Juliette contou tudo sem esconder nenhum detalhe. Durante todo o tempo, Beatriz permaneceu calada agarrada ao braço da irmã.
O sol já se punha lá no horizonte. Lúcia olhou para o marido como que a pedir a opinião.
- Logo, logo se faz noite. Não podemos deixar duas meninas tão novas andar por essa estrada a esta hora, disse José e Lúcia concordou.
Temos um quartinho aqui do lado da casa que tem um banheiro. Vocês podem ficar lá esta noite. Amanhã logo resolvemos o que fazer.
- Obrigada, senhora. Deus vos dê em dobro pela vossa gentileza.
- Vou preparar alguma coisa para vocês comerem. Devem estar famintas.
- Obrigada senhora. Nós temos muita sede. Nós comemos frutas, não temos muita fome.
- Mesmo assim eu vou preparar um prato para cada uma.
Nessa noite Juliette e Beatriz dormiram abraçados e serenas.
Lúcia e José conversavam no seu quarto.
- O que achaste da história delas, José?
- Eu acreditei nelas. Conheço o Amadeu. É um homem sem escrúpulos, capaz de um acto ediondo como o de casar com qualquer uma delas. O pai delas é bem pior.
- E que vamos fazer? Elas são tão novinhas.
- Eu sempre quis que tivesses uma companhia ainda mais agora com o bébé. Estou a ponderar deixá-las ficar. Gostei delas.
Quando eu saio e ficas sózinha, vou sempre preocupado. Uma pessoa a mais em casa era bom.
- Eu também senti carinho por elas. Vamos acolhê-las. Não vou ficar bem sabendo que elas estão por essas estradas.
No dia seguinte comunicaram a decisão e as duas irmãs pularam de alegria.
- Não vamos causar problemas. Eu prometo, disse Juliette.
Os dias passaram. Beatriz não largava o bébé Mateus. Ele aceitou-a muito bem.
Juliette ajudava Lúcia em todas as tarefas caseiras. Felizmente tinha aprendido muita coisa com a mãe.Hoje era sábado. Lúcia disse que o filho chegava para o almoço e precisavam fazer uma torta de maçã e alguma compota que ele adorava.
Foram as duas colher maçãs nas muitas macieiras da propriedade.
- O que fazem a tanta maçã?
- Olha! Muita cai ao chão e apodrece. Temos mais do que precisamos, apesar de vendermos algumas.
- E nunca pensou em fazer compota para vender? Todo o mundo gosta de uma boa compota.
- Nunca pensei, mas também eu sózinha não ia dar conta. É verdade, aqui há tanta variedade de fruta.
- Agora somos duas e a Beatriz. Pode pensar nisso.
Rodolffo chegou já perto da hora do almoço e sentiu o cheirinho a maçã.
Entrou na cozinha e estranhou ver uma moça jovem de avental e lenço na cabeça para esconder os cabelos.
- Olá mãe.
- Bom dia filho. Deixa apresentar-te a Juliette. Está agora connosco.
- Bom dia, senhor.
- Bom dia Juliette. Mãe, onde está o Mateus?
- Estava lá fora com a Bia. Não o viste?
- Não. Quem é Bia?
- A irmã de Juliette.
Rodolffo saiu e encontrou os dois sentados na relva do jardim traseiro.
Não percebeu porque aquelas duas moças estavam ali, mas deixou para falar com os pais depois.Mateus estendeu os braços em direcção ao pai que pegou logo nele.
- Olá Bia.
- Olá.
- Eu sou o pai do Mateus. Espero que ele não te dê trabalho.
- Não dá nenhum. Ele só quer brincar.
- Vou levá-lo.
Rodolffo levou Mateus para casa e Bia seguiu-o.
- Na cozinha terminavam o almoço.
- Beatriz, podes por a mesa na sala.
Habitualmente comiam na cozinha, mas sempre que Rodolffo estava optavam pela sala.
Juliette separou as loiças que Beatriz devia colocar na mesa.
- Porquê só três lugares, Juliette?
- Eu e a Bia comemos aqui. Não queremos abusar.
- Nem pensar. Nada muda por estar o Rodolffo. Ele é só o meu filho. Vocês comem connosco como todos os outros dias.
Rodolffo quis conversar com a mãe antes do almoço. Seguiram os dois para o escritório enquanto as duas irmãs ficaram na cozinha.
- E se ele mandar a gente embora? Questionou Beatriz.
- A mãe dele não vai deixar. Não te preocupes. Ele é boa pessoa se sair aos pais.
Enquanto isso no escritório.
- Mãe, quem são estas moças? E porque o meu filho estava sozinho com a mais nova? Onde está o pai?
- Calma. Uma pergunta de cada vez. Eu vou contar tudo.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.