O pequeno ferreiro chegou em casa fazendo o máximo de silêncio possível, pois estava ciente de que já se passavam das altas horas da noite e não gostaria de chamar a atenção de Kanamori sabendo da inevitável bronca.
Girou a maçaneta com cuidado, logo abrindo a porta vagarosamente vendo o completo breu. Ao espiar dentro da casa com cautela passou ligeiro para dentro, rapidamente fechando a porta atrás de si suspirando aliviado ao pensar que estava só.
Mas foi apenas dar alguns passos para frente que teve o espanto com uma candeia na parede que fora acesa, clareando minimamente o local. Era o mais velho que apesar de estar utilizando sua máscara era eminente que não estava feliz.
Um espasmo de susto percorreu o corpo do garoto que recuou um passo, com a mão sobre o peito para não emitir nenhum ruído alto.
- Kotetsu onde estava? Você tem ideia do quanto fiquei preocupado te esperando?! - disse o outro, cruzamento os braços afim de escutar uma boa explicação.
- Eu.... Err... - Abaixou a cabeça, pois não tinha argumentos contra Kanamori, e muito menos poderia contar onde estava.
- Vamos Kotetsu, estou esperando. Por que voltou somente agora? e.... O que aconteceu com sua máscara?! - perguntou um tanto aflito e assustado, ao reparar na máscara quebrada revelando um dos olhos do menor.
O mesmo gaguejou palavras inaudíveis, enquanto com uma das mãos tapava o buraco em frente a sua face, havia esquecido que tinha quebrado e agora o que dirá?
- Eu? Eu caí no caminho para casa - falou rápido e sem tremer a voz, afim de conseguir a aprovação de Kanamori.
- E onde estava? Você sabe que não gosto que fique até altas horas por aí! - insistiu em conseguir sua resposta.
- Desculpe-me senhor Kanamori, não irá se repetir - curvou-se como pedido de perdão, arrancando um suspiro do mais velho que endireitou seus cabelos para trás, é difícil cuidar de jovens adolescentes.
- Estou vendo que não quer me contar onde estava.... Perdão Kotetsu, você sabe que não gosto de fazer isso, porém não tenho outra opção... Está de castigo! - disse cruzando novamente os braços.
- O que?! Por que?! - reclamou.
- Você está agindo estranho nestes últimos dias e não me fala o que acontece, sei que esconde algo e fico preocupado com o que seja, ainda mais chegando este horário de sabe lá onde. Amanhã é do trabalho para casa, e não terá permissão para sair - falou firme, o mais velho se preocupava com o menor como se fosse seu filho e nunca se perdoaria se algo ruim acontecesse com o mesmo.
No entanto, o garoto não aceitou seu castigo de bom grado, subindo para seu quarto com um rosto emburrado sem dar boa-noite, isso não é justo ele não havia feito nada de errado.
Era o que pensava quando bateu a porta atrás de si para arremessar sua máscara quebrada em um canto qualquer do quarto, e se jogar contra a cama macia e quente. Mudando o foco de sua cabeça para outro lugar, sorrindo bobo em lembrar.
Até agora não podia crer, era ele alí novamente a lhe proteger, queria tanto estar lá agora ao seu lado. Pelo visto custará em dormir esta noite, pois se corroía ansioso para vê-lo outra vez, feliz enquanto sorria para o teto de seu quarto.
O dia raiou acordando Kotetsu que foi para o trabalho ainda aborrecido com Kanamori, o mesmo estava sem sua máscara pois ela havia sido enviada para o conserto, o deixando com o rosto a mostra.
No trabalho inteiro ficou um pouco distante fazendo seus deveres no automático, pois sua cabeça estava ocupada em tramar uma maneira de conseguir sair e ver o de longos cabelos sem ser pego por sua figura paterna.
Encontrava-se curioso e gostaria de saber como o outro estava vivo e perto da aldeia este tempo todo, e também transbordando de euforia para vê-lo, será que teria a chance de o abraçar novamente.
O trabalho passou vagarosamente quase rastejando, mas quando finalmente Haganezuka o liberou, jogou suas coisas de lado e saiu em direção a sua casa, já que Kanamori tinha dado a ordem para ele fazer isso.
Passava de frente a doceria avistando alí seus amigos que acenaram para si vindo ao seu encontro.
- Kotetsu-kun! Vamos jogar damas na minha casa? - convidou Nanatsu, carregando o jogo em seus braços.
- Não posso Nanatsu-san, estou de castigo - falou decepcionando, causando também um ar de decepção nos amigos.
- Poxa que chato, então parece que Nanatsu-san vai perder somente para mim! - comentou Paan, rindo convencido.
- Kotetsu-Senpai!! - de repente um alto grito agudo e afeminado corta o ar como uma faca, causando um zumbido no ouvido dos três garotos.
Olhando mais adiante viram uma garota de lindos cabelos rosados saindo da doceria, usando um avental e sem máscara.
- K-Kurinfu-chan? Já faz uns dias que não te vejo! - na verdade ele e seus amigos tinham tomado a decisão de não se encontrarem mais na frente da doceria, para não terem que aturar mais os incômodos da irmã de Paan.
A rosada correu para cima do sem máscara com o avental sujo de farinha, exibindo seu grande sorriso, o apertando em um abraço sufocante, quase tomando doto o ar do jovem Kanamori. A força da garota era gigantesca comparado aos seus delicados braços.
- Por um instante até pensei que estava me ignorando! - olhou para cima com a cabeça apoiada no peito do garoto, que buscava por ar em meio ao abraço - você está sem máscara! Fica tão lindo assim! deveria usá-la menos vezes, quase não sai sem ela.
- Sim, Kurinfu-ch... - puxou um pouco de ar com dificuldade...- eu gostaria de ficar, mas preciso ir para casa.
- Ah? Isso é chato! Agora que nos encontramos? - a menina desfez o abraço, porém ainda enrolada com as mãos no braço alheio. Que respirou fundo assim que foi solto - não vai querer uns docinhos? Acabei de fazer uma fornada deles, assim poderíamos conversar melhor.
- Eu adoraria mas... Realmente preciso ir - disse puxando levemente seu braço, querendo se livrar em vão. Dando sinal aos seus amigos, pedindo socorro com os olhos até o acastanhado se intrometer na conversa.
- Kurinfu! Ele já não disse que precisa ir? O senhor Kanamori está o esperando em casa, e se você não deixá-lo em paz irá encrenca-lo! - ao ouvir a voz de seu irmão a garota bufou, fazendo uma careta de desgosto ao ter que soltar Kotetsu, em seguida cruzando os braços para mostrar a língua ao irmão mais velho.
- Tenho que ir gente, até mais! - rapidamente antes que fosse agarrado novamente virou as costas e correu para sua casa, ouvindo atrás de si a despedida de seus amigos. E da rosada que logo trocou seu rosto enfurecido por um contente, para acenar ao ferreiro gritando para ele voltar assim que puder para vê-la.
(Estou postando muitas coisas Muitetsu na minha conta do Facebook: "Armyo Taku" no grupo privado (Muitetsu/ Muichiro x Kotetsu)
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O último demônio • Armyotaku (Concluída)
FanfictionE se Muichiro Tokito tivesse um destino diferente, o que aconteceria se ele passasse de caçador para oni na luta que deveria levá-lo a morte? Tornando-se assim o último demônio.