CAP. X

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A conselho de Rodolffo,  Tomé aceitou que sua mãe ficasse internada por um tempo antes de poder encontrar-se com Juliette e Bia.

Já faz quase uma semana que Tomé vive no apartamento de Rodolffo e tem passado os dias à procura de um trabalho que lhe permitisse alugar um apartamento para si e posteriormente para sua mãe também.

Após o fim do expediente,  partiram os dois para casa dos pais de Rodolffo.

Tomé era muito falador.  Contava as façanhas dele e das irmãs e de como eles aprontavam e muito.  Rodolffo ouvia com muita atenção.

A viagem demorou cerca de duas horas.  Ainda iam a tempo de jantar, pois nos dias da chegada dele comiam sempre mais tarde.

Rodolffo estacionou o carro e pediu a Tomé para não sair.  Tomé estava muito ansioso.

Como de costume Rodolffo entrou pela porta da cozinha.   Juliette e sua mãe estavam de prosa junto ao fogão.   Cumprimentou as duas com um beijo na face e foi até à sala onde   seu pai e Bia, davam atenção a Mateus.

Beijou todo e mundo e pediu para todos irem para a cozinha. Quando estavam todos reunidos foi até à porta e falou:

- Tenho uma surpresa para estas duas meninas lindas.

Juliette e Bia olharam uma para a outra sem entenderem nada.

- Fechem os olhos.  Rodolffo fez sinal para Tomé vir.

Tomé entrou na cozinha, Rodolffo pediu silêncio aos pais e mandou as duas abrir os olhos.

Bia foi a primeira a chegar junto de Tomé e pulou no colo dele.  Juliette abraçou aos dois.  Os três choravam.  Juliette fazia carinhos no rosto do irmão enquanto ele lhe afagava os  cabelos.   Bia não saía do colo dele.

Lúcia e José soltaram algumas lágrimas e até Rodolffo não resistiu.

Depois do choque inicial, Juliette veio abraçar Rodolffo e pela primeira vez ele sentiu o coração acelerado.  Apertou-a junto ao peito e sentiu o perfume dos seus cabelos.

Bia também veio dar-lhe um beijinho e agradecer.

Feitas as devidas apresentações,  sentaram-se para jantar.  As meninas queriam mais notícias,  mas Tomé disse que conversavam depois do jantar.

Então elas só perguntaram pela mãe e Tomé não deu muitas explicações.   Apenas disse que estava bem.

Foi disponibilizado um colchão para que Tomé dormisse no quarto das irmãs já que elas não deixaram ele dormir noutro quarto.   Elas queriam saber tudo o que tinha sido a vida dele após a fuga.

Já a madrugada vinha e eles ainda conversavam.  Apesar de tudo elas choraram a morte do pai mas muito mais a doença da mãe.
Entenderam o porquê dela não ter ido e iriam vê-la logo.

Contaram da sua chegada ali, de como foram acolhidas e que estavam felizes.  Tinham encontrado gente boa e que as tratavam como filhas.

- Eu entendo.  Por isso o filho também é assim.  Nunca vou conseguir agradecer o que ele está a fazer por mim e pela mãe.  Tive tanta sorte de ir àquela clínica.

Foram dormir já o dia clareava.  Juliette dormiu no chão,  no colchão,  porque a Bia insistiu para dormir com o irmão.   Não o queria largar com medo de não ser real.

Apesar de ter dormido pouco, Juliette à hora normal estava na cozinha a preparar o café.  Não havia barulho na casa, sinal de que todos ainda dormiam.

Juliette esperava que a àgua fervesse  quando ouviu atrás de si.

- Já levantada?

- Sim.  Vim fazer o café, mas ainda é cedo para si.

- Não consegui dormir.  Foi uma noite muito agitada.

- Por causa do nosso reencontro?

- Também, mas foi outra coisa que me tirou o sono.

- O quê?

- O teu abraço, disse ele passando o polegar pela bochecha dela.

- Bom dia meninos, disse Lúcia entrando de repente.

- Bom dia mãe, respondeu Rodolffo saindo com a mamadeira do Mateus vazia, na mão.

Espinhos no caminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora