CAP. VI

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Juliette e Beatriz seguiam felizes junto da nova família.   Beatriz por ser mais nova falava muitas vezes da mãe e de Tomé, mas nunca do pai.

Juliette evitava comentar algo para não a entristecer.

Lúcia acatou o conselho de Juliette e daquela cozinha começaram a ser produzidas as Delícias da Lu.

Rodolffo mandou imprimir lá na cidade os vários rótulos para os mais variados frascos.
- Compota de maçã, maçã e canela, maçã com nozes, geleia, isto para toda a qualidade de frutas.
Uma das mais apreciadas era de laranja com casca e xuxu.

Juliette adorava cozinhar,  e estar de volta de tachos cheios de açúcar e fruta e vê-los transformar em várias iguarias dava-lhe muito prazer.

O senhor José nas suas saídas para negócios ou outras, sempre levava um bom carregamento de frascos.   Passava nos diversos mercados e lojas e a verdade é que regressava sem nada.

Hoje Mateus completava dois anos.

O jardim estava preparado para a sua festa.  Era sexta feira, mas Rodolffo prometeu chegar a horas.

Todos os amigos do casal estavam convidados e confirmaram presença com as crianças.

Juliette preparou juntamente com Lúcia uma mesa de degustação de compotas e doces à parte da festa.

O objectivo era angariar encomendas e dar a conhecer os produtos.  Para isso confeccionaram bolachas , biscoitos e tostas para poderem adicionar as compotas e geleias.

Beatriz tomava conta de Mateus e outras crianças enquanto Juliette e Lúcia faziam as provas com os adultos.

Rodolffo ainda não tinha visto o resultado dos rótulos e ficou muito orgulhoso por estar a dar certo.

Era um crime tanta fruta desperdiçada.

O próximo passo, dizia Juliette era passar às conservas e aos licores.

- Tu és muito perspicaz Juliette.   Ainda vamos abrir uma lojinha na aldeia, disse Lúcia.

A festa de Mateus estava muito bonita.  As crianças divertiam-se muito e a certa altura Juliette encontrou Beatriz a chorar.

Pegou-lhe na mão e levou-a para um sítio afastado dos convidados.

- O que foi Bia?  Alguém te disse alguma coisa?

- Não mana.  Só lembrei da minha última festa.  Já faz tanto tempo.  Mas a mãe sempre fazia festas para nós.

- Não fiques triste.  Ainda vamos ter as nossas festas.

Juliette abraçou Bia e limpou-lhe o rosto.

- Vai brincar com as crianças.  Aproveita a festa do Mateus.

Rodolffo viu quando as duas se afastaram e ficou a observar.  Quando Bia  regressou ele foi ter com Juliette.

- Está tudo bem? - olhou nos olhos dela e viu algumas lágrimas.

- Está tudo bem.  Só  Bia que tem saudades da mãe.

- Só a Bia?

- É melhor voltar para a festa.  Hoje não é dia de tristeza.

- Juliette,  espera um pouco.  Quero dizer-te uma coisa.

- O quê?

- Obrigada pelo que estás a fazer com a minha mãe.   Há muito tempo não a via tão entusiasmada com um projecto.
Ela sempre teve este espírito empreendedor mas desde o nascimento do Mateus deixou tudo para se dedicar ao meu filho.

Tu e a Bia foram luz na vida dela.

- Era só falta de tempo e ajuda.
Eu é que estou muito agradecida aos seus pais pelo que têem feito por nós.

Vamos voltar.  Está na hora de parabéns do Mateus.

Espinhos no caminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora