José apenas era visto por volta da hora das refeições. O homem outrora cordial passou ficar em silêncio enquanto durasse a refeição.
- Está tudo bem, José? Estás muito calado.
- Não me apetece conversar.
- Mas já faz alguns dias que estás assim. De certeza que não se passa nada?
- Não. Já disse.
Lúcia não insistiu mais. Ia falar com ele mais tarde.
O senhor José quer sobremesa? perguntou Juliette.
- Não! Respondeu ele num tom agressivo.
Juliette percebeu a diferença de comportamento, mas resolveu ignorar.
Enquanto isso na cidade, Rodolffo tentava facilitar a vida a Tomé. Uma vez que ele não tinha uma profissão definida e a pouca idade também não ajudava, resolveu mantê-lo com ele na clínica.
Habituado a fazer de tudo um pouco lá na aldeia, Tomé fazia desde trabalho de electricista a recepcionista ou estafeta. Onde era necessário ele lá estava. Sorte de ter caído na graça do futuro cunhado.Maria da Luz estava em franca recuperação.
O filho passava algumas horas do dia conversando com ela e já conseguia manter um diálogo mesmo que fosse por pouco tempo. A medicação fazia com que ela dormisse bastante.
Um destes dias ela perguntou por Ju e Bia. Tomé respondeu que logo elas viriam. Ela apenas sorriu
Do marido nunca mais perguntou.As sessões de hipnose a que ela foi sujeita revelaram as mais diversas atrocidades que ela sofreu às mãos dele. Não era só a violência física, mas a violação com recurso a actos animalescos.
O silêncio ela justificou com protecção às filhas, pois o brutamontes ameaçava fazer-lhes o mesmo.
Lúcia estava deitada com o marido quando resolveu saber sobre a repentina mudança.
- Eu ouvi a tua conversa com Juliette.
- E que tem isso? Acaso não achas que o nosso filho mereça ser feliz?
- Não é isso. Essa menina apareceu aqui de páraquedas. Quem me diz a mim que não foi caso pensado?
- Como podes pensar assim? Tu ouviste a história dela, a mãe dela está na clínica do teu filho. Como podes duvidar?
- E se o Rodolffo resolver casar e levar o Mateus?
- O Mateus um dia vai ter que viver com o pai. É o normal? Nem que seja quando for para a escola ou queres que ele fique aqui de enxada na mão?
- Eu não quero pensar nesse dia.
- É por isso que estás assim? Com medo de levarem o Mateus?
- Sim. O nosso filho disse que nunca mais casar!
- Até aparecer alguém. Ele contou-me que gosta da Juliette. Deixa os dois. Não vamos interferir, se tiver que ser, que seja.
Só podemos abençoa-los. E eu gosto muito da menina. Educada, simples e muito trabalhadora.- Isso é. Não posso dizer o contrário.
- Então, relaxa homem. Não sofras por antecipação. O Mateus sempre será o nosso neto, aqui ou na cidade.
E já viste como a Juliette e a Bia gostam dele? Imagina o Rodolffo arranjar uma companheira que não sentisse amor por ele?- É. Tens razão.
- Conversa com o Rodolffo sobre as tuas preocupações. Ele sempre ouviu os teus conselhos.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.