Crimson Rivers

Harmony

Remus assiste com uma vaga diversão enquanto Lily se pressiona atrás de Pandora e desliza os braços para fora para reajustar o controle de Pandora sobre a arma, murmurando em seu ouvido. Há um aceno lento, então Pandora vira a cabeça e sorri, visivelmente alheia ao fato de que está sendo paquerada. Lily está flertando com Pandora há alguns dias, desde que ela veio até ele sobre aparentemente precisar fazer sexo, e tudo o que Remus a viu ter sucesso em fazer foi se tornar amiga de Pandora.

Pandora, desde a missão de escapar da Relíquia, passou a treinar. Ela treina muito hoje em dia, mantendo-se ocupada, brigando com Dorcas, ou deixando Lily ensiná-la sobre armas, e quando nenhuma delas está disponível, é Rodolphus. Ela geralmente vai até ele por eficiência, pensa Remus, porque sabe que Rodolphus dirá sim e a satisfará abandonando imediatamente o que ele está fazendo para ir com ela; ele aparentemente já fez isso vezes suficientes para que ela tivesse certeza disso agora, ou assim disse Pandora. Ela contou tudo isso a Remus com o ar de uma mulher totalmente sem noção do porquê era assim. Remus poderia dizer a ela, mas honestamente, é meio divertido de assistir, e a última coisa que Pandora precisa é de mais alguma para se preocupar além de seus amigos e também de seu pai. Rodolphus é respeitoso e parece genuinamente gostar dela como amiga mesmo fora do flerte, o que é principalmente a única razão pela qual o Remus não desconfia muito da coisa toda.

Além disso, Pandora é uma mulher adulta. Ela consegue se virar. Claro, ela é a alma mais gentil que Remus conheceu, mas até mesmo a bondade pode cortar se for afiada - e aqui está Pandora, parecendo amarrada e determinada a dar a si mesma uma vantagem que alguém poderia cortar. Ela quer estar preparada, pensa Remus, e quer se distrair de estar tão assustada. Ele entende, e acalma algo nele ver que, não importa o que aconteça, ela está fazendo muitos amigos aqui, pessoas que a tratam bem. Isso inclui Lily, mesmo que Lily finja ser tudo sobre sexo. Olhe para ela ali, fazendo Pandora rir e lutando para esconder o sorriso suave em seu próprio rosto.

Alguns minutos depois, Lily está caminhando até ele, coçando a cabeça e parecendo infeliz. "Acho que perdi o dom."

"Não vai bem?" Remus pergunta.

"Ela gosta de mim. Acha que sou gentil, por algum motivo."

"Você é gentil."

"Na verdade, não", diz Lily com um suspiro, cruzando os braços e encostada na parede ao lado dele. "Não como eu costumava ser, em qualquer caso. Talvez eu devesse apenas tentar uma abordagem mais direta."

Remus a encara por um longo momento, depois murmura: "Por que você não é gentil como costumava ser?"

Lily faz uma pausa, com o rosto contraído. Ela continua olhando para Pandora quando ela responde com firmeza: "Você morreu".

Isso fica entre eles, pesado. Remus desvia o olhar e não diz nada. Ele não sabe o que dizer. Já se passaram dias disso. Dias e dias deles pairando em órbita um ao redor do outro e deixando de falar, não conseguindo se conectar, não conseguindo voltar à facilidade do que já foram. Remus quer tanto que está genuinamente apavorado de ir atrás por medo de descobrir que foi embora permanentemente.

Tudo o que ela fez foi dar um tapa nele, na verdade. Ela ainda anda, fala e age como costumava, mas não parece a mesma. Remus passou seis anos sentindo falta dela, e ele ainda sente que está sentindo falta dela, porque, na realidade, ele está. A Lily que ele conhecia não é a Lily que está ao seu lado agora.

Ela está tão diferente agora. Mais áspera e mais dura. Irreverente, como nada e ninguém neste mundo pode tocá-la. Mas, por baixo de tudo, Remus vê o que está lá. Vê o quanto ela se importa e ama, tanto que isso a dilacera, tanto que ela mal consegue aceitar.

A questão é. Bem, a questão é que ela ainda é Lily no final do dia, ainda sua melhor amiga, não importa as mudanças pelas quais ela tenha passado. Ele também passou por muita coisa, mas sabe que ainda é ele mesmo.