CAP 22

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NELLI

Minhas mãos tremem, enquanto choro até soluçar.

Não sei em que momento Emil chegou até mim, mas não disse nada enquanto ele me lavava para casa.

Céus, como eu pude ser tão estúpida?

Como eu pude acreditar em tantas mentiras?

Solto uma risada irônica.

Por que eu estava estupidamente apaixonada.

"(...)Eu não a amo e nem vou amá-la."

A sua voz carregada de desdém se repete várias vezes na minha cabeça, me destruindo ainda mais.

Por que eu esqueci que era apenas a 'criança' apaixonada no Pakhan?

Eu estava assim tão carente e desesperada por amor?

E a idiota aqui ainda ia falar da ameaça contra Sasha.

Deus, eu fui tão burra em cair do papo dele.

Nem percebi quando chegamos em casa, apenas sai do carro quando Emil teve que abrir a porta para mim.

Enxugo as lágrimas ainda do lado de fora e entro em casa de cabeça erguida.

Na sala, vejo Nade me observando com cautela.

— Faça as malas de Alec, e peça a alguém para comprar duas passagens para o Japão, para hoje. — É a única coisa que digo e subo até meu quarto.

Enquanto faço minhas próprias malas, imagino o quanto ele irá zombar por estar fugindo.

E para sincera? Eu estou pouco me fodendo.

Antes eu ficaria e seria forte, mas agora eu só quero ir embora e ficar com Alec.

Com tantas chamadas no meu celular acabo desligando e jogando em cima da cama.

Tomo um banho, ignorando as lágrimas que rolam sem parar pelo meu rosto.

Escolho um vestido qualquer e desço com minha mala para a sala.

Ninguém se atrave a falar nada, e esperamos juntos Alec chegar da escola.

Foi com muito custo que Emil acatou meu pedido e foi embora.

No carro, Alec me olhava apreensivo mas não falava nada, quando me certifiquei que estava seguro ele apenas passou os bracinhos por meus ombros e me abraçou.

Meu coração errou um batida e eu segurei o choro para não preocupa-lo.

— Eu amo você demais filho. — Dei um beijo em sua bochecha.

— E eu a você mamãe.

Com um sorriso no rosto e o coração em frangalhos, dirigi até o aeroporto.

Todas as lembranças com Ruslan passando em minha mente, enquanto segurava o volante com tanto força que meus dedos estavam brancos.

Eu vou arrancar você do meu coração Ruslan.

Distraída e me amaldiçoado por isso, não vi quando estava sendo seguida e precisei frear o carro no último segundo quando uma moto veio da minha direção.

Com o peito apertado olhei para trás, vendo Alec com os olhinhos fechados de medo.

Não demorou muito e o carro começou a ser alvo de tiros.

Rapidamente destravei meu cinto e fui até Alec.

Enquanto tentava acalmá-lo, tirei a arma debaixo do banco e a carreguei.

Em certo momento os tiros pararam e escutei uma voz potente.

— Sugiro que saia agora, ou a criança pagará pelo seu erro.

A voz não me era estranha mas eu não consigui associa-la.

— Alec, meu amor, vamos sair e você vai ficar bem quietinho atrás de mim, tá bom? — Perguntei encarando seus olhinhos.

Ele não disse nada apenas assentiu com a cabeça.

Abrindo a porta do carro, não demorou para ter um arma apontada para o meu peito.

Olhando para frente não escondi o espanto ao dar de cara com Ivan, o ruivo com quem dancei outro dia.

— Você?

Seu sorriso cruel me faz duvidar se esse realmente é o Ivan que estava tremendo de medo de Ruslan.

— Sim, eu. Sabe o quanto foi difícil fingir ser um imbecil? — Sua voz sai furiosa.

— Foi você quem mandou aquela caixa?

— Obvio, e você e Ruslan caíram como patinhos. — Solta uma risada sem humor.

— Ruslan? — Pergunto, escondendo ainda mais Alec atrás de mim.

— Eu o ameacei com a sua vida e a do piralho, por que você não me levou a sério e acabou agarrada a ele novamente. — De repente um frio percorre por todo o meu corpo.

— Agora, chega de conversa. Larga a arma. — Atordoada por ver outro capanga apontando uma arma para Alec, jogo a arma no chão e me viro para abraçar Alec.

— Fecha os olhos meu amor, vai ficar tudo bem. — Falo baixinho em seu ouvido.

— Arrastem os dois para o carro. — Ouço Ivan dizer e faço Alec me abraçar com as pernas enquanto o levanto em meus braços. 

Dois capangas seguram meu braço com força a ponto de saber que irá ficar marcas, e aguento calada para que não façam nada com Alec.

Dentro do carro me recuso a soltar Alec e acabo levando um tapa na cara de Ivan e mesmo assim não o solto e ele acaba deixando por isso mesmo.

O gosto de sangue na minha boca fica ainda pior enquanto sinto as lágrimas de Alec molhando meu ombro.

Afago suas costas com carinho e digo que vai tudo ficar bem várias vezes até perceber que ele dormiu chorando.

Ignoro o sorriso cruel que Ivan dá ao percorrer o olhar por todo o meu corpo.

O desejo estampado em seu rosto me dá nojo.

Fecho os olhos com força, pedindo que tudo fique bem e que nada aconteça a Alec ou a minha família.

Que todos estejam bem, que ele esteja bem.

NELLI - A GÊMEA REJEITADAOnde histórias criam vida. Descubra agora