Capítulo Sete

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I hold on to memories I'd like to keep fresh... [Anytime Anywhere, milet]

A parte da bebida até que rolou bem pra mim, mas a parte de "dançar até não poder mais" já foi um completo desastre. Eu até tentei dançar uma ou duas músicas bem no meio da pista com Park Jimin, mas a verdade é que eu nunca gostei muito dessas coisas. É muita gente reunida em um espaço tão pequeno, chegando a ser sufocante ficar ali no meio. Parece até que ali, bem no centro da pista e de frente pra mesa de som do DJ, vira um espaço onde pessoas se reúnem pra testar se aquela lei da física que diz que "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço" realmente é válida. E, considerando tudo o que vi nas poucas duas músicas em que tentei ficar ali no meio da galera, julgo que essa lei pode estar mesmo equivocada.

Logo, tive que abandonar a ideia de "dançar até não poder mais" com Jimin e me afastar da pista, andando até os banquinhos mais próximos do bar e deixando o meu amigo ali no meio dançando com uma dupla de amigos que ele encontrou por acaso aqui na boate. Por já ter tomado três bebidas com vodka e ter uma tolerância a álcool muito semelhante a de um adolescente que nunca bebeu na vida, ele já está bem mais solto do que quando chegamos, sorrindo pra todo mundo e até mesmo jogando charme pra algumas pessoas que correspondem ao seu olhar sapeca. E, eu não vou mentir, estou um pouco aliviado que Jimin esteja assim, parecendo se divertir mesmo que seja apenas por estar bêbado. Isso não é tanto um problema, afinal de contas eu não planejo beber tanto assim e, de qualquer forma, tenho uma boa tolerância ao álcool, o que me permite cuidar dele quando Jimin não conseguir mais nem andar três passos seguidos sem acabar tropeçando.

O motivo de estar me sentindo mais aliviado agora ao ver ele dançando e se divertindo assim na pista de dança, na verdade, está diretamente relacionado ao motivo de não querer que ele visse as minhas lágrimas antes de entrarmos aqui na boate: culpa. Eu não sei exatamente há quanto tempo Jimin começou a ter esses sentimentos por mim, já que ele nunca nem mesmo se declarou de fato, apesar de não ter negado também em todas as vezes em que o questionei sobre esse assunto. Porém me lembro que desde a infância ele me olhava de um jeito diferente, como não olhava para nenhuma outra pessoa. Quando era mais novo, pensava que ele me via como o irmão mais velho que ele sempre quis ter, então meio que acabei "assumindo" essa função e, até hoje, o vejo como o meu segundo irmãozinho mais novo, da mesma forma que vejo Yuna como minha irmã mais nova.

Mas, conforme fomos crescendo, fui notando que, cada vez mais, os sentimentos de Jimin e a forma como ele me enxergava foram mudando até chegar no nível em que estamos agora, em que consigo identificar facilmente que ele está apaixonado por mim. A culpa que estou sentindo entra justamente aí: eu ter assumido essa função de "irmão mais velho" dele sem ninguém ter me pedido pra fazer isso. Sim, eu sempre agi de forma natural ao protegê-lo, ao lhe dar carinho e amor e ao ensinar tudo o que eu sabia, mas a verdade é que, talvez, se eu não tivesse agido dessa forma, ele não teria confundido os seus próprios sentimentos.

Só que também há, claro, o outro lado da moeda. Talvez, se eu não tivesse assumido esse papel de irmão mais velho e, consequentemente, não tivesse criado esses sentimentos de que ele é o meu irmãozinho mais novo que preciso sempre proteger, eu estaria sentindo a mesma coisa que ele agora. E talvez assim eu pudesse corresponder aos sentimentos dele, ou talvez ele não estivesse sofrendo tanto quanto eu sei que está agora por minha causa, porque eu nunca consegui corresponder a esses sentimentos dele.

Por estar tão perdido em pensamentos e ainda encarando Jimin, que segue dançando no meio da pista, não noto que alguém estava se aproximando de mim até essa pessoa cutucar o meu ombro e dizer:

— Veja só, se não é o cara que vive chamando os outros de "imbecil" por aí!

Ao olhar para o lado, na direção da pessoa que se sentou no banquinho logo ao lado do meu, acabo arregalando os olhos. Logo de cara, reconheço o surfista de antes, Jung Hoseok, o mesmo que esbarrou em mim no dia anterior e que conversou comigo hoje mais cedo. Mas a minha surpresa nem é tanto por encontrá-lo aqui, já que essa boate, apesar de pequena, é bem famosa aqui em Jeju. Na verdade, a minha surpresa está toda no fato de que esse cara na minha frente parece estar ainda mais bêbado do que Park Jimin, mesmo que isso pareça praticamente impossível de acontecer.

Bracelet • YoonSeok/SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora