Pornstar - Jenlisa

Capítulo 20 - Decision Taken

O restaurante onde iria encontrar Kai era bastante conhecido por nós dois. Na época em que estávamos juntos, aquele restaurante italiano serviu de ponte para muitos jantares românticos e amorosos. Não queria ir àquele lugar - me trazia lembranças nada agradáveis - mas eu também não queria me alongar muito quando ele me ligou, então, a única opção que me restou foi aceitar.

Agora, estava tomando fôlego pela última vez, antes de entrar no restaurante e ir em direção à mesa onde ele, provavelmente, estava me esperando.

Quando o vi, a minha primeira reação foi prender uma grande risada. Era impossível não olhar para ele e não me lembrar de Lalisa o chamando de "cara de virgem", mas, assim como a graça veio rapidamente, logo se fora. Lembrar-me de Lisa me trazia um terrível aperto no peito.

Nosso último encontra havia sido mágico, porém, havia acabado de uma forma trágica e a culpa era toda minha.

Mas, agora, eu estava ali para fechar - de uma vez por todas! - um ciclo da minha vida. Eu só esperava que desse tudo certo.

-Jenniw, você está lindíssima! - Kai disse, se levantando e vindo em minha direção.

Galanteador como sempre, ele pegou minha mão e a beijou, antes de me guiar até a nossa mesa e arrastar a cadeira para que eu pudesse me sentar.

- Quando você aceitou meu convite, eu mal pude acreditar! Muito obrigado por ter vindo hoje, você sabe como fazer um homem feliz.

-Kai, seus galanteios não me afetam mais. Por favor, podemos pular essa etapa e ir direto para o assunto que vim tratar com você.

Ele sorriu de lado e balançou a cabeça, chamando o garçom com um dedo.

- Vamos, primeiro, dar uma olhada no cardápio de vinhos e checar a dica do chef para o nosso jantar. Uma noite ao seu lado, Jennie, depois de toda a burrada que eu fiz, tem que ser perfeita. Não vou deixar que essa noite se acabe no primeiro segundo em que pude colocar meus olhos em você. - disse, antes que o garçom chegasse à nossa mesa.

Kai pediu um vinho italiano de safra 2003 e, como conhecíamos o restaurante, seguimos a dica do chef para o nosso menu daquela noite. Tão rápido quanto se fora, o garçom voltou com o vinho e antes de sair, disse que voltaria com a comida em cinco minutos.

- Como está a sua... Amiga?

Olhei para Kai por cima da taça e, antes de respondê-lo, degustei o vinho lentamente. O filho da mãe era um bom conhecedor disso, tinha que admitir.

- Está bem. Por que o interesse? - Nada demais. Eu fiquei bastante intrigado. Como conheceu um tipo de pessoa como ela? Vocês simplesmente não combinam!

- E quem você pensa que é para falar assim dela? - me ouvir dizer, antes que pudesse pensar.

Mas apenas o olhei de formar dura, deixando bem claro que não toleraria que ele falasse mal de Lalisa na minha frente.

- Acalme-se, eu não falei por mal. Ou melhor... Eu fui - apenas sincero. Você sempre foi doce e recatada, pelo menos ficou assim depois que ficamos juntos. Simplesmente não consigo a imaginar se relacionando com esse tipo de gente. Você nem ao menos assistia a filmes pornôs, não entendo como se tornou tão... Intima, daquela coi... Pessoa.

Bufei alto, já o reprendendo silenciosamente.

- Você não precisa entender, Kai, até por que... Você não faz parte da minha vida. No momento em que Lisa apareceu, você não convivia mais comigo e isso é tudo que vou lhe dizer sobre meu relacionamento com ela.

Ele me olhou com uma taça parada a meio centímetro de seus lábios. Seus olhos se arregalaram minimamente com aquilo. Era exatamente isso que eu queria: coloca-lo contra a parede, deixa-lo totalmente sem argumentos.

- Você gosta dela. - ele soltou, do nada, enquanto pousava a taça em cima da mesa. - Eu não posso acreditar, Jennie! Como se deixou levar por uma pessoa como ela? Ela é uma maldita atriz pornô, não é a pessoa certa para você!

- Lave sua boca ao falar dela, Kai. Ela é mil vezes melhor do que você jamais seria, entendeu? - falei, olhando diretamente em seus olhos. - Cale a sua boca e pare de falar sobre Lalisa dessa forma, ou eu me levanto e vou embora agora mesmo!

Ele riu e se recostou na cadeira, olhando diretamente para mim. Quando abriu a boca para falar mais alguma coisa, o garçom chegou com os pratos. Minutos de silêncio se passaram depois que o garçom se retirou e eu olhei para o prato com camarão à minha frente, sentindo meu estômago embrulhar. A fome havia me deixado completamente.

- Me desculpe, Jennie, você tem razão. - murmurou com a voz mais calma, me fazendo olhar para ele. Depois de alguns segundos, ele prosseguiu: - Eu não tenho o direito de julgar as suas escolhas, ou com quem você se relaciona, eu só... Eu só quero te proteger, entende? Depois de tudo o que eu fiz... Eu percebi que eu perdi uma mulher maravilhosa, a mulher que eu mais amo no mundo inteiro. - tocou em minha mão por cima da mesa. - Por favor, me dê mais uma chance. Eu sei que eu posso te fazer feliz, um amor como sentimos um pelo outro não pode acabar assim. Eu sei que você ainda gosta de mim, por favor, não desista de nós dois.

Ele tirou a mão de cima da minha e tirou uma caixinha

de veludo de dentro do bolso de seu paletó. A pousou sobre a mesa e a abriu, me mostrando o anel de diamante que ele havia me dado, no dia do nosso noivado. O mesmo que eu joguei em cima dele no dia que o peguei na cama com aquela vadia loira.

- Eu ainda tenho esse anel guardado. Eu nem ao menos cancelei o nosso casamento. Nos casaríamos daqui a duas semanas e eu não deixei que o cancelassem, porque eu ainda tenho esperanças de reconquistar você. Todo o ser humano pode errar, Jennie, e eu errei. Mas estou arrependido e nunca, nunca mais, farei aquilo de novo com você. Eu te quero como minha esposa, mãe dos meus filhos, a mulher com quem eu estarei daqui cinquenta anos e que amarei com uma intensidade ainda maior do que eu amo hoje. Você pode estar me achando patético, mas essa é a verdade. Precisei te perder, para perceber a importância que você tem na minha vida. Eu te amo mais do que tudo no mundo e a única coisa que peço é que me perdoe e volte para mim. Por favor, Jennie, volte para mim.

Eu esperava por tudo, menos por aquilo. Kai tinha encrustado em seus olhos castanhos, uma sinceridade que eu nunca vi igual. Eu sabia, que não o amava mais, na verdade, eu sabia que nunca tinha o amado. Eu achava que o amava, até conhecer Lalisa e saber que o amor era um sentimento muito mais forte.

Se eu realmente amasse Kai, eu não conseguiria me apaixonar por Lisa e isso era um fato. E agora...

Eu sabia que Kai poderia muito bem estar mentindo. Para ele, não custava nada mais uma mentira entre todas as outras que ele já havia contado para mim. E eu sabia também que Lalisa jamais mentiria para mim.

Mas Lisa estaria com outra mulher praticamente na minha frente. Ao invés de sair de casa pela manhã para ir trabalhar como uma mulher normal, ela sairia para ir transar com outras mulheres e eu nem mesmo poderia me opor, até porque, eu a conheci desse jeito. Eu me apaixonei por ela desse jeito e jamais pediria para que ela mudasse.

Tudo isso era demais para mim. Eu não ia aguentar ver a mulher que eu amo transando com várias outras mulheres a cada dia que passava. Mas também não poderia ficar sozinha, porque ficar sozinha era sinônimo de que eu me sentiria livre para ficar com Lisa e nos apaixonaríamos mais, para logo depois, quebrarmos a cara. Porque nenhuma relação pode durar muito tempo, quando um se relaciona sexualmente com outras pessoas, mesmo que sem nenhum sentimento envolvido.

-Jennie, fale alguma coisa, por favor.

O encarei, enxergando um homem que, há apenas dois meses, era o centro do meu universo. Hoje eu poderia compará-lo com qualquer outro homem que passasse pela rua, porque, para mim, ele não tinha importância alguma. Mas mesmo assim, mesmo sabendo de tudo isso, a minha decisão já tinha sido tomada.

- Eu volto para você, Kai.