CAP 24

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RUSLAN

— Amor! — Grito assim que a vejo fechar os olhos em meus braços.

— Vamos para o hospital, rápido! — O grito de Emir me faz sair do transe e engolir o choro.

A dor do tiro na minha perna não me impede de erguer do chão, segurando Nelli em meus braços.

Emir ainda tenta levá-la mas não permito, ela não deixará meus braços nunca mais.

Ainda em choque, peço para Emir cuidar de Alec, meu menino deve estar arrasado.

Emir nos leva até o hospital, e o meu desespero aumenta ainda mais, assim como o aperto no peito por escutar o choro de Alec.

— Sua mãe vai ficar bem. — Minha voz sai arrastada, e apesar de ainda ouvir seus soluços, percebo que ele se acalma um pouco.

Assim que chegamos no hospital, entro desesperado chamando por ajuda.

Dois médicos se aproximam, logo trazendo a maca e me fazendo deitar Nelli ali.

Vou com eles até certo ponto, segurando sua mão, beijando-a todo o tempo.

Infelizmente, a contra gosto, tive que solta-la, e ver a minha mulher entrando na porra da sala de cirurgia.

O último lugar que ela deveria estar.

Os minutos paressem estar passando em câmera lenta, o tremor em minhas mãos aumentando a cada vez que vejo o sangue dela ali.

Os minutos viram horas, e ninguém aparece para dizer algo.

Sergei que chegou pouco depois de nós, ainda está em choque, sem dar uma palavra sequer, seu rosto parece travado.

Emir mandou uma mensagem a pouco tempo informando que Alec está com Anna, e que ele acabou dormindo.

Estou quase arrombadoa porta onde a levaram, quando um médico sai e vem em nossa direção.

— Parantes da Nelli. — Fala, um homem grisalho.

— Somos nós, eu sou o noivo. — Falo, ao ver Sergei ainda no mesmo lugar.

— Felizmente o tiro pegou de raspão na costela esquerda, por muito pouco não acerta o abdômen. Ela está desacordada devido aos medicamentos, mas podem vê-la se quiserem.

Ele não precisa falar duas vezes, já estou correndo em direção a sala.

Meu coração sofre um baque ao vê-la tão frágil, seus lábios que eram sempre corados agora estão pálidos.

Sem me controlar, deixo as lágrimas caírem ao beijar sua testa e segurar sua mão entre as minhas, querendo esquenta-la um pouco.

— Perdão, meu amor, por não te proteger como deveria. — Murmurro, várias e várias vezes, tendo que sair quase arrastado pelos médicos depois de um tempo repetindo as mesmas coisas.

De volta aquele corredor frio e sufocante, entrei em desespero ao não ver mais Sergei ali.

Não gostando da sensação que senti, corri em direção a recepção perguntando por ele e ouvindo que ele saiu a pouco tempo.

Corro feito um louco a tempo de ver Sergei tentando atravessar a rua com o sinal aberto.

Aquele desgraçado tá louco.

Corro em sua direção, gritando por ele.

Um carro quase acaba com ele mas desvia a tempo e aproveito esse tempo para alcança-lo e jogar a nós dois para fora da pista.

— Sergei! Recomponha-se porra! Sua filha precisa de você. — Grito, segurando seus ombros com força, sacudindo-o e fazendo ele voltar a si.

— A Nelli... minha filha... — Sua voz é apenas um susurro doloroso.

— Ela está bem, o médico acabou de dar a notícia.

Ele parece desacreditar, mas depois de me encarar por longos minutos percebe que estou falando a verdade e começa a caminhar em passos rápidos até a faixa de pedestres.

Pelo menos agora seu senso soltou.

Sigo-o, e quando chegamos no hospital a dor em minha perna aumenta e me arrependo de ter recusado o atendimento assim que cheguei.

Estava tão desesperado que não queria sair daquele corredor, e a dor parecia ter ido embora. Só agora percebo que acabei ignorando a dor para não perder nenhuma notícia de Nelli.

Acabo sendo arrastado por Sergei para fazer a porra do curativo e apesar de também ter sido por raspão, o tempo que passei sem cuidar do ferimento fez a ferida ficar ainda mais feia.

Tomei a porcaria do analgésico e me segurei a ir pra casa, não quando minha mulher está naquela cama, desacordada.

Os três dias que passam são como uma tortura para mim, acabei tendo que ir ver Alec todos os dias para tranquiliza-lo um pouco, mas sempre voltava para dormir ao lado de Nelli, que passou a estar em um quarto melhor.

Estou limpando seu rosto com cuidado quando vejo suas pálpebras mexerem, paraliso vendo em câmera lenta seus olhos se abrindo e voltando a ver suas duas jades me encarando.

Ficamos ali, nos olhando sem dizer nada.

Até que ela parece entender um pouco do que está acontecendo, e seus olhos ficam cheios de lágrimas assim como os meus.

— Nunca mais faça isso, minha vida. — Digo, me inclinando e roçando meus lábios nos dela. — Eu não posso viver sem você.

— Ruslan... e-eu te amo. — Ouvir sua voz mesmo que fraca, me faz sorrir.

— Eu sei, eu vejo. — Beijo sua testa. — Eu te amo demais Nelli.

Mesmo querendo prolongar nesse momento, me despeço dela por um momento apenas para avisar o médico que ela acordou.

NELLI - A GÊMEA REJEITADAOnde histórias criam vida. Descubra agora