NELLI - A GÊMEA REJEITADA

CAP 23

RUSLAN

"Estamos com sua mulher e a criança, seja rápido se ainda quiser vê-las com vida."

Releio a mensagem no celular várias e várias vezes mas não consigo reagir.

Sergei e Emir estão pálidos em minha frente enquanto o nosso hacker tenta acessar qualquer câmera de segurança que tenha registrado o momento em que foram sequestrados.

Sequestrados...

Porra! Como eu pude deixar isso acontecer dentro da merda do meu território.

— Consegui! Estão em uma fábrica abandonada na saída da cidade. —  A voz de Noah me tira do transe e não espero nem mais um segundo para correr para fora e entrar no meu carro.

Os nós dos meus dedos ficam brancos com a força que eu aperto o volante.

Tudo que eu falei para protegê-la acabou doendo ainda mais por imaginar que não poderei ter a chance de dizer que era mentira.

Por favor, estejam bem.

As lágrimas grossas descendo pelo meu rosto só me fazem ficar ainda mais desperado.

Freio bruscamente na frente da fábrica  quando dois homens aparecem.

Saio do carro e aponto a arma para os dois.

— Onde eles estão ? — Grito despertado.

Os dois se entreolham e apenas riem.

— Joge essa arma e nos acompanhe se quiser vê-los. — Um deles fala e apesar de hesitar eu obedeço.

Depois de jogar a arma eles me levam para dentro da fábrica.

Minha garganta fica apertada e eu tenho que segurar o choro ao vê-los amarrados em um canto.

Me aproximo devagar e então eu vejo.

— Seu desgraçado! — Berro, demonstrando toda minha indignação.

O desgraçado começa a rir histericamente  me fazendo ver o quanto é um doente de merda.

O choro baixo de Alec parte meu coração.

— Você não sabe o prazer que eu senti quando vocês caíram no meu jogo. — Solta o veneno.

— Do que está falando? — Pergunto, querendo ganhar tempo.

— Primeiro ameacei essa vadia com a vida da piralha da sua irmã, depois amacei você com a vida insignificante deles. — Aponta para Nelli e Alec.

Fecho os punhos com força, tamanho ódio.

— Deixe-os ir, eu fico no lugar deles. — Sugiro.

— Não! — Ouço a voz trêmula de Nelli e olho para ela.

A vejo tentando se soltar da cadeira como se quisesse chegar até mim.

— Uau, o amor de vocês ainda parece intacto. — A voz irritante de Ivan me faz encara-lo de novo, e no mesmo segundo,  meu corpo fica tenso ao vê-lo começar a andar na direção deles.

Dou um passo a frente mas na mesma hora sou barrado pelos dois homens de antes.

Ivan se aproxima ainda mais e encosta a arma na testa de Nelli, fazendo o choro de Alec aumentar.

— Deixa minha mãe em paz! — Grita, mesmo apavorado.

— Você já está me irritando, seu piralho. — Ivan aponta para Alec dessa vez fazendo meu garoto soluçar.

— Deixe-os ir, Ivan. — Falo, mais alto dessa vez, e ele vem em minha direção.

Por cima do ombro dele vejo o momento em que Nelli conseguiu se soltar.

Tendo a atenção de Ivan em mim, giro no lugar derrubando os dois homens com socos.

— Parado seu desgraçado! — Ivan grita quando vê os dois homens no chão e aproveito para partir para cima dele, tentando pegar sua arma.

Consigo ver Nelli soltando Alec no momento em que a arma cai no chão e sinto uma pontada na perna.

Em meio ao transe consigo ouvir vozes ao longe e antes que eu possa entender o que está acontecendo ouço o som de dois disparos e vejo o corpo de Nelli caindo sobre mim.

Abrindo e fechando os olhos várias vezes,  sinto o toque em meu braço no momento em que acabo sentando no chão com o corpo dela sobre o meu.

Olho para o lado vendo Alec chorar desesperado.

E assim que entendo tudo que está acontecendo sinto a mão de Nelli em meu rosto e sua voz falha.

— Ruslan... O Ivan... — Assim que ela diz entendo de onde veio o segundo disparo.

Emir corre em nossa direção quando o corpo de Ivan cai no chão após levar um tiro no meio da testa.