CAP. XVII

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Durante o jantar, Rodolffo revelou a todos que ele e Juliette estavam namorando.

Lúcia e Bia sorriam, bateram palmas e deram os parabéns.  José ficou calado, olhou apenas para a esposa.

- Não dizes nada, pai?

- Não tenho nada com isso. É a tua vida.

- Juliette encheu-se de coragem e falou.

- Senhor José.  Se tiver alguma coisa contra é melhor falar na minha frente.  Tem dias que o senhor anda estranho comigo e eu não sei porquê.   Eu gosto do seu filho, mas não quero perturbar a vossa casa.

- Quem disse que perturbas?  Perguntou Rodolffo.

- Não sei.  Tenho essa sensação.

- Não é nada contigo especificamente,  Juliette.  Eu vou ser bem directo, Rodolffo.
Eu não quero ficar longe do Mateus.

- Oh gente!  E quem disse que vais ficar?

- Filho, eu sei bem como é.  Agora é namoro, depois casamento e logo levas o Mateus para morar contigo.

- Que é o normal, não pai?

- Sim, só que eu ainda não estou mentalizado para isso.

- Calma.  Não vou casar amanhã.   E quando ele for para a escola?  Aqui não tem escola.

- Desculpa o teu velho pai, meu filho.  Juliette,  desculpa também se causei má impressão.

- Está desculpado,  senhor José.

O jantar seguiu mais leve.

Juliette e Bia foram para a cozinha deixando os pais a conversar com Rodolffo.

Bia era a mais entusiasmada.

- Mana, conta-me.  Namorar é bom?

- Muito bom.  Olha o meu anel.  Rodolffo quem deu.

- Que lindo.

- Ele vai levar-nos para ver a mãe.   Vamos ficar na cidade uma semana.

- Na casa dele?

- Sim.  É onde mora o Tomé.

Na sala, pais e filho tinham a mesma conversa.

- Tens a certeza que a mãe está pronta para as ver?

- Sim mãe.   Ela tem perguntado por elas.

- Porta-te bem com a Juliette.   Lembra-te que ela é muito nova e não sabe quase nada da vida.  Não é como essas mulheres vividas com quem convives.

- Não sou nenhum moleque, mãe. 

- Eu sei, mas a ocasião faz o ladrão.  Lembra-te que vais estar com dois adolescentes lá em casa.

- O Tomé nos seus 16 anos é mais homem que muitos por aí.  O sentido de responsabilidade daquele jovem é absurdo.  A Bia é aquele doce que vocês conhecem.

- Vou sentir falta delas, disse Lúcia.

- É só uma semana, mãe.  Pelo menos até as aulas começarem.  Vou ver com a Juliette uma escola para a Bia.

- Eu aqui preocupado com uma bobagem e essas meninas com tantos problemas.  Como me sinto egoísta agora, disse José.

- Vês, pai! Ainda que eu me case com a Ju, nunca te abandonaremos.

- Era mais fácil se tivesses sido engenheiro agrónomo,  mas foste logo ser médico.

- Seria um péssimo engenheiro.

- Podias ser médico de aldeia, mas optaste pela cidade.  Lá há mais oportunidades.

- Quem sabe um dia venho para a aldeia.  Eu acho que ia adaptar-me a este estilo de vida mais calmo.
Mantenho a clínica na cidade e venho viver para a aldeia.

- Não cries minhocas na minha cabeça, disse o pai.
Eu sei que aquela clínica é a tua paixão.

- E é verdade.  Foram anos de luta para conseguir aquele espaço.   Luta minha e sacrifício vosso.  Sem vocês nunca teria conseguido.   Serei sempre agradecido por isso e muito mais.

- Agora diz-me uma coisa, filho.  Estás certo do namoro com a Juliette? Ela é tão novinha.

- Nunca tive tanta certeza, pai.  E a idade para nós não faz diferença.

- Então,  os dois têem a minha bênção e a da mãe.

- A minha já tinham desde que eu desconfiei dos olhares do nosso filho para ela.

- A mãe sempre à frente de tudo, não é pai?

Espinhos no caminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora