Regressaram à cozinha para deixar os morangos e como previsto, Lúcia deu bronca nos dois.
- Eu vou tomar banho junto com o Mateus, disse Rodolffo.
- Trouxeste tanto morango porquê José?
- Uns para o nosso almoço e o Rodolffo disse que queria compota de morango. Fazes, Juliette?
- Faço sim, sr. José.
Após o almoço, Rodolffo levou Juliette até ao pomar. Sentaram-se debaixo de uma mangueira à sombra.
- Correu tudo bem por aqui?
- Sim. Apenas o teu pai teve um comportamento diferente.
- Diferente como?
- Esteve mais calado e quando me respondia parecia mais agressivo. Não sei se a tua mãe contou sobre nós e ele não gostou.
- Depois eu falo com ele. Agora vem cá. Eu quero um beijo.
Juliette estava sentada no colo dele e iniciou o beijo.
- É difícil ficar a semana sem te ver.
- Eu vou levar-te junto com a Bia para verem a vossa mãe. Vais ficar uma semana comigo.
- Sério? Ela já está mesmo bem?
- Está melhor. Ainda não totalmente. Estes processos são demorados, mas já perguntou por vocês.
- Tenho tantas saudades dela.
- Eu entendo, mas é para o bem dela.
- Não sei como agradecer o que estás a fazer por ela e por nós.
- Eu sei.
Rodolffo retirou do bolso das calças um anel e disse;
- Agradece sendo minha namorada.
Ela apoiou a cabeça no seu ombro abraçando-o.
- Eu quero muito, mas porque eu gosto de ti, não porque estou agradecida.
- Eu sei. Foi uma maneira de falar. Eu não tenho muito jeito para estas lamechices. Esqueci-me do que é o romantismo.
- Não acredito. Tens cara de jantares à luz de velas, ramos de flores e outros, mas também tens cara de safadezas.
- Safadezas é comigo. Lingerie sexi, calcinhas comestiveis, óleos e leite condensado.
- Leite condensado?
- Sim. É muito bom. Nunca experimentaste?
- Rodolffo! Tu és o meu primeiro namorado.
- Que bom. Havemos de experimentar isso e muito mais.
- Eu assim fico com vergonha.
- Não tenhas. Prometo descobrir contigo as coisas boas da vida.
- E eu vou ficar uma semana lá na tua casa?
- Sim. Lá tem três quartos. O meu, o do Tomé e outro, mas eu quero que tu fiques comigo.
- O Tomé já arranjou trabalho? Juliette tentou mudar o ruma da conversa.
- Juliette, o Tomé tem dezasseis anos. Na cidade dificilmente arranja trabalho em que tenha tempo para estudar.
Agora está connosco na clínica. Quando abrirem as matrículas, vai voltar à escola. Precisamos resolver como vai ser da Bia.- Eu tenho pensado nisso. Eu posso ir para a cidade com ela, mas aí tenho que deixar a tua mãe sózinha com a loja e eu não quero.
- Sempre os outros à tua frente.
- Eu gosto de fazer compotas e licores. E, Rodolffo eu não sei fazer mais nada. Parei de estudar aos 13 anos. Vou para a cidade viver de quê?
- Realmente, o vosso pai atrapalhou a vida de toda a gente, mas se quiseres ainda podes voltar à escola.
- Não. Já decidi que não volto. Eu vou ter sucesso mas não pela via académica.
Não tens vergonha de mim por ser quase ignorante?- Nunca mais digas isso. Não é um diploma que define o carácter de alguém. Conheço alguns diplomados que são a escória da sociedade.
E depois gosto de ti com cheirinho a maçã, a canela, a morango e outros frutos.- Às vezes cheiro a pimentão, a pimenta, a chuchu e outras menos doces.
- Também têem compotas disso?
- Sim. Tudo serve para compotas, conservas e molhos.
- Vês. O talento também está nessas coisas, mas não quero falar mais disso. Quero falar de nós dois.
- O que queres saber?
- Não quero saber nada. Quero beijar-te muito. Queria muito fazer amor contigo, mas eu vou esperar a hora e o tempo certo.
- Não quero fazer isso na casa dos teus pais.
Rodolffo colou os lábios nos dela passando os dedos por entre os cabelos.
Juliette estava sentada no colo dele abraçando a sua cintura com as pernas.
Sentindo a erecção dele, afastou-se quando o beijo terminou e sentou-se ao seu lado.
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Espinhos no caminho
FanfictionPor cada espinho encontrado no caminho, encontrarás o dobro da forças para os arrancares.