespeitar? – A vejo arregalar os olhos – Eu só não entendo como deixaram alguém como ela aqui sozinha, além disso, é só um cachorro!

- Ela parece se virar bem sozinha, além disso, é só uma vida!

A mulher arruma a alça de sua bolsa e se mantem posturada

- Não vão muito longe tratando os clientes assim! Você e sua namorada surda, tenham um bom dia!

Surda? Por que eu estou tão irritado? O que eu faço?

Sinto as delicadas mãos da Camila repousarem sob meus ombros. Viro-me com delicadeza e vejo seu sorriso. Está tudo bem, era o que eu conseguia entender com aquela ação.

Respiro fundo

- Banho! – Ela aponta para alguns cães

Por que ela sempre sorri? Por que ela nunca reclama? Por que ela nunca se impõe?

- Camila! – Ponho-me em sua frente, impedindo a passagem, logo gesticulo – Por que deixou?

- Deixei?

- Você sempre deixa as pessoas passarem por cima de você! Por que você as deixa fazer isso?

- Eu não sou fraca! – Seus movimentos simples entregavam sua fragilidade

Os verdadeiros fracos são aqueles que demonstram suas fraquezas, eu ouvi isso em algum lugar, será que é nisso que a Camila vem se apegando à vida toda?

- Banho! – Ela volta a apontar para os cachorros

A sigo. Temos um longo dia de trabalho.

Perdido em pensamentos, acho que nunca fiquei a sós com a Camila. É normal eu estar nervoso?

O tempo parece não passar, acho que a conversa que eu tentei manter não deixou as coisas muito agradáveis. Já estamos dando banho no terceiro cachorro mas parece que nunca acaba, preciso pensar em algo, preciso...

O peso das palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora