Regulus se lembra da primeira - mas certamente não a última - vez que ele pensou que James era estúpido. Ele tinha treze anos e James tinha acabado de beijar uma garota na frente dele. Foi a primeira vez desde que ele tinha dez anos que ele pensou que James não era nada maravilhoso. Com um beijo em alguém que não era ele, Regulus se sentiu muito justificado em achar ele estúpido, na época.
Por cerca de uma semana, Regulus odiou James, na verdade. Encarava ele sempre que ele se aproximava, não que James notasse. Parou de falar com ele, não que James se importasse. Ele até chamou James de estúpido na cara dele em um acesso de raiva da puberdade, e tudo o que isso fez foi fazer James rir. Mas, por uma semana, James foi o garoto mais estúpido do mundo, na mente de Regulus, e ele odiou as entranhas dele com uma paixão ardente que rivalizava com o sol.
Então, é claro, James trouxe para ele uma flor que ele encontrou no chão, porque ele sabia que Regulus gostava de colocar flores entre as páginas de seus diários, e Regulus derreteu tão rápido que ser incendiado não poderia ter exposto ele mais rápido. James não quis dizer nada com isso, apenas um gesto estúpido de bondade que às vezes ele era propenso, geralmente sem qualquer aviso, mas Regulus caiu de volta em seus sentimentos como a ladeira escorregadia que já era.
James sempre foi aquela mistura irritante de maravilhoso e estúpido, desde que Regulus consegue se lembrar. Quando ele era muito jovem, dos dez aos treze anos, ele estava completamente cego por seus sentimentos para ver todas as partes estúpidas. Aos vinte e cinco, ele não tem mais esse problema.
"James, pela última vez, cale a boca," Regulus sibila, olhando para ele por cima do ombro. O idiota está fazendo beat-boxing. Eles estão no meio de uma arena da morte, e ele está fazendo beat-boxing. Regulus deveria ter matado ele.
"Desculpe," James diz timidamente, jogando seu machado de uma mão para a outra. "Eu só estou... ansioso. Nós realmente temos que fazer isso?"
"Sim."
"Mas -"
"James, nós temos que comer," Regulus interrompe com firmeza.
"Certo," James murmura, "Mas -"
"Shh," Regulus se cala bruscamente, estendendo a mão para trás para agarrar o braço de James para puxá-lo para baixo e se agachar. Como previsto, a espera valeu a pena, e lá está ele - um pequeno veado se aproximando da beira do pequeno riacho. Pode ser uma corça, ou um cervo.
Lentamente, Regulus se move para se levantar, levantando a mão enquanto inspira. Assim que ele expira, preparando-se para lançar sua adaga para frente, uma mão pega seu pulso e James sussurra, "Espere. Reg, espere, olhe. São - eles são uma família."
Com certeza, uma corça sai rastejando dos arbustos para se juntar ao que é claramente um cervo, seus narizes pretos se encontrando por um momento como algo saído de um filme infantil saudável. Regulus vira a cabeça para encarar James, que está olhando para ele com grandes olhos castanhos e cílios estupidamente longos.
"James," Regulus avisa baixinho.
"Regulus, é um bebê. Um bebêzinho com sua mãe." Os olhos de James ficam mais suplicantes, e ele soa tão, tão triste.
"Nós temos que comer."
"Eu - eu sei, mas... é um bebê. Eles só querem um pouco de água. Pare com isso, nós temos as frutas que eu mostrei para você."
"Nós precisamos de proteína, e você sabe disso," Regulus diz suavemente.
James faz um pequeno som. "Nós temos aquela carne seca, não temos? Nós podemos - nós vamos comer isso, e a pequena família pode continuar, sim? Por favor? Regulus, é um bebêzinho."
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Crimson Rivers
FanfictionRegulus Black tinha quinze anos na primeira vez que seu nome foi chamado em uma colheita. Ele tem vinte e cinco anos quando isso acontece com ele novamente. Muita coisa mudou nesse tempo, e uma delas é que ele está pronto para fazer o que for precis...