capítulo45_Meu coração

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Já havia amanhecido e Yushiro fez o de longos cabelos deixar o humano por um instante, sendo cuidado apenas por Ginko, já que agora sabiam que o mesmo estava bem. Tinham que conversar as sós, pois haviam muitas dúvidas para serem esclarecidas.

O manto que carregava, Tokito retirou-se de si, pois não necessitava mais dele. E agora sentados no carpete do chão, com as pernas cruzadas debaixo da mesa, um líquido vermelho era servido em um bule de chá. Bebeu tudo com grandes goles ligeiros, já que estava com fome após a viagem. Contava ao de cabelos esverdeados tudo o que aconteceu consigo para terminar como um dos últimos onis, ou ao menos lhe contou o que lembrava.

Um pilar que se tornou demônio, que contraditório, pensou enquanto ouvia.

O de olhos roxos não fez perguntas sobre Kotetsu, de como vieram parar alí ou sobre a perda de sangue dele, pois não era um assunto relevante para si, e não estava interessado nisso, o que queria realmente saber era outra coisa.

- Entendo. Outra questão, o ponto principal onde quero chegar é, estou pesquisando sobre os onis a dois anos, dês da derrota de Muzan - não suportava mais viver sozinho como um demônio, pois a única razão por trás de ter um dia desejado se tornar um, foi para ficar ao lado da senhorita tamayo. Mas agora que ela não estava mais perto de si, não havia motivo para continuar com sua juventude eterna e imortalidade.

Seus dias se tornaram tristes, solitários e entediantes quando ela partiu. Pensava que ao derrotarem Muzan tudo ficaria bem, mas não ao preço de perder quem mais ama.

- Estou à procura de uma cura, porém as pesquisas não andam tendo muito sucesso, pois como não há mais demônios para extração de sangue, acabo ficando sem saída, sem ter como trabalhar nas análises - tentava ao máximo usar seu próprio sangue para os estudos, no entanto não era o bastante, necessitava de mais informações das quais não conseguia obter apenas consigo mesmo.

O de chifres sabia o que o outro queria dizer e sentia-se contente em saber que o desejo de conseguir uma cura também reinava no coração dele. Pois dês de que se reencontrou com o ferreiro que essa questão sobrevoa por seus pensamentos, imaginando como seria belo ter sua humanidade de volta, e assim poder ter uma vida comum ao lado de quem ama, onde os dois envelhecerão juntos.

Gostaria de dar a ele uma vida boa e feliz, coisa que não conseguirá sendo um oni. O pequeno Kanamori merece muito mais do que ele pode oferecer no momento, entretanto isso não o abalará, pelo contrário, servirá como um impulso para que ele se esforce e consiga dar para seu amado tudo o que ele merece.

- Estou de acordo em cooperar com o que for necessário - falou sorrindo pequeno, todavia com uma grande felicidade e esperança de ter um futuro melhor.

- Certo, então me acompanhe. Preciso extrair uma quantidade de seu sangue para análise - levantou-se sendo seguido pelo outro oni.

Essa poderia ser a grande chance de ambos conseguirem sair dessa maldição, e de seu sofrimento.

A corva encarava o corpo desacordado do pequeno Kanamori, vagando em pensamentos com sua pequenina cabeça emplumada

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A corva encarava o corpo desacordado do pequeno Kanamori, vagando em pensamentos com sua pequenina cabeça emplumada. Oscilava o olhar entre a face dele e o chão, sentindo-se envergonhada e distante pelas vezes em que o havia mal-tratado.

No fundo a mesma não tinha nada contra o garoto, por outro lado tudo ficou tão confuso após a aparição do mesmo. E essa era sua natureza egocêntrica e orgulhosa, não podia mudar. Pensava nisso quando ouviu um gemer do mesmo, tirando a de penas negras de seu raciocínio para vê-lo se remexendo na cama.

