CAP. XXVI

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Rodolffo estava com a cara emburrada.  Estávamos de viagem para a casa dos pais dele e não via com bons olhos eu ficar lá.

Expliquei à minha mãe porque íamos ficar alguns dias sem nos ver e ela entendeu.  Talvez quando regressar ela possa deixar a clínica e ir para casa.

- Eu converso com a minha mãe,  Ju.

- Deixa que esse assunto é meu.  Eu resolvo com ela.

Bia seguia no banco traseiro.  Phones nos ouvidos, nem ouvia a nossa conversa.

- Até parece que não queres ficar comigo.

- Deixa de ser criança mimada.  O mundo não gira à tua volta.  Nem a minha irmã fez as birras que tu fazes.  E olha que ela não queria deixar a mãe.

- Não digo mais nada.  Faz como quiseres.

- Melhor.

Já estávamos perto de chegar e não dissemos mais nada.

O Mateus era uma alegria só quando viu a Bia.  Lúcia também estava feliz assim como o senhor José, pelo nosso regresso.

Rodolffo cumprimentou os pais e o filho e seguiu com a mala para o seu quarto.

Lúcia percebeu o mau humor dele e questionou Juliette.

- Deixe, dona Lúcia.   Depois conto.  Coisas de menino mimado.

- Como foi lá com a tua mãe?  Como ela está?

Juliette contou algumas coisas enquanto olhava Lúcia a lavar a salada.

- Deixe eu ajudar aí.

- Já estou a terminar.

Juliette contou do apartamento que alugou, do dinheiro e das melhoras da mãe.

- Então agora vais deixar-nos?

- Isso preciso conversar consigo e isso também é o motivo do mau humor do seu filho.

- Não se zanguem por minha causa.

- Não é por sua causa.  Ele quer as coisa do jeito dele e eu do meu.  Só precisamos achar o meio termo sem magoar ninguém.

Rodolffo entrou naquele momento e abraçou as duas.

- Conspirando contra mim?

- Não.   Conversando só.

- Demora muito o jantar, mãe?

- Não.   Mais uns 20 minutos.

- Então vou roubar a minha namorada que eu tenho uma coisa para falar com ela.  Vem ali no meu quarto.

Juliette seguiu com ele e sentou-se na cama.  Ele fechou a porta e sentou-se junto dela.

- Desculpa por ser tão egoísta.   Eu agradeço o carinho que tens pela minha mãe.

- Não podia ser de outro jeito.  Foi num momento bem difícil da minha vida que ela e o teu pai me estenderam a mão.   Como é que posso simplesmente ir embora de um dia para o outro.

- É.  Tens razão.   Faz o que o teu coração mandar.  Eu vou estar sempre à tua espera.  Perdoa-me.

Juliette deu-lhe um selinho.

- Tem outra coisa que preciso dizer, Rodolffo.   Eu não vou dormir aqui contigo.  Debaixo do tecto dos teus pais eu não me sinto à vontade.

- Ishhh!  Complicou.  Vou morrer de saudade.

- Vais nada.  A gente vai dar um jeito.   Fugimos para o milharal.  Uma rapidinha.

- Riram os dois imaginando a cena.

Rodolffo deitou-a na cama e por cima dela deu-lhe muitos beijos.

Quando a coisa começava a esquentar, separaram-se e seguiram para a cozinha.

Juliette piscou o olho a Lúcia.  Elas tinham uma ligação melhor que muitas mães e filhas.

- Rodolffo, vai buscar o pai, o Mateus e a Bia.  Não sei por onde andam.

- Eu ouvi vozes no quarto do Mateus.   A Bia deve estar a brincar com ele e o brinquedo que trouxemos.  Também trouxe um presente para si e para o senhor José.

- Obrigada,  filha.  Não precisas de te incomodar.

- É só um agrado por tudo o que tem feito por nós.

- Faço de coração e porque vocês merecem.

- Por isso me custa tanto tomar uma decisão sobre o meu futuro.

- Mas não penses muito em mim.  Eu já vivi muito.  Agora é a tua vez.

Juliette abraçou Lúcia e deu-lhe um beijo no rosto.

- Obrigada, mãezona.

Espinhos no caminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora