Todos nós temos aquele dia.
Aquele dia em que o ar faltou em nossos pulmões e que respirações se tornaram um peso no peito. Aquele dia em que o chão pareceu cair bem abaixo de nossos pés, levando consigo tudo que restava ou oque nos prendia firmemente pra não cair. Aquele dia em que verdade se tornou um fardo e memórias se tornaram realidade distantes e incertas.
E também é o dia em que deixamos tudo pra trás, implorando todos os dias pra realmente esquecer e se tornar mais forte. Tentando convencer a própria mente de que seguir em frente em todas as hipóteses é a melhor coisa. E esse dia é aquele que se torna memorável de todas as formas.
E esse dia chegou para mim.
Durante a viagem de avião e o percurso demorado do Brasil até Nova York, me vi olhando a janela frequentemente e repetindo meu nome mentalmente várias vezes. Meu nome é Amberly. Meu nome é Amberly. Meu nome é Amberly!! Era uma tentativa estupida de tentar me acalmar e me convencer de que assim como o meu nome é algo concreto que eu sei, as minhas atitudes são coisas concretas a qual eu preciso lidar.
Nasci no Brasil, sou brasileira e desde muito nova sabia das minhas obrigações e que oportunidades boas viriam a frente ao longo dos meus esforços. Sempre fui encantada por a profissão de direito e me formei e depois de muito tempo lutando por uma chance quase deixei ela passar. Recentemente, surgiu uma oportunidade perfeita de faculdade e uma bolsa magnífica. Era a minha vez de correr atrás do meu sonho e agarrar ele com força.
Eu jamais cogitaria a possibilidade de esquecer quem eu sou e deixar me influenciar novamente por coisas a qual senti. Esse pensamento pareceu tão forte que ouvi o som de notificação e abri pra conferir e vi coisas a qual fez meu coração se envoltar em dor.
E lá estava aquele sentimento de dúvida misturado com certeza e toda aquela comparação idiota. Me pergunto se sou só eu que já olhei pra alguém e fiquei pensando: como eu posso não ser assim?
Não era nem sobre a garota, mais sobre oque eu passei. E sinto que aquilo veio como um sinal. Tinha que me afastar de qualquer coisa que lembrasse ele. Eu estava prestes a clicar no botão de não seguir quando aquele instito curioso surgiu e disse que eu poderia deixar pra depois. Um erro. Larguei o celular e voltei a me concentrar na viagem.Quando finalmente coloquei meus pés na tão sonhadas Nova York, eu conseguia ouvir aquele refrão mágico em minha cabeça de uma das músicas mais sensacionais. Fechei meus olhos e tomei ar com muito gosto. Logo em seguida adentrei o aeroporto com um misto de saudade, emoção e alegria por poder rever figuras tão importantes pra mim.
Tia Lauren e Alicia estavam a minha espera com o um cartaz que confortavelmente dizia: Bem vinda a Nova York. Fiquei ainda mais contente em ver que estava escrito em português, nossa língua materna e que eu sabia que a partir de agora teria que me adaptar a usar só o inglês. O bom é que sou fluente.
— Tia Lauren, Alicia!! — agarrei as duas em um abraço tão apertado que meu coração se aqueceu com o calor delas.
— Seja bem vinda, Amberly! — Disse tia Lauren com alegria.
— Preparada pra Nova York? — Alicia perguntou
— Descobriremos em breve.
Saímos nós três conversando animadamente sobre tudo e adentramos o carro cheias de empolgação, novidades e várias fofocas. Todas três extasiadas. Outra notificado surgiu no meu celular e meu coração quase disparou ao ver de quem era.
Um misto de ciúmes, tristeza e toda aquela emoção embaralhada novamente surgiu. Já não bastava me trair e me humilhar publicamente, de repente vejo ele fazer tudo que eu sempre quiz com ela. Aquela era um dor horrível, anestesiante. De repente sinto que 4 anos de namoro não foram nada pra alguém que me usou apenas pra carência própria.
— De novo esse traste?
Perguntou Alicia com o tom cansativo, nem percebi que a loira estava olhando meu celular junto comigo.
— Não sei qual a dificuldade de superar, ele é feio, não te tratava bem e ainda te traiu. — Jogou ela
— Obrigada por me lembrar — falei irônica
— É pra isso que as primas servem — ela sorriu — Aliás, sorri garota!! Você esta em Nova York e um lugar cheio de gatinhos.
Revirei os olhos pro comentário.
—Não vim pra namorar, vim pra estudar. — garanti — Depois de tudo que o Levy me fez passar...
Minha garganta fechou só de lembrar. Mais era isso. Eu tava no país das oportunidades, cheia de sonhos e metas. Agora só é correr atrás de tudo que me vem pela a frente e me desprender desse passado. Me desprender do que deixei pra trás, assim como o Levy, futebol era algo a qual eu nem queria ouvir sobre.
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Placar do amor
RomanceAmberly corre atrás dos seus sonhos em outro país deixando o passado pra atrás e ainda frustada com o término e a traição do ex que ficou no Brasil. A garota se vê focada e decidida a esquecer tudo que lembre o ex, inclusive futebol e agora se fixar...