CAP. VIII

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Tomé e Maria da Luz chegaram à cidade grande.  Era domingo é procuraram uma hospedaria que o pouco dinheiro que tinham pudesse pagar.

Para ficar mais barato e porque não queria deixar a mãe só, pediu apenas um quarto com duas camas.
Estavam ambos cansados,  mas depois da mãe pegar no sono, Tomé deixou o quarto e foi conversar com o dono da hospedaria.

Conversaram sobre trabalho, mas primeiro Tomé queria um conselho para que lhe indicassem um médico para tratar da mãe.

- Olha, meu jovem.  Aqui ao fundo da rua tem uma clínica.  Hoje é domingo, mas amanhã vai lá.  O Dr. Rodolffo é muito querido por toda a gente.

- E será que é caro?  Eu não tenho muitos recursos.

- Não tenhas receio.  Vai lá conversar com ele e depois resolves.

- Obrigado.  Se souber de algum trabalho que me possa indicar eu agradeço.  Qualquer coisa, eu faço.

Tomé foi no mercado e comprou algumas frutas, pão e biscoitos para levar e comer com sua mãe.   Tinha que economizar o dinheiro para sabe-se lá quantos dias.  Trouxe um chocolate também pois sabia que a mãe adorava.

Entrou no quarto e ela ainda dormia.   Deitou-se na sua cama e cochilou. 
O cochilo foi breve, mas sonhou com as suas irmãs.   Nele via as duas felizes e sorridentes.

Sua mãe acordou,  olhou tudo em volta e seus olhos encheram-se de lágrimas.   Tomé foi até ela e aconchegou-a nos braços.

- Vai ficar tudo bem, mãe.  Agora somos só nós dois.

- Ju e Bia? Pela primeira vez ela perguntou pelas filhas.

- Estão bem.  Logo, logo a gente encontra-se com elas.  Eu prometo.

Ela deu um beijo e fez uma festa no rosto dele, coisa que ele já tinha esquecido o que era.  Ficou feliz.  À maneira dela estava reagindo.

Na manhã seguinte depois de tomarem o café que estava incluído na diária foram os dois até à clínica.

Na recepção Tomé preencheu os papeis necessários e sentou-se na sala de espera.

- Sra. Maria da Luz,  chamou a enfermeira.

Rodolffo lia a ficha de inscrição da paciente nova e não teve como não notar na semelhança dos nomes que ouvira Juliette falar.

Deve ser só coincidência,  pensou.  Os familiares dela moram na aldeia nova e aqui tem a morada desta rua.

Foi tirado destes pensamentos com a entrada de uma senhora e um jovem.

- Prazer, sou o dr. Rodolffo.   O que os trás por cá?

Tomé contou o historial da mãe, já que ela nada dizia.

Rodolffo estava cada vez mais certo de que se tratava da mãe e irmão da Juliette.

- Tomé,  a sua mãe precisa de passar por uma bateria de exames.  Só depois poderemos fazer um diagnóstico certo.

- Isso é muito caro, Doutor?

- Não se preocupe.  O essencial é cuidar dela.  Pode deixá-lá cá hoje? Onde estão a viver?

- Na hospedaria ao fundo da rua.  Foi o dono que me indicou o doutor.

- Vou deixar vocês conversarem.  Explique a ela que precisa ficar cá e depois volte que eu tenho mais algumas perguntas para fazer.

Tomé foi com a mãe acompanhados de uma enfermeira para uma outra sala.

Depois de explicar à mãe tudo o que era necessário fazer, voltou à sala de espera,  enquanto a enfermeira levava a mãe.  Rodolffo estava agora com outro paciente.

Tomé estava nervoso e suava das mãos.   Passava a mão pela coxas de modo a limpar o suor nas calças.  Foi até o banheiro para lavá-las e quando regressou foi  chamado pela enfermeira.

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