Bracelet • YoonSeok/Sope

Capítulo Um

I used to have you, now I have this bracelet... [Bracelet, LAUV]

Eu sinceramente achei que iria conseguir desta vez.

Diferentemente de todas as outras vezes, de todas as outras férias de verão em que eu tentei convencer os meus pais a não viajar com eles, desta vez ambos hesitaram um pouco antes de me dar a sua resposta. Mas, provavelmente, eles só estavam tentando me iludir com a leve esperança de ficar em casa nestas férias de verão, já que eles, no fim das contas, me responderam a mesma coisa de todas as outras vezes: "A viagem só é em família se você estiver conosco, Yoongi!".

Então, me sentindo novamente derrotado assim como em todos esses últimos anos, subi as escadas de casa pisando duro e resmungando, tendo o desprazer de encontrar a minha irmã no meio do caminho, já que ela está se pendurando no corrimão da escada como se essa fosse a coisa mais normal do mundo de se fazer.

— Yoonie, você tá com aquela cara emburrada de novo — ela comenta, claramente para me fazer perder a paciência, como sempre. — Você sabe que vai ficar cheio de rugas quando for mais velho por ficar fazendo caretas como essa daí, né?

— É a única cara que eu tenho, Yuna... — resmungo, passando por ela e continuando o caminho até o meu quarto. — Eu nasci com ela, você quer que eu faça o quê? Nasça de novo?

— Mas por que você não tenta sorrir um pouco mais? Eu já vi fotos suas de quando era criança e estava sorrindo nelas! Você fica bem menos assustador quando sorri!

Paro de andar e viro o rosto na direção da minha irmã, vendo ela ainda se pendurando de um lado para o outro no corrimão da escada como se realmente não fosse algo nem um pouco arriscado de se fazer. Assim que ela volta a olhar para mim, me esforço ao máximo para sorrir para ela, mas só o que consigo é fazer Yuna ficar com uma careta e reclamar:

— Assim não, Yoonie! Você ficou ainda mais assustador do que já estava antes sorrindo desse jeito, todo forçado!

— Mas eu só sei sorrir assim, caramba! Aliás, desde quando existe um jeito "certo" de sorrir, hein?!

— Você tá forçando o sorriso, Yoonie. É isso que tá errado... — ela resmunga, descendo a escada pelo próprio corrimão mesmo até o andar de baixo, finalmente me deixando em paz para continuar o meu caminho até o segundo andar de casa.

Fecho a porta do meu quarto assim que entro no cômodo e me estico todo para conseguir pegar a mala que está na parte mais alta do meu armário. Como nós vamos sair na tarde do dia seguinte, preciso começar a arrumar a minha mala logo se não quiser ficar sem alguma coisa importante durante essa viagem. Então, suspirando por precisar fazer isso contra a minha vontade, me forço a pegar algumas roupas mais leves no meu armário, já que, com toda a certeza, eu não vou precisar de roupas que sejam de frio. A cidade para qual vamos todos os anos, Jeju, é mais quente do que a cidade onde moro, ainda mais nessa época do ano.

Desde que me entendo por gente, e até mesmo antes disso, eu e a minha família viajamos durante as férias de verão para essa cidade com o intuito de visitar amigos dos meus pais que moram lá, além de, obviamente, curtir todas as paisagens naturais e tudo mais que aquele lugar tem a oferecer, o que, inclusive, não é pouco. Só tem um pequeno problema nisso tudo: já tem alguns anos que eu não me sinto mais tão empolgado assim com a ideia de voltar para aquela cidade, e os meus pais ou ignoram totalmente esse fato ou realmente não notam isso. E, sinceramente, eu consigo entender perfeitamente o lado deles. Eu também sentiria que algo estaria faltando se viajasse pra província de Jeju sem a chata da minha irmã, por exemplo, ou sem um dos dois, já que o intuito da viagem é, justamente, curtir e estar em família. Isso já virou uma tradição nossa, algo que fazemos todos os anos juntos e que os meus pais já faziam entre eles antes mesmo de eu nascer. Mas eu não consigo não ficar incomodado ao sentir que talvez eles não se importem de verdade com o meu desconforto em viajar para lá. A sensação que passa é a de que apenas eu me lembro do que aconteceu naquela ilha anos atrás, de que apenas eu ainda continuo sentindo coisas ruins ao pensar e, principalmente, estar naquela cidade...