Saí da cozinha furioso por minha mãe ter aparecido naquele momento.
Para disfarçar peguei a mamadeira do Mateus que por sinal estava vazia. Voltei para o meu quarto e tornei a deitar-me à espera que ele acordasse.Quando eu estava aqui, o Mateus dormia sempre no meu quarto. Eu fazia questão e a minha mãe também concordava.
Enquanto esperava fiz uma retrospectiva da minha vida desde que fiquei viúvo. Amei muito a minha esposa e por anos jurava a mim próprio que nenhuma outra ocuparia o seu lugar.
Este tempo de convívio com Juliette fizeram-me olhar para ela com outros olhos.
De há um tempo para cá eu tenho vontade de abracá-la e beijá-la. Eu ainda sinto algumas restrições por causa da idade dela.Nós temos 12 anos de diferença o que para mim não é importante. Espero que para ela também não seja.
Queria ter um tempinho com ela a sós, mas não vai ser este final de semana. O reencontro com o irmão já é emoção suficiente para agora. Até podia ser mal interpretado.Mateus acordou. Troquei-lhe a fralda e lá vamos nós tomar café.
- Bom dia gente. Já acordei.
- Vem cá à vóvó, meu amor. Juliette, prepara a mamadeira do Mateus.
- Sim.
Onde está a mamadeira? Estava aqui em cima da mesa.- Ah! Está lá no meu quarto. Vou buscar, disse Rodolffo saindo em direcção ao quarto.
Rodolffo entregou a mamadeira a Juliette e ao mesmo tempo piscou-lhe o olho.
- Os teus irmãos ainda não acordaram?
- Não. Fomos dormir já de manhã.
- E porque é que não dormiste mais um pouco? perguntou Lúcia.
- Estou habituada a dormir pouco. Mesmo quando me deito cedo, durmo pouco.
Aqui está a papa do Mateus. Será que ele vai querer fruta?- Ele come da minha, respondeu Rodolffo.
Após o café Lúcia quis conversar com Rodolffo a sós.
Com o Mateus no colo foram dar uma caminhada pela propriedade.
- Desculpa filho, não quero interferir na tua vida, mas o que foi aquilo mais cedo na cozinha?
- O quê, mãe?
- Tu e a Juliette. Não finjas que não foi nada que eu bem vi o clima de intimidade.
- Não foi nada. Foi só um carinho na bochecha dela.
- Gostas dela, filho?
- Eu acho que sim, mãe.
- Não te precipites. Não faças nada sem teres a certeza. Ela é boa moça não merece ser magoada.
- Não é minha intenção magoá-la. Depois da minha esposa nunca senti por mais nenhuma o que estou a sentir por Juliette.
- Se tiver que ser terão o meu apoio, mas vai com calma.
- Ela deve querer ir ver a mãe, mas eu não aconselho para já. Já conversei com o Tomé sobre isso e preciso conversar também com elas.
- Está assim tão mal, a mãe?
- Tem alguns rasgos de lucidez, mas na maior para do dia vive num mundo só dela.
Voltaram para casa. Tomé e Bia já estavam a tomar café.
- Quando terminarem, eu estarei lá fora. Preciso conversar com os três.
Juliette saiu com Rodolffo enquanto os irmãos continuaram a comer.
- O que foi Rodolffo? O que quer falar connosco?
- É sobre a vossa mãe, mas já é tempo de me tratares por tu.
- Sempre fui ensinada a tratar os mais velhos por senhor.
- Mais velhos? Quer dizer que eu sou velho?
- Mais velho que eu, é.
- E numa relação entre homem e mulher, achas que a idade importa?
- Como quando o meu pai me quis casar com um homem de sessenta?
- Aí nem eu concordo, mas faz de conta, a minha idade e a tua?
- São só 12 anos de diferença. Nem é muito. Quer dizer, se um tiver 12 e o outro 24 já não acho bem.
- Não. Eu e tu. Tu namoravas uma pessoa da minha idade?
- Se eu gostasse muito, não tinha problema.
- Chegámos. O que nos quer dizer, Rodolffo.
Sempre nos piores momentos, pensou Rodolffo.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.