CAP 14

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Sentada no chão do corredor, escuto sons de passos correndo e viro a cabeça vendo minha irmã de pijama correndo em minha direção.

Ruslan e meu pai vem logo atrás.

— Você está bem? E Emil? — Minha irmã pergunta.

— Estou bem, Emil está em cirurgia.

— A carga chegou em segurança? — Pergunto, com tudo acontecendo acabei esquecendo.

Vejo os três me encararem incrédulos.

— Você quase morreu e está preocupada com a carga? — Anna pergunta furiosa.

— Chegou? — Volto a perguntar, a ignorando.

— Sim, Nelli. — Meu pai diz me trazendo alívio.

— Missão concluída. — Digo, fechando o punho e levando ao peito.

Sinto uma pontada na costela e levo a mão até ela, e quando volto a olha-la, está suja de sangue.

Levanto a camisa devagar e fecho os olhos depois de ver a marca de tiro de raspão.

Quando levei um tiro? Não consigo lembrar.

— Você levou um tiro?! — Anna grita ao meu lado, e agora que vi, começa a doer pra caralho.

Abro os olhos novamente quando sinto meu corpo ser erguido do chão.

Ruslan me leva até uma sala e me ajuda a tirar a blusa para fazerem o curativo.

— Se olhar para o que não deve, ficará sem os olhos. — O ouço ameaçar o coitado do médico.

Sentada na cama trinco os dentes quando começa a fazer os pontos.

Desisti de tentar vestir a blusa novamente, e Ruslan me deu seu sobretudo para facilitar.

Recuso sua ajuda ao voltar para o corredor onde minha irmã está.

Sigo devagar e em questão de segundos o médico sai da sala de cirurgia.

— E então doutor? — Anna pergunta.

— A bala por pouco não atingiu o coração, conseguimos retira-la. A cirurgia ocorreu bem, agora é só esperar que acorde. — Diz e sai em seguida.

Anna leva a mão ao leito e me encara com os olhinhos cheios de água.

Desvio o olhar não sabendo conforta-la.

Afinal ele está nesse estado por minha culpa.

— Por um descuido meu, ele levou o tiro em meu lugar. — Revelo, e Anna desaba a chorar.

Sinto alguém afagar minhas costas.

Quero me afastar de Ruslan mas estou esgotada demais.

Me despeço e sigo até a calçada do hospital.

Vejo um menino magrinho mexendo na lata de lixo e tento me aproximar mas ele percebe e foge.

Ruslan aparece em seguida e aceito sua carona.

Em casa, tomo um banho e visto uma lingire, saio do quarto e me sento na cama.

Não demora e logo Ruslan está ao meu lado fazendo outro curativo.

Deito na cama, e ele me cobre com o lençol até a barriga.

Sinto o colchão afundar ao meu lado, e fecho os olhos sentindo seus dedos em meus cabelos.

— Não foi sua culpa. — Diz, porém não acredito.

Fecho os olhos e acordo, sentindo algo pesado em volta de mim.

NELLI - A GÊMEA REJEITADAOnde histórias criam vida. Descubra agora