Capítulo 14

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Malina Castilho

Ao acordar, percebi que o tempo havia mudado drasticamente. A neve caía suavemente do céu, cobrindo a paisagem com um manto branco. Após escovar os dentes e escolher uma roupa confortável de ginástica, saí do meu quarto e me deparei com Lunin parado na porta.

— Bom dia, Malina. Como está se sentindo hoje? - Ele perguntou com um sorriso gentil.

— Bom dia, Lunin. Estou bem, obrigada. Parece que teremos um dia bem gelado pela frente. - Respondi, observando as primeiras luzes do dia refletindo na neve lá fora.

Juntos, caminhamos em direção à sala de jantar para tomar o café da manhã. Ao chegarmos lá, encontramos Lucien, visivelmente mal-humorado, mexendo em seu celular com uma expressão fechada no rosto.

— Bom dia, Lucien. - Cumprimentei, tentando não me deixar abalar pelo clima tenso que pairava sobre ele.

Ele apenas resmungou um breve "bom dia" em resposta, sem levantar os olhos do celular.

Observar Lucien naquela manhã, mergulhado em seu próprio mundo sombrio, despertou em mim uma reflexão sobre sua volatilidade. Era como se estivesse sempre flutuando entre diferentes estados de humor, podendo oscilar de um momento para o outro, como uma tempestade imprevisível. Era exaustivo lidar com alguém tão imprevisível, alguém cujo humor parecia governar suas interações com o mundo ao seu redor. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não podia me deixar abater por isso. Teria que aprender a navegar pelas águas turbulentas de suas emoções, se quisesse sobreviver nesse universo tão instável em que estava presa.

Enquanto me sentava à mesa, dei uma olhada rápida em meu café da manhã. Havia uma xícara de café fumegante à minha frente, emanando um aroma reconfortante que me aquecia por dentro. Ao lado, um prato de frutas frescas, com morangos vermelhos e suculentos, pedaços de melancia e fatias de melão dourado. Peguei uma torrada crocante e espalhei uma generosa camada de geleia de framboesa sobre ela, saboreando cada mordida com prazer.

Após um café da manhã tenso, Lucien se levanta abruptamente, arrastando a cadeira e causando um barulho que ecoa pela sala. Eu suspiro, observando-o sair, e murmuro para mim mesma:

— O humor dele está pior do que o meu, e sou eu quem está presa nesta casa.

— O chefe está assim mesmo, soturno. Mas talvez seja melhor que a senhorita se distraia com outras coisas — Lunin disse, tentando parecer reconfortante.

Aproveitei a deixa para perguntar sobre Clay. Já fazia um tempo que não o via pela mansão, e isso me deixava curiosa. Porém, Lunin pareceu ficar nervoso com minha pergunta, como se estivesse escondendo algo.

— Clay? Bem, isso não é da sua conta, senhorita — ele respondeu, evasivo.

Aquela resposta só aumentou minha curiosidade.

Eu insisti com Lunin, sentindo a necessidade de saber mais sobre Clay. Era como se houvesse algo importante que eu precisava descobrir.

— Por favor, Lunin, você tem que me contar. Onde está Clay? Por que ele não está mais aqui? — implorei, tentando encontrar alguma pista nas expressões dele.

Lunin pareceu desconfortável, como se estivesse lutando internamente para decidir o que dizer.

— Desculpe, senhorita, mas não posso falar sobre isso. Se realmente quer saber, deve perguntar diretamente ao chefe, a Lucien — respondeu ele, firme em sua decisão.

Eu respirei fundo antes de falar com Lunin, sentindo a tensão no ar enquanto eu abordava o assunto delicado.

— Lunin, desde o incidente com Clay, tenho notado que ele não está mais na mansão. Eu não ousei perguntar a Lucien sobre isso, porque temo o que ele poderia dizer. Afinal, a ordem para a agressão que sofri veio dele. — Expliquei, minhas palavras pesando com a gravidade da situação.

Senhor Mafioso - Série Senhores - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora