capítulo48_Adeus

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{Enxugue o rosto
E venha aqui fora como de costume
Vamos conversar,
Pra te alegrar tem até vagalumes. Tem dia que vai piorar
Saudade vai apertar. Até que 'cê 'tá indo bem
Faz falta aqui pra mim também...}

Era estranho, o beijo que Tokito dava em Kotetsu era diferente. Sim, era inexperiente, molhado e babado, assim como da última vez, porém era mais difícil de se acompanhar, pois parecia mais necessitado e profundo do que os outros, fazendo o menino mais novo tentar o acompanhar de uma maneira desengonçada, apenas causando mais ruídos altos e nem um pouco decentes durante o ato.

Os movimentos eram famintos e rápidos causando tosse no menor ao se engasgar em meio ao beijo, pois ele também não tinha experiência e era difícil acompanhar alguém com tanto fôlego quanto um ex-pilar. O de chifres aproveitava cada segundo em que seus lábios deslizavam junto aos do ferreiro, acompanhado de suas línguas que mesmo não sabendo como utilizá-las tentavam se encaixar como podiam.

O oni tentava segurar suas lágrimas enquanto beijava Kotetsu Kanamori com destreza e paixão, pois não sabia quando o veria novamente ou se realmente o veria novamente. Pois desta vez estava encurralado em um local onde não conhecia, tinha que ser sincero consigo mesmo, sair vivo de uma situação tão desfavorável não se passava de um sonho tolo.

Se fosse a alguns meses atrás não se importaria em morrer ou ter seu pescoço decapitado por caçadores, mas agora que sua vida havia novamente ganhado sentido e cor, seu sofrimento era algo inevitável. A questão não era necessariamente a morte ou ele mesmo, pois essas coisas nunca o assustaram e não seria agora diferente, o problema era o garoto enrolado em seus braços, cujo arrancava o fôlego ao chupar a língua do menor com vontade, enquanto almejava não chorar.

Abandona-lo mais uma vez e não conseguir retornar para acaricia-lo e o manter por perto era seu maior desespero.

Por causa disso se despedia necessitadamente, chegando a desatar os cabelos alheios de tanto passar as mãos pelas madeixas do humano, apertando alí para aprofundar o toque de bocas fazendo os fios alheios desprenderem e caírem sob os ombros e rosto do garoto, enquanto a boca agora inchada ainda era amassada contra a do maior.

Kotetsu não compreendia o motivo de uma ação tão estranha em um momento precário, pois não era o momento apropriado de almejar beijos. Pensava enquanto tentava se afastar do maior, sem sucesso, pois o mesmo apertava seu corpo contra o dele, colando-os, chegando até a levanta-lo alguns sentimentos do chão, enquanto não soltava nem seu corpo e muito menos seus lábios, dificultando seus protestos.

Sentia algo diferente no ar, pois os lábios de seu parceiro não estavam tão doces quanto se recordava, pelo contrário, era possível sentir um amargo nele que lhe causava um mal pressentimento acompanhado de um calafrio misterioso subindo por sua nuca. Enquanto isso Muichiro sentia seu peito contorcer em angústia, com a cabeça conturbada tentando arrancar o calor que podia do corpo alheio antes que se separassem.

Era doloroso isso, pois sabia que daqui a alguns instantes não poderia ter o pequeno corpo do outro em seus braços, gostaria de se arrepender de um dia ter reencontrado com o mesmo apenas para se apaixonar e depois abandona-lo mais uma vez, mas mentiria se afirmasse estar arrependido, pois aqueles dias foram os melhores e mais gratificantes dias de sua breve e miserável vida.

Já sentia-se feliz de ter a oportunidade de viver aqueles dias.

Kotetsu sentia um certo desespero no mover de bocas, que era estranhamente longo e sem pausa como se o outro estivesse com medo de larga-lo. Afligindo-se mais ainda quando em meio ao beijo sentiu um sabor salgado em sua língua, o assustando fazendo empurrar o de longas madeixas para ser possível olhar na face dele.

O último demônio • Armyotaku (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora