Capítulo 3

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Havia aspectos da minha vida que escapavam ao meu controle, e esta situação certamente se enquadrava nessa categoria. Ao chegar em minha mansão, deparei-me com vários homens do lado de fora. O motorista estacionou um pouco antes e abriu a porta para que eu saísse. Ninguém havia me explicado o que estava acontecendo, mas eu já pressentia que algo estava prestes a se desenrolar. Tirei um cigarro do maço e acendi. Ao me aproximar do portão, notei algo no chão - uma sacola preta.

— Senhor... — Oliver começou a dizer, mas então respirou fundo e continuou: — O menino Leon foi deixado aqui na porta. Uma van preta passou, abriu a porta e o dispensou.

Com calma, aproximei-me do corpo coberto.

— Descubra. — Ordenei.

Assim que um dos homens o fez, dei um longo trago. Poucas coisas na vida eu havia falhado, ou melhor, falhei em duas coisas: em proteger minha mãe e em proteger este menino. Eu não era um homem capaz de amar, longe disso; era um sentimento que nunca senti, mas eu tinha lealdade e vi em Leon aquilo que um dia eu fui. Uma pessoa abandonada, que eu salvei da miséria após a morte de sua mãe drogada, uma morte que a minha droga causou - overdose. O menino Leon, a quem intitulei de filho para ser meu herdeiro, jazia no chão morto, com perfurações de bala.

— Acho que...

— Você não deve achar nada, Oliver — interrompi. Virei-me em sua direção e saquei minha arma. — Você não cumpriu sua missão; permitiu que fizessem isso com uma criança.

— Lúcifer... — ele não pôde terminar de falar, pois ergui minha arma e apertei duas vezes o gatilho. Dois tiros acertaram em cheio no peito, e ouvi o som de seu corpo tombando no chão. Os demais homens permaneceram em silêncio.

— Tik tak, tik tak. — Sussurrei. — Sua hora acabou

Guardei minha amar, fechei o meu blazer e pulei o corpo de Leon, me dirigindo para dentro dos portões da propriedade. Para minha surpresa, P. J. se encontrava dentro do meu escritório, me esperando.

— Vejo que já soube da notícia. Sinto muito pela criança. — Não respondi, peguei um copo e servi uma boa dose de uísque.

— Acontece, pessoas vem e vão. — sento na poltrona ao lado dele.

— Estamos falando do seu herdeiro, seu legatário. Tudo bem sentir alguma coisa. — Olhei para a roupa social de P.J. pensando aonde ele tinha comprado aquela gravata tão feia, antes de dizer:

— Pessoas como eu não sentem. Mafiosos se vigam. El Pecador teve seu destino traçado, ele me tirou algo e eu vou tirar algo dele.

— Gostou do presente que eu deixei pra você? — ele sorriu malicioso.

— Bom rabo, acho que ele vai perder a pequena filha. Vamos ver quanto tempo vou levar antes de mata-la e deixar seu corpo jogado em sua propriedade.

— Tudo tem um propósito, talvez fosse o destino dela te pertencer. — Não consegui segurar a risada.

— Você acha mesmo que o destino de alguém seja encontrar o meu? Coitada desta pessoa. — Tomei um gole da bebida, deixando o álcool queimar minha garganta.

— Bom, eu sei que ela já está no apartamento dela, amanhã mesmo vou mudar para uma de nossas coberturas, próximo da faculdade e então nossos guardas manterão o controle sobre ela.

— Ótimo, vou pensar no que vou fazer com ela ainda.

Uma semana após a morte de Leon, após uma noite de sono prolongada, sentei-me à mesa vazia de minha mansão. Os empregados prepararam uma série de pratos, destinados a apenas um homem se alimentar.

Senhor Mafioso - Série Senhores - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora