Durante o jantar, Rodolffo revelou a todos que ele e Juliette estavam namorando.
Lúcia e Bia sorriam, bateram palmas e deram os parabéns. José ficou calado, olhou apenas para a esposa.
- Não dizes nada, pai?
- Não tenho nada com isso. É a tua vida.
- Juliette encheu-se de coragem e falou.
- Senhor José. Se tiver alguma coisa contra é melhor falar na minha frente. Tem dias que o senhor anda estranho comigo e eu não sei porquê. Eu gosto do seu filho, mas não quero perturbar a vossa casa.
- Quem disse que perturbas? Perguntou Rodolffo.
- Não sei. Tenho essa sensação.
- Não é nada contigo especificamente, Juliette. Eu vou ser bem directo, Rodolffo.
Eu não quero ficar longe do Mateus.- Oh gente! E quem disse que vais ficar?
- Filho, eu sei bem como é. Agora é namoro, depois casamento e logo levas o Mateus para morar contigo.
- Que é o normal, não pai?
- Sim, só que eu ainda não estou mentalizado para isso.
- Calma. Não vou casar amanhã. E quando ele for para a escola? Aqui não tem escola.
- Desculpa o teu velho pai, meu filho. Juliette, desculpa também se causei má impressão.
- Está desculpado, senhor José.
O jantar seguiu mais leve.
Juliette e Bia foram para a cozinha deixando os pais a conversar com Rodolffo.
Bia era a mais entusiasmada.
- Mana, conta-me. Namorar é bom?
- Muito bom. Olha o meu anel. Rodolffo quem deu.
- Que lindo.
- Ele vai levar-nos para ver a mãe. Vamos ficar na cidade uma semana.
- Na casa dele?
- Sim. É onde mora o Tomé.
Na sala, pais e filho tinham a mesma conversa.
- Tens a certeza que a mãe está pronta para as ver?
- Sim mãe. Ela tem perguntado por elas.
- Porta-te bem com a Juliette. Lembra-te que ela é muito nova e não sabe quase nada da vida. Não é como essas mulheres vividas com quem convives.
- Não sou nenhum moleque, mãe.
- Eu sei, mas a ocasião faz o ladrão. Lembra-te que vais estar com dois adolescentes lá em casa.
- O Tomé nos seus 16 anos é mais homem que muitos por aí. O sentido de responsabilidade daquele jovem é absurdo. A Bia é aquele doce que vocês conhecem.
- Vou sentir falta delas, disse Lúcia.
- É só uma semana, mãe. Pelo menos até as aulas começarem. Vou ver com a Juliette uma escola para a Bia.
- Eu aqui preocupado com uma bobagem e essas meninas com tantos problemas. Como me sinto egoísta agora, disse José.
- Vês, pai! Ainda que eu me case com a Ju, nunca te abandonaremos.
- Era mais fácil se tivesses sido engenheiro agrónomo, mas foste logo ser médico.
- Seria um péssimo engenheiro.
- Podias ser médico de aldeia, mas optaste pela cidade. Lá há mais oportunidades.
- Quem sabe um dia venho para a aldeia. Eu acho que ia adaptar-me a este estilo de vida mais calmo.
Mantenho a clínica na cidade e venho viver para a aldeia.- Não cries minhocas na minha cabeça, disse o pai.
Eu sei que aquela clínica é a tua paixão.- E é verdade. Foram anos de luta para conseguir aquele espaço. Luta minha e sacrifício vosso. Sem vocês nunca teria conseguido. Serei sempre agradecido por isso e muito mais.
- Agora diz-me uma coisa, filho. Estás certo do namoro com a Juliette? Ela é tão novinha.
- Nunca tive tanta certeza, pai. E a idade para nós não faz diferença.
- Então, os dois têem a minha bênção e a da mãe.
- A minha já tinham desde que eu desconfiei dos olhares do nosso filho para ela.
- A mãe sempre à frente de tudo, não é pai?
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.