Sentámo-nos os quatro na àrea externa da casa.
- Então. Eu já conversei com o Tomé. Eu sei que vocês devem estar ansiosas para ver a vossa mãe, mas o meu conselho é que não vão por agora.
- Porquê? Perguntou Juliette.
- A mãe não está bem há muito tempo. Já não estava bem quando vocês fugiram e depois piorou.
Fala quase nada. Vive no mundinho dela.
A maior reacção que teve foi quando bateu no pai.- Uns dias ela está lúcida, mas na maioria não está, disse Rodolffo.
- Foi por nós fugirmos?
- Não Juliette. Ela já não estava bem. Lembraste que ela apanhava e não reagia? Depois continuou.
- E quando podemos ir, Rodolffo?
- Vamos ver durante esta semana como é que ela reage ao tratamento. Se estiver bem, vocês vão na próxima semana. Pode ser?
- Pode.
- Tomé, tu vais embora? Perguntou, Bia.
- Vou. Preciso de encontrar um trabalho. Quando eu puder pagar um apartamento, vais comigo para regressares à escola.
- Anda mano. Vamos dar uma volta.
Juliette e Rodolffo ficaram sózinhos.
- Rodolffo, eu tenho o salário que a tua mãe me paga. Ajuda o meu irmão a conseguir um emprego e depois eu pago o aluguer do apartamento para ele. Eu quero ver os dois a estudar o mais rapidamente possível.
- E tu, Juliette? Não queres voltar a estudar?
- Por agora não sinto vontade. A minha prioridade são eles.
- E quando isso acontecer vais embora com eles?
- Só se eles precisarem muito de mim. Ou se a minha mãe ainda precisar. Nunca serei ingrata com os teus pais.
- Também tens que pensar em ti.
- Eu estou bem assim. Tenho casa, comida, uma família que me trata bem.
- E a mim.
- Tu és parte da família.
- E se quiser ser algo mais?
Juliette baixou os olhos. Rodolffo estava sentado na sua frente. Puxou a cadeira mais para ela e segurou-lhe nas mãos. Ela olhou-o nos olhos e apertou as mãos.
- Não digas isso.
- Porque não? Não gostas de mim? É por eu ser mais velho? Ou por já ter um filho?
- Que conversa é essa? Desde quando eu disse que essas coisas me interessam?
- Então? Ainda não percebeste que eu gosto muito de ti?
- É por causa dos teus pais. Eles vão achar que eu me quero aproveitar.
- O que eu mais queria agora era que tu te aproveitasses de mim.
- Não digas isso. Não estou habituada a essas falas.
- Está bem, desculpa, mas quero saber se gostas de mim como eu gosto de ti.
- Gosto muito.
Rodolffo aproximou-se mais, olhou em volta e colou os lábios nos dela.
- Anda, vamos caminhar um pouco.
Foram os dois no sentido contrário de Tomé e Bia e quando já estavam bem distantes Rodolffo rodeou a cintura dela e beijou-a com paixão.
- E se os teus pais descobrem? Não sei como reagir.
- A minha mãe já sabe dos meus sentimentos por ti. Reage naturalmente. Eles gostam de ti.
- Sério. Que vergonha.
- Vergonha porque? Por gostarmos um do outro?
- Sempre pensei que podias ter uma namorada lá na cidade.
- Juro que nunca tive ninguém depois da mãe do Mateus.
- Gostavas muito dela?
- Amei-a muito. Será sempre uma boa recordação.
- E tens o Mateus para te lembrares dela.
- Não vais ter ciúmes duma recordação, pois não?
- Não. Estamos apenas a conversar.
- Vem cá. Tira da cabeça qualquer coisa que te perturbe. Se eu escolher estar contigo, eu vou estar a 100%.
- Está tudo bem, disse Juliette segurando-lhe no rosto.
Rodolffo beijou-a novamente antes de retornarem a casa.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.