CAP. XIX

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Na manhã seguinte saí para a clínica logo cedo.
Deixei instruções ao Tomé para levar as irmãs apenas a seguir ao almoço.  De manhã as visitas não são permitidas  e não ia abrir excepções,  até porque de tarde os doentes estão mais à vontade.

Hoje tive um sonho erótico com a minha morena.  Deve ter sido por ela estar tão perto.  Acordei a meio da noite coberto de suor e com uma erecção sem tamanho.  Tomei um banho de àgua fria e voltei para a cama.

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Tive dificuldade em adormecer.  Eu não sei o que se passa comigo desde que Rodolffo me pediu namoro.  A meio da noite levantei-me para tomar àgua e ouvi o som do chuveiro dele.

- Quem é que toma banho a uma hora destas?
Pensei eu ir espreitar, mas recuei e voltei para a cama.

Acordei tarde.  Queria ter preparado o café dele mas não consegui.  Fui à cozinha,  Tomé já estava lá.

- Bom dia.  Queria ter feito o café do Rodolffo,  mas não acordei.  Ele comeu?

- Sim.  Eu fiz.

- Tu acordas sempre cedo?

- Sim.  Faço o café sempre para os dois.   O Rodolffo antes tomava café na rua.

- Preguiçoso.

- Não é.  Diz que não gosta de comer sózinho.

- É bem chato.

- Mana, estás feliz com ele?

- Muito.

- Sabes, ontem eu falei com a Bia.  A gente não acha mal se tu dormires com ele.

- Tomé, eu nunca dormi com um homem, e vocês são os meus irmãos mais novos.

- Eu já tenho 16.  Sei que namorados dormem juntos.

- Tu és especial meu amor.  Cresceste rápido demais.  Já arranjaste uma namorada?

- Não,  mas já estive com uma mulher.

- Quem?

- Lá da aldeia nova.  Estava lá de passagem.  E pronto, a coisa deu-se.

- Cuidado com essas mulheres vividas.  Vou acordar a Bia.  Estou tão ansiosa para ver a mãe.

- Um dia destes ela já vem para casa.

- Que casa?  Não podemos sobrecarregar o Rodolffo.

- Olha mana, o andar aqui de baixo está vazio.  O dono está a fazer umas reparações.   Eu já falei com ele para me alugar quando a mãe puder sair.

- Tu és menor, não podes assinar contratos.   Depois vais comigo falar com ele.  Eu que vou pagar o aluguer e as despesas.  O teu dinheiro fica para os estudos.

- Eu já fui ver a escola.  As matrículas começam no mês que vem.

Bia apareceu na cozinha nesse instante.  Os três tomaram café e foram arrumar os quartos até fazer horas de almoço e depois  saírem para a clínica.  Juliette ia arrumar o quarto de Rodolffo,  mas ele tinha deixado a cama feita e tudo no seu lugar.  Deu apenas uma limpeza ao banheiro e coscuvilhou o closet dele.

O bichinho é arrumado, pensou.
Camisas alinhadas por cores, calças igual. Blusas, shorts e cuecas tudo dobradinho e arrumado.  Fui passar em mim um pouco do perfume dele.

Eu não tenho perfumes, meu pai nunca nos permitiu estes pequenos luxos.  Maquilhagem então,  nem pensar.
As minhas roupas são o mais simples que há.  Quando fugimos, eu e Bia só trouxemos alguma roupa e lá na casa dos pais de Rodolffo também não era necessária porque éramos simples.

Preciso comprar roupa para Bia.  Ela vai para a escola e não pode usar sempre a mesma.  Depois quando puder compro para mim.

Fiz um almoço ligeiro para nós três.

Arrumámos tudo e estávamos prontos para ir ver a nossa mãe.

Espinhos no caminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora