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Obs: este capítulo ainda não foi atualizado.

Caçada concluída

ELLIE HARPER

Bato na porta e aguardo.
Uma senhora abre, tem cabelo grisalho curtinho, na altura dos ombros. Elegante e bem vestida.

Depois de algumas perguntas pela rua, descobri o sobrenome da família e qual a exata casa.

- Olá! -ofereço um sorriso gentil.
- Olá, posso ajudar?
- Senhora Miller?
- Eu mesma.

- Desculpe incomodar... Mas eu sou psicóloga, nova na cidade. Fiquei sabendo sobre o que aconteceu com seu filho.

Ela me olha desconfiada. Ofereço a mão.
- Perdão, não me apresentei. Sou Ema Johnson. Prazer em conhecer.
- Igualmente. -ela aperta minha mão.

- Fiquei sabendo do ataque e fiquei muito comovida. Sou especializada em atendimento infantil. Pensei que talvez pudesse contribuir com algumas sessões de terapia.
- Ah, eu acho que sería muito bom. Jack vive trancado no quarto, não está nem comendo direito!

- Eu entendo. Esses comportamentos são muito comuns em um pós trauma. Me ofereço para ajudar.
- Quanto custaria?
- Ah, que isso! Não vou cobrar. É uma gentileza. Fiquei tão comovida com a notícia... Por favor, me deixe ajudar. Sem custo algum.

- Tem certeza?
- É claro!
- Bem... Nesse caso... Entre! Seja bem vinda.
- Obrigada!

Ao entrar, o cheiro maravilhoso de café recém passado está infestando a casa. Ela aponta para que eu me sente na mesa. Serve uma xícara de café e me entrega. Não recuso.
- Então, senhora Miller... Pode me explicar melhor o que houve?

- Pode me chamar de Miriam.
- Certo... Então, Miriam... Pode explicar melhor?
- Bem... Foi cerca de um mês atrás. Era noite, Jack encontrou alguns fogos de artifício pela casa. Nos esperou dormir e saiu para a rua.
- E a besta apareceu?
- Eu não sei o que era. Mas não era humana... Um urso, talvez.

- O quê seu filho disse?
- Que era um lobo enorme. -ela diz, e ri sem humor- Mas eu não acredito muito. Quando eu e meu marido escutamos o barulho do primeiro explosivo, acordamos e estávamos descendo as escadas para dar uma bronca em Jack.

Ela faz uma pausa, bebendo um gole de café.
Adiciono açúcar no meu e mexo com uma pequena colher.

- Estávamos descendo... E aí ele começou a pedir socorro. Corremos. E quando chegamos alí fora... O animal já havia corrido.
- Seu filho se machucou?
- Ficou paraplégico. E provavelmente vai ficar assim o resto da vida.

- Sinto muito... Fiquei sabendo que não foi o primeiro ataque.
- Não. Tiveram outros dois... Os corpos foram encontrados aos pedaços. E sem coração. Eles acham que foi o mesmo animal. Meu filho foi o primeiro sobrevivente.

- Sinto muito pela situação.
- Agora ele está diferente. Ele não come direito, anda tão quieto...
- Trauma. Deve ter ficado apavorado com tudo isso. Mas... Sabe me dizer porque a criatura correu?

- Porque ele enfiou um dos explosivos na face do urso.

- Aconteceu ali na entrada?
- Não. Temos um quintal nos fundos...
- Posso conversar com seu filho?
- Não sei se ele vai querer. Mas pode. Venha, por aqui.

Bebo mais alguns goles do café e então a sigo. Ela segue por um corredor pequeno, as paredes são tão brancas que o sol que bate nelas quase me deixa cega.
Ela dá três toques e então abre a porta no final do corredor.

- Jack? Temos uma visita.

Eu adentro o quarto, indo até ele em passos demorados.
Está de costas para mim.

𝙃𝙪𝙣𝙩𝙚𝙧𝙨 - 𝘿𝙚𝙖𝙣 𝙒𝙞𝙣𝙘𝙝𝙚𝙨𝙩𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora