CAP 04

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RUSLAN

Sergei fica pálido assim que vê a filha desmaiar em meus braços.

— Sinto muito Pakhan, eu vou levá-la até o quarto. — Diz, aflito.

Balanço a cabeça negando, quando ele estende os braços para pegar a filha.

— Deixe estar, mostre o caminho. — Meu tom de voz acaba soando como uma ordem.

Meu conselheiro segue até as escadas, me fazendo segui-lo.

Já no corredor, olho para a ruiva em meus braços, focando no lado esquerdo do seu rosto, que já está ficando roxo.

Maldito seja o infeliz que fez isso.

Sergei abre uma porta, e entramos em um quarto com cores escuras.

Acredito que não seja seu quarto, um ambiente escuro não combina com a luz de Nelli.

Isso é o que eu penso mas logo percebo que estou errado, quando deixo a Pavlova ruiva na cama, e vejo Sergei abrir o guarda-roupa preto, me deixando ver alguns vestidos, todos pretos.

O guarda-roupa parece vazio, e olhando em volta do quarto, as únicas cores diferentes são dos porta retratos.

Em todas as fotos Nelli ainda era loira, e quando volto a encara-la, admito que o ruivo lhe caiu muito bem.

Ficou ainda mais linda.

Xingo baixinho, me amaldiçoando pelo caminho que meus pensamentos me levaram.

Fodasse que ela é bonita, maravilhosa e...

Merda, me perdi de novo.

Depois de olhar para todas as roupas e ver que nenhuma cabe na ruiva, Sergei se aproxima e cobre a filha com um lençol, deixando o braço machucado descoberto.

Meu conselheiro faz uma ligação no celular no instante em que a irmã entra no quarto, com cara de quem acabou de acordar.

Olhar pra ela é como olhar para a garota de 18 anos que se declarou para mim.

E depois de cinco anos, é a primeira vez que estudo seu rosto com cuidado, e me pergunto por que disse que ela seria mais interessante.

Podem ser idênticas, mas são diferentes para mim.

Mesmo que Nelli não tivesse mudado a cor do cabelo, e mesmo que sejam idênticas, nunca olharia para Anya com outros olhos.

— Anna, traga alguma roupa para sua irmã.   — Sergei diz para a loira, e me recrimino por errar o nome da garota.

A loira arregala os olhos quando se da conta do que está acontecendo e sai em disparada pela porta.

Quando volta com um vestido na mão, acabo tendo que ajuda-la a vestir na ruiva.

Dou tudo de mim para não olhar para seu corpo, ou para como o biquíni preto lhe deixou gostosa pra caralho.

Culpado!

É impossível não olhar.

O vestido braço de alças finas, facilitou muito quando o médico chegou.

Estava atento a cada expressão dele, aarrancaria seus olhos azuis se tivesse a ousadia de tocar demais ou olhar demais para a ruiva.

Sentado do lado esquerdo da cama, ouço Nelli gemer de dor, e me controlo para não arrancar os dedos do médico.

Nelli abre os lindos olhos verdes assim que o médico termina de dar os pontos e fazer um curativo.

— O rato loiro morreu? — É a primeira coisa que pergunta.

Sergei olha para mim, e espero sua resposta, visto que também não sei.

— Sim. — Responde.

— Desculpe, mas a senhorita está grávida? — Pergunta o médico e fica difícil me segurar para não arrancar sua língua.

A pergunta me deixa angustiado, só de pensar na possibilidade.

Porque estou angustiado? Não me interessa.

A ruiva encara o médico como se ele tivesse duas cabeças e responde, me trazendo alívio.

Um enorme alívio.

— É possível uma virgem engravidar, Senhor?

O médico que deve estar na casa dos quarenta tem a audácia de corar pra ela.

Puta que pariu, isso é algum tipo de teste ou algo do tipo?

— Não, me desculpe pela pergunta mas os antibióticos são bem fortes e se uma mulher grávida ingerir pode acabar perdendo. — O médico explica, diminuindo um pouco da minha raiva.

— Eu sei. — Nelli responde, se mexendo até ficar sentada na cama.

Seus olhos de repente param em mim, e depois ela olha para o corpo, suspirando aliviada ao se dar conta que está vestida, mas logo encara a roupa com nojo.

— Branco? — Pergunta, colocando os pés para fora da cama, e se erguendo.

À ruiva se desequilibra um pouco, e me adianto para firma-la pela cintura, ouvindo seu gemido de dor, me fazendo tirar as mãos rapidamente.

— Está machucada em outro lugar que não seja o ombro? — Pergunto, inquieto.

— Acho que não quebrou nada, foram só alguns socos. — Responde, me encarando.

— Dei um olhada, e parece que não tem nada quebrado, mas sugiro que vão ao hospital mesmo assim. — Indica o médico.

— Suas roupas não lhe cabem mais, Anna pegou uma dela. — Sergei responde a pergunta da filha sobre o vestido.

O vestido em questão é branco e solto, que vai até os joelhos.

Nelli fica muito delicada nele, totalmente diferente do vestido preto colado que usou ontem.

— Vou fingir que não é branco para não sustar. — Responde, como se tentasse ficar calma.

— Sabe quem são eles? — Sergei pergunta.

— Eles falavam inglês, mas um deles me xingou em irlandês. — Diz, e parece pensar um pouco.

—  Os monarcas do caos.— Sergei e eu concluímos.

Porra, eu vou acabar com esses malditos.

NELLI - A GÊMEA REJEITADAOnde histórias criam vida. Descubra agora