Capítulo Trinta e Cinco

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I run to the place where you are... [Run To You, LUCY]

Aos 23 anos de idade, julguei conhecer a sensação de as horas do dia parecerem não passar quando estou me sentindo ansioso com alguma coisa. Mas logo descobri que eu, na verdade, ainda não conhecia essa sensação. Ou, ao menos, não com a intensidade que passei a conhecer hoje.

O voo de Daegu para Jeju durou pouco mais de uma hora, mas já foi tempo o suficiente para que eu quase começasse a surtar dentro do avião de tanta ansiedade. As únicas coisas que conseguiam me acalmar um pouco eram a pulseira verde com pingentes de notas musicais em meu pulso e o ursinho caramelo de pelúcia em meu colo, porque eles me lembravam que estava cada vez mais perto de finalmente me reencontrar com Jung Hoseok.

Mas essa calmaria durava apenas alguns poucos instantes, pois logo voltava a me sentir ansioso de novo justamente pelo fato de que estava cada vez mais perto de vê-lo novamente depois de quase quatro meses.

Depois de conversarmos muito, eu e ele chegamos em um consenso de quais dias seriam os melhores para passarmos o máximo de tempo possível juntos, considerando tanto a rotina de cada um de nós em suas próprias faculdades quanto os horários de trabalho também. No fim das contas, tanto eu quanto ele conseguimos pedir dois dias de folga do trabalho, sendo eles as noites de sexta-feira e de sábado, tendo o dia de domingo livre para que pudéssemos passar mais essas horas juntos. A única coisa que não conseguimos evitar foi voltar à rotina normal de cada um na segunda-feira, que será o dia que irei embarcar de volta para Daegu.

Durante o período da tarde, comecei a me sentir extremamente ansioso com o que estava prestes a acontecer, tanto que acabei saindo da última aula que estava tendo na faculdade porque não conseguia mais suportar a ideia de estar ali em vez de estar no meu quarto em casa conferindo se peguei tudo o que precisava para a viagem que faria dali pouquíssimas horas. E quando a hora de ir para o aeroporto de Daegu finalmente chegou, me despedi dos meus pais e da minha irmã com um misto de sensações: estranhamento por estar prestes a viajar sozinho pela primeira vez, sem estar acompanhado de nenhum deles; saudade antecipada, já que ficaria alguns dias em Jeju, longe de casa; e também a ansiedade que esteve presente comigo ao longo do dia todo. E isso não passou despercebido por nenhum deles, já que a minha irmã comentou antes que eu pudesse sair de casa para ir até o carro do meu pai, que me levaria até o aeroporto:

— Yoonie, você está tão aéreo! Tem certeza de que não se esqueceu de nada?

— Tenho sim, Yuna. Eu devo ter conferido tudo umas dez vezes entre ontem e hoje, é impossível ter esquecido de algo...

— Se você diz... — ela comentou, parecendo meio indiferente, porém consegui perceber por seu tom de voz que ela estava sim preocupada comigo, o que quase me fez sorrir na hora. Quase, porque ela se aproximou um pouco mais de mim e me deu um soquinho no ombro, continuando a falar como se estivesse ralhando comigo: — Por falar em se esquecer das coisas, vê se não esquece de dar um "oi" pro Minie e pro Hoseok por mim, entendeu?

— Eu não vou me esquecer disso, tamp... Yuna — me corrigi rapidamente ao perceber que estava prestes a chamar ela de "tampinha" de novo por força do hábito, já que estou tentando parar de chamar a minha irmã assim pra que ela não se sinta mais desconfortável com isso. Em seguida, ergui a minha mão livre para bagunçar o seu cabelo, dizendo a ela por fim: — Cuide bem da mamãe e do papai por aqui. E não se esqueça de ir me mandando notícias também, por favor.

Apesar de ter ficado sem graça por eu ter bagunçado o seu cabelo, ela ainda assim assentiu com a cabeça antes de se despedir de mim mais uma vez, me deixando livre para ir até o carro do meu pai, que já estava me esperando sentado no banco do motorista. Acenei para Yuna e para a minha mãe quando saímos com o carro do terreno de casa, me sentindo realmente um pouco estranho por estar fazendo algo assim sozinho. A despedida do meu pai no aeroporto também foi bem rápida porque o meu voo já estava sendo chamado assim que cheguei ali, e por isso acabei entrando no avião ainda com essa sensação esquisita de apreensão e estranhamento por estar prestes a viajar sem a minha família pela primeira vez na vida.

Bracelet • YoonSeok/SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora