O final de semana acabou. Rodolffo e Juliette viveram de escapadelas para cantos onde não fossem vistos.
Ninguém percebeu excepto Lúcia que não é trouxa nem nada.
Na hora da despedida, Bia não queria largar o Tomé.
Juliette chamou o irmão ao quarto dela.
- Toma. Vai ajudar-te nas tuas despesas e com a mãe. Tenho tanta pena de ti, mano. Ainda és tão novo para essa responsabilidade.
- Não é preciso, Ju. Eu tenho algum dinheiro e na casa de Rodolffo eu não tenho tanta despesa.
- Mas eu fico mais descansada se aceitares. Logo as coisas se ajeitam e a nossa vida vai mudar.
Logo que possamos eu e Bia vamos ver vocês.- Obrigada, mana. Amo-te muito.
- E eu a ti, meu menino homem.
Saíram abraçados quando já todos se tinham despedido.
Rodolffo deu tchau para todo o mundo, deu mais um beijo em Mateus e foi dar um beijo na face de Juliette.
- Sonha comigo, segredou ele.
- Vão com Deus, disse ela quando o carro deu partida.
Bia abraçou a irmã e estava chorosa.
- Força pequena. Logo estaremos todos juntos. Conforta-me saber que o Mateus está bem e a nossa mãe cuidada.
Todos entraram em casa. Bia pegou no pequeno e foi brincar com ele.
José tinha tarefas a cumprir e Ju e Lúcia tinham uma encomenda de licor de canela para terminar.
Criou-se um silêncio entre as duas.
Falavam entre elas, apenas por monossílabos.
Juliette estava a ficar angustiada. Nunca tinha sentido nenhuma tensão com Lúcia como agora. Resolveu perguntar.
- Dona Lúcia, está tudo bem?
- Sim. Porquê não haveria de estar.
- Não sei. Não está igual comigo. Não conversa mais.
- É que é tudo novo para mim.
- O quê?
- Ai, Ju! Somos duas mulheres. Vou perguntar mesmo. Tu e o meu filho, eu vi vocês fugindo.
Juliette baixou os olhos envergonhada.
- Olha para mim. Gostas dele?
- Gosto muito. Estou confusa, mas eu sei que gosto.
- Ele também me disse que gosta de ti.
- Ele disse, é?
- Eu nunca namorei. Meu pai afastava todos os meus amigos homens.
- Para no fim te oferecer a um homem de 60 anos.
- Foi.
A senhora não fica brava de a gente se gostar?- Eu te quero como uma filha. Estou muito feliz do meu filho estar a tentar seguir em frente. Foram muitos anos a viver na lembrança da esposa.
- E sobre a nossa idade, isso não é problema?
- Nenhum. Eu mesma tenho 10 anos de diferença do Zé.
- Obrigada por ser minha amiga.
- Eu ficarei feliz se um dia puder ser tua sogra. Vem cá dar-me um abraço.
Juliette e Lúcia abraçaram-se e o ambiente ficou mais leve. Foram terminar as encomendas conversando mais sobre o assunto.
Juliette era curiosa sobre certas questões e Lúcia não tinha pudor em falar sobre tudo. Era certamente uma conversa de mãe e filha.
José ouviu a primeira parte da conversa das duas. Não tinha por hábito ouvir atrás das portas, mas ia beber àgua quando ouviu sobre Rodolffo e Juliette.
Ficou a escutar e já nem quis a àgua. Saiu de casa em direcção à fazenda com as palavras delas na mente.
Rodolffo sempre confidenciou ao pai que não voltaria a casar.
Como é que agora se ia envolver com esta moça? Será que é um plano dela para o caçar? Viu nele uma oportunidade de se dar bem?
E o Mateus?José sempre foi apaixonado pelo neto e ficou muito feliz quando Rodolffo tomou a decisão de o deixar com eles.
Agora, uma dúvida pairava na cabeça dele. Se Rodolffo casar, leva a criança. Ah não! Isso eu não deixo.
O meu menino não vai sair daqui.O pau que trazia nas mãos foi açoitando os pés de milho, descarregando a raiva que estava sentindo.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.