Juliette voltou com os irmãos para casa. Bia estava um pouco abalada com tudo mas os irmãos logo trataram de a animar.
Ficaram a fazer planos e entretanto começaram a fazer o jantar.
- Por falar em jantar. Amanhã vou jantar com Rodolffo num restaurante.
- Shiii! Menina, como tá chic, disse Tomé.
- Pois é, mas nem tenho uma roupa de jeito para ir num restaurante. De certeza ele vai-me levar num restaurante fino. Eu não quero fazer feio.
- Olha. Ainda está cedo. Vamos ali no shopping comprar uma roupa.
- Não posso gastar dinheiro assim à toa.
- Não é à toa, mana. A ocasião merece, anda.
Lá foram os três. Elas duas há mais de 8 anos não entravam num shopping. A última vez ainda andavam na escola.
Juliette entrou numa loja, escolheu um vestido longo, cor de lavanda e de alcinhas. O decote pareceu-lhe exagerado, mas os irmãos não acharam.
- Esse mesmo, mana. Tem um moço aí que vai adorar tirar, disse Tomé.
Juliette deu um tapa no braço dele fazendo sinal para Bia.
- E sapatos?
- Eu tenho umas sandálias quase novas. Tem uma cor que fica bem aqui. Eu quase não usei e o vestido é comprido, tapa um pouco.
- Mas não tem salto, diz a Bia.
- E eu lá sei andar de salto? Não quero cair dos sapatos e fazer mais feio.
Voltaram para casa mas ainda compraram um pote de sorvete para todos.
Rodolffo já estava em casa.
- Onde foram? Já estava a ficar preocupado.
- Fomos ao shopping comprar sorvete.
- Só sorvete?
- Só. Põe aí na geladeira que vamos fazer o jantar.
Juliette entregou a sacola do vestido à Bia para levar para o quarto e foi para a cozinha.
Na manhã seguinte Tomé foi para a clínica, Bia ficou a dormir e Juliette juntamente com Rodolffo foram ao banco.
O gerente era seu conhecido, pois tinha conta ali.
Juliette deu o nome do pai e da mãe para verificar se havia conta activa nesses nomes.
- Negativo, disso gerente.
- Eu disse. O meu pai torrou o dinheiro todo.
- No teu nome, Juliette. Pode estar no teu nome.
- Eu era uma criança na altura.
- Dê-me a sua identificação.
Introduzidos os dados logo a expressão do gerente passou de céptico para espantado.
- Se não estivesse aqui uma senhora eu dizia uma asneira, doutor.
- Porquê?
- Já vos mostro. Ele imprimiu um extrato para eles verem.
- Caraca! É zero que nunca mais acaba.
- Juliette, tu estás rica.
O gerente puxou o início da conta.
Esta conta foi aberta quando a menina tinha 13 anos. Como estava só no seu nome só agora com a maioridade pode ter acesso a ela. Foi aberta pela sua mãe. Ela transferiu este valor da conta conjunta com o seu pai.
- Meu Deus, passámos por tantas privações e com tanto dinheiro.
- Juliette tens noção que a tua mãe fez isto para evitar que o teu pai gastasse tudo.
- Mas cortou-nos as pernas. Eu não estudei, a Bia não estudou e o Tomé coitado. Foi obrigado a trabalhar para comer.
- Não a julgues. Ainda assim ela pensou em vós. Se havia outra maneira, talvez, mas foi esta que ela arranjou.
- Eu não julgo. Só estou triste por todos.
Voltámos para casa. Juliette estava abatida. Bia via televisão e não percebeu a cara da irmã.
Juliette foi fazer o almoço. A cozinha era o lugar onde gostava de estar e a tranquilizava.
Rodolffo foi ajudá-la.
- Logo quero essa carinha mais alegre.
- Isto já passa. Só estou com muita raiva agora.
- Não estejas. Logos vais ver a tua mãe e vais mostrar-te feliz.
- Nem sei como contar aos manos. Tenho medo da reacção do Tomé.
- Eu vou estar contigo. Eles vão ficar bem.
- Obrigada e desculpa tanta chatice e trabalho.
- Não sejas tola. Estou aqui para isso e muito mais.
Ela sorriu, segurou na queixo dele e beijou-o.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.