A destruction created by deep love... [Save me, Kill me; CIX]
Pior ainda do que se sentir sufocado no mar de Jeju é ter a sensação de que a sua vida está por um fio. Essa sensação é tão terrível que nem vale a pena tentar explicar. O vazio e a escuridão te confortam de um jeito ruim, fazendo o impossível ser possível de algum jeito. E, talvez por isso, me senti tão aliviado quando, do nada, uma dor muito forte surgiu, já que não fazia a menor ideia de quanto tempo havia passado desde o momento em que deixei de sentir qualquer coisa. Eu nem mesmo sabia dizer de onde estava vindo toda aquela dor, ou até onde estava doendo exatamente. Eu só sentia algo doer, mesmo que não sentisse nenhuma outra coisa.
Depois de algum tempo, que eu também não consegui dizer quanto exatamente, consegui ouvir ruídos estranhos, hora baixos e hora altos demais para conseguir sequer suportar. A dor apenas aumentava cada vez mais conforme esses sons iam ficando em um tom uniforme e mais aceitável, e foi nesse momento que comecei a ter consciência de algumas coisas.
Espera... Eu não deveria estar me afogando...?
De repente, sinto algo ser expulso de mim com violência e muita força, me fazendo sentir ainda mais dor, e é neste instante que consigo dizer exatamente qual parte do meu corpo está doendo. Aliás, quais partes, no plural mesmo, pois sinto o meu abdômen, o meu peito e a minha cabeça doerem tanto a ponto de me fazer sentir ânsia. Aos poucos, percebo que o que estava sendo expulso de mim com violência era a água do mar, e por isso também passei a sentir a minha garganta arder tanto como se estivesse, na verdade, pegando fogo. E, conforme essas sensações vão se organizando, eu também consigo distinguir melhor os ruídos que estava ouvindo antes:
— Yoongi!
Acabo tossindo ainda mais água, sabendo que o meu corpo está agindo muito mais por reflexo do que por controle meu, pois eu ainda não conseguiria controlar nem sequer um dedo meu com essa dor toda que estou sentindo agora. Porém sinto as minhas sobrancelhas ficarem franzidas no momento em que os meus olhos começam a se abrir, vendo, inicialmente, apenas um vulto muito claro que incomoda a minha visão.
— Yoongi?! Oh, céus, você acordou! Você acordou!
Franzo as sobrancelhas novamente ao escutar soluços realmente altos e aquela mesma voz que ouvi antes me chamando. É estranho, pois eu conheço essa voz tão bem, mas não consigo me lembrar de quem é o dono dela... Os meus olhos tentam se abrir de novo, e dessa vez o vulto que enxergo não é mais tão brilhante assim, o que me permite piscar os olhos até o momento em que a minha visão se ajusta à claridade que estava me incomodando tanto antes.
Quando vejo, ainda meio embaçado, um rosto me encarando, por uma fração de segundo eu não consigo reconhecer a pessoa que estou olhando agora, e essa fração de segundo é assustadora, pois sei que deveria reconhecer essa pessoa. Mas, logo que me lembro quem é a pessoa que estou encarando agora, as memórias que tenho dela surgem em minha mente de forma rápida e precisa, como peças de um quebra-cabeça que, por algum motivo, desmontou depois de ter ficado inconsciente no mar de Jeju.
— Yoon... C-Céus... — escuto Jung Hoseok tentar me dizer, realmente aos prantos. O seu cabelo está encharcado, e as gotas dele, assim como as lágrimas de seus olhos, estão caindo e pingando em meu rosto. Pisco os meus olhos lentamente, ainda sem o controle total do meu corpo por causa da dor intensa que estou sentindo, encarando o rosto de Hoseok ainda com certa surpresa. — E-Eu... Por um momento, eu achei que n-não ia conseguir... Te salvar...
Mesmo com toda a dor que está atravessando o meu corpo, consigo sentir ele me abraçar, tão forte que o pouco oxigênio que tinha conseguido entrar em meus pulmões nesses últimos segundos quase se esvai. Os meus olhos ainda estão tão pesados que sinto vontade de fechá-los novamente, de me entregar a um descanso que o meu corpo realmente está precisando neste momento, porém os soluços desesperados de Hoseok não me deixam fazer isso.
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Bracelet • YoonSeok/Sope
Fanfiction[CONCLUÍDA] Min Yoongi, um jovem de 22 anos que dificilmente sorri e com uma personalidade não muito agradável, já cansou de pensar em desculpas para não viajar com a própria família no verão. Todo ano, a família Min viaja para a província de Jeju c...