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Regulus segura o frasco de veneno que ele ajudou Vanity a extrair de Vespa, um nó se formando em sua garganta enquanto ele o gira entre os dedos. James senta ao lado dele em silêncio, mexendo no cartão branco, traçando a borda dele com o polegar.

"Você se lembra quando você disse que não queria que eu fosse mudado?" James pergunta suavemente.

"Sim," Regulus murmura.

James acena com a cabeça em direção ao frasco. "Isso me mudou."

"Perder Vanity?" Regulus verifica.

"Sim," James confirma.

"E quanto a —" Regulus engole e encontra seu olhar, seu coração apertando. "Você disse que quem você é, tudo de que você é feito, não pode ser mudado. E quanto a isso?"

"Eu ainda sou eu," James sussurra. "Só um pouco menos, só isso."

Regulus desvia o olhar, achando muito difícil engolir de repente. Ele realmente não consegue pensar em nada mais trágico do que isso. Ele pode odiar James Potter com tudo nele, odiar tudo o que há nele, mas ele nunca desejou menos de James.

James é demais de tantas coisas para encolher. Ele tem sido tão brilhante, tão importante, desde que Regulus o conheceu; é a única coisa consistente que nunca mudou, mesmo quando Sirius e o próprio Regulus mudaram. Mesmo quando Regulus passou a odiá-lo, ele sempre podia contar com isso. James não merece isso. O que Regulus odeia mais do que James é seu sofrimento.

"Eu matei Irene," Regulus confessa abruptamente, estendendo a mão para colocar o frasco de volta no bolso de James.

"Não," James responde imediatamente, e quando Regulus olha para ele, ele está balançando a cabeça. Ele instantaneamente não acredita. A visão faz Regulus sentir que poderia chorar.

"Sim, eu matei," Regulus rosna, e James olha para ele, olhando direto em seus olhos. Leva um momento, mas o rosto de James fica frouxo, e Regulus sabe que ele viu a verdade em seus olhos. "Foi — bem, foi um esforço conjunto entre mim, Mathias e Axus, eu suponho. Eu dei o golpe final. Mathias — ele não queria, ele estava mirando em Axus, mas atirou em Irene com sua besta. Axus estava lutando contra Irene, e ele a virou no tiro. Nós, hum, a levamos pela ponte, e é por isso que eu estava lá em vez de com você. Eu deveria estar com você, mas eu estava muito ocupado matando ela."

James balança a cabeça ligeiramente. "Eu não entendo. Você... Regulus, você nunca —"

"Ela me pediu. Ela estava com muita dor, James, e não havia chance dela sobreviver, então ela queria que fosse rápido para não ter que sofrer," explica Regulus, e a pele ao redor dos olhos de James ficam apertados. "Não sei se foi justo da parte dela me pedir, porque eu — eu ainda me sinto culpado."

"Você literalmente a tirou de seu sofrimento, Regulus," James diz suavemente, estendendo a mão para cobrir a mão de Regulus. Ele engancha seu dedo mindinho no de Regulus e acaricia a parte de trás do polegar de Regulus com o seu. "Foi uma gentileza. Se fosse você na situação dela, você não ficaria grato?"

"Talvez," é tudo que Regulus pode dizer, porque é difícil ver dessa forma quando ele ainda se lembra visceralmente da resistência do corpo de Irene quando ele enfiou sua adaga entre suas costelas.

"E Mathias?" James pergunta.

Regulus aperta os lábios em uma linha fina. "Consumido pela necessidade de vingança. Ele culpou Axus, sem dúvida, então assim que ouviu o canhão que significava que Irene tinha morrido, ele foi correndo atrás de Axus para — bem, eu tenho certeza que ele planejava matá-lo. Axus arrancou a ponte debaixo dele enquanto ele a atravessava. Era tarde demais para parar."

Crimson RiversOnde histórias criam vida. Descubra agora