O humano remexia-se no leito, "está despertando", imaginou a corva ao se achegar mais ao menino, o vendo abrir os olhos vagarosamente apenas para fecha-los veloz logo em seguida, fazendo uma careta por conta da escuridão do local, esfregando os olhos na tentativa de se adaptar a falta de luz, com mais uma tentativa se espantou ao perceber que não reconhecia o lugar e nem sabia como foi parar alí.

- Finalmente despertou! Devo alertar os outros! - falou Ginko deixando transpassar um resquício de alegria em sua voz, que chamou a atenção do menino assustado para si, que ainda não havia notado sua presença.

- Ginko!! Onde... estou?!! ca-cadê Tokito-san?!! - disse com uma voz aflita, rouca e um tanto cansada, enquanto tentava se levantar às pressas, afim de saber sua localização e encontrar o oni. Mas foi instantâneamente impedido pela de longos cílios, que voou por cima dele o fazendo perder o equilíbrio e cair novamente para sua posição inicial.

- Não irá a lugar algum!!! Necessita de descanso garoto tonto!! Se tivesse me ouvindo na cabana e ficasse quieto, não teria perdido tanto sangue!!! - reclamou com o mesmo, enquanto pousava na beira da cama, e ele juntava as sobrancelhas em um rosto emburrado, cruzando os braços exatamente como uma criança faria ao receber uma bronca.

Ginko mesmo sendo uma ave tinha muito instinto material, e isso era um dos motivos pelo qual mal-tratou tanto Kotetsu, pois o via como uma ameaça para a segurança de Tokito por causa de suas frequentes visitas. Queria mantê-lo seguro a qualquer custo, mesmo que para isso tivesse que separá-lo do ferreiro, porém agora entende que a felicidade de seu garoto depende da relação dele com o menor.

Notou isso quando percebeu o quanto a memória dele havia melhorado, junto com a volta de seus belos sorrisos e brilho no olhar, ninguém conhece aquele garoto tanto quanto ela, pois pode parecer estranho e esquisito de assumir por conta de suas diferenças, no entanto tinha ele como se fosse seu filhote.

Praticamente o viu crescer dês dos seus onze anos, e esteve sempre ao seu lado o protegendo como podia, levantando seu ego e elogiando suas incríveis habilidades, exatamente como uma mãe admiradora que ama mimar seu filho faria, não suportaria sentir a dor de perde-lo mais uma vez.

- Garoto, agradeço por ter salvado Tokito novamente, prometa que continuará cuidando bem dele. Você é corajoso tenho muito pelo que me desculpar contigo... - havia salvo o mesmo, pois se não fosse pelo sangue dele quando os caçadores chegassem o oni estaria fraco e completamente vulnerável, havia errado com aquele menino, pois ele não colocou Muichiro em perigo, pelo contrário, ele o resgatou.

- Fique aqui, eu buscarei Tokito - deu as costas e voou para fora do quarto, aproveitando que o pequeno Kanamori estava pensativo e surpreendido ao ouvir suas palavras.

Não falou nem sequer metade do que devia, pois além de não gostar de grandes discursos entediantes ainda tinha seu orgulho que não aprovaria um elaborado pedido de desculpas. Mas tinha dito o que achou ser certo, tendo também certeza de que Tokito o protegerá e estará ao lado daquele humano o quanto puder, e não há nada que possa mudar isso, nem o instinto protetor de uma mãe pássaro.

- Ginko? - ouviu a voz de Muichiro saindo de uma das salas a lhe chamar, fazendo ir até o mesmo para parar seu vôo no ombro dele, esbanjando contentamento.

- Ele acordou - disse, vendo os bonitos olhos do outro se abrirem junto de um rosto surpreso, logo se locomovendo rapidamente para onde o ferreiro estava, carregando ela em seu ombro enquanto corria pelos corredores da casa.

Não havia nada a se fazer se o coração de seu pequeno pássaro escolheu um pirralho idiota para amar.

Não havia nada a se fazer se o coração de seu pequeno pássaro escolheu um pirralho idiota para amar

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(Um capítulo tranquilo onde nada de ruim acontece. Seria isso um sinal? Quem sabe é a calmaria antes da tempestade )

O último demônio • Armyotaku (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora