Mais um final de semana. Rodolffo chegou sózinho. Bia correu quando viu o carro, mas ficou desapontada por não ver Tomé.
- Oh! O meu irmão não veio?
- Não. Hoje não veio.
Rodolffo percebeu as lágrimas a quererem cair e abraçou-a.
- Não fiques triste. Daqui a dias já o vais ver. Agora posso ganhar um beijo.
Bia deu-lhe um beijo no rosto e ajudou-o com a mala.
Era sábado. Habitualmente ele chega sexta à noite, mas esta semana não tinha sido possível.
Juliette estava sózinha na cozinha a descascar umas frutas para as compotas.
Bia foi colocar a mala de Rodolffo no quarto e ele aproveitou para beijar Juliette.- Tive tanta saudade, disse segurando-lhe no rosto.
- Eu também, respondeu ela timidamente.
Como está a minha mãe?- Bem melhor. Depois falamos sobre isso.
- Oi, filho! Já chegaste?
- Olá, mãe. Como está a senhora e o pai?
- Estamos bem. O pai foi ver os morangos com o Mateus.
- Já vou lá ter com eles e deixar as mulheres da minha vida trabalhar.
Lúcia sorriu para ele e depois para Juliette.
- Aproveita e conversa com ele sobre as mulheres da tua vida, que ele anda angustiado.
- Porquê?
- Conversa com ele. Ele que te diga o que me disse a mim.
- Está bem. Vou lá procurá-los.
Beijou a mãe e a Ju e saiu.
- O que tem o senhor José, dona Lúcia?
- Bobagens filha. Tem medo que o Rodolffo leve o Mateus se um dia se casar.
- Está muito apegado a ele. É normal. Por isso ele mudou comigo?
- Notaste? Ele ouviu uma conversa nossa e começou a cogitar que se vocês casassem, iam levar o Mateus.
- Ele não gosta de mim?
- Não é isso, filha. É só mesmo por causa do Mateus.
- Isso é decisão do Rodolffo. Nem eu , nem ninguém tem o direito de decidir.
- Eu sei e ele também sabe, mas isto aqui é solitário e se o Mateus for embora vai ficar pior.
- Mas Rodolffo sempre vem no final de semana.
- Pois é. Isso vai passar. Como está tua mãe? Ele disse?
- Disse que está bem. Não adiantou muito.
Rodolffo encontrou o pai e filho junto aos morangos. Mateus tinha a boca e a blusa toda lambusada de vermelho.
- Espero que tenha lavado os morangos.
Como está, pai?
Vem cá ao papai. Dá um morango.Mateus colocou na boca de Rodolffo o morango já mordido que tinha na mão.
- Ele adora comer do pé. Eu lavo sempre. Trago esta garrafa sempre comigo.
Vou apanhar alguns para o almoço.- A mãe disse que querias falar comigo.
- Deixa para mais logo. Coisas da minha cabeça. Nada importante.
Olha estes morangos se não são uma maravilha.
- A mãe e a Ju, já fizeram compota deles?
- Ainda não. Estes são a primeira produção.
- Vou pedir para fazerem. Quero levar um frasco para o meu café da manhã.
- Então vou apanhar mais e levo já.
Coloquei o Mateus no chão e ajudei o meu pai a apanhar os morangos.
Quando terminámos olhei para o meu filho e estava coberto de lama.
Ali perto o meu pai tinha regado uns pés de alface e o terreno estava enlameado. Dos pés à cabeça não havia lugar que escapasse.
- Exactamente como tu na idade dele. Sempre que vinhas comigo, eu ouvia um sermão da tua mãe. Prepara-te para o que aí vem.
- Não tem importância. Por ter vivido assim é que dou valor a esta terra. O meu sonho era poder estar aqui todos os dias.
- Julguei que gostavas mais da cidade.
- Gosto da cidade, pai. É lá que tenho o meu ganha pão, mas não se compara a isto. Quero que o Mateus tenha o que eu tive.
- Obrigado filho. Não sabes o bem que me faz ouvir-te falar assim.
Agora vamos para elas terem tempo de fazer a tua compota e te darem uma bronca.- Mas o Mateus estava ao teu cuidado!
- Só até tu chegares.
- És muito engraçado. A passar a responsabilidade. Está bem. Eu assumo a culpa.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.