Chegar à casa de Jennie nunca foi tão demorado, ainda mais quando se tinha ao lado uma mulher como Rosé. Ela não parava de resmungar, de chorar e de soluçar. Aquilo já estava me dando nos nervos.
Devo que confessar que ultrapassei todos os sinais vermelhos, subi em uma calçada e atingi o limite de velocidade. Tinha certeza de que várias multas surgiriam no final do mês, mas isso era o que menos importava. Porra, a mulher que eu amo está correndo perigo! E tudo por minha culpa.
Perguntava-me quando aquele... Jogo tinha se virado contra mim. Até ontem eu era a vítima e ela era a culpada; agora as caras estavam invertidas. Se fosse a porra do banco imobiliário eu estaria dura, fodida e presa. Entretanto, se a vida fosse mesmo um joguinho simples de tabuleiro, as peças andariam mais rápidos do que a porra do meu carro, o jogo mudaria de figura, eu sairia como a vencedora e ainda arrastava Jennie comigo.
Puta merda, quando o ser humano fica depressivo, o mesmo começa a fazer essas porras desses monólogos internos. Seu coração e cérebro começam a pensar juntos - ou seria separado? -, cria uma única voz - ok, às vezes duas, uma pior do que a outra -, e nos fazem pensar mais do que deveríamos. Ou seja, ficamos ainda mais fodidos.
Cheguei à conclusão de que, se eu pensasse em mais alguma coisa, seria eu que iria precisar de antidepressivos e rápido! Quando finalmente chegamos ao prédio de Jennie, eu não perdi tempo em estacionar o carro de mau jeito, saí correndo e chamar o elevador. O porteiro estava indo reclamar comigo quando viu que Rosé me acompanhava e eu só não o mandei tomar no cu porque estava com o foco em apenas uma coisa: salvar Jennie, do que quer que fosse.
Chegamos ao seu andar e novamente eu fui à frente. Apertei a campainha de um milhão de vezes e quase derrubei a porta com minhas batidas. A resposta foi apenas uma: silêncio.
- JENNIE! POR FAVOR, JENNIE, ABRA PORTA... SOU EU, LALISA, EU PRECISO MUITO FALAR COM VOCÊ, POR FAVOR! - gritei, batendo de novo na porta.
- Não vai adiantar, ela não vai atender! Eu vou chamar um chaveiro, precisamos entrar nesse apartamento de qualquer maneira. - Rosé disse, pegando o celular em sua bolsa.
- O chaveiro vai demorar muito e cada segundo é crucial para gente. Não podemos perder tempo. Por favor, se afastei. - falei, chegando para trás e olhando em direção a porta.
- O quê? O que vai fazer?
Resolvi não responder; minha atitude diria tudo. Eu nunca arrombei uma porta na minha vida, muito menos tenho a força para isso, mas uma mulher apaixonada está sujeita a fazer qualquer tipo de coisa. Inclusive loucuras. E arrombar uma porta fazia parte do pacote Lalisa-apaixonada-pela-Jennie.
Respirei fundo e reunir toda a minha força, dando um primeiro chute na porta. Ouvi o trinco fazer um barulho estranho e vi a marca do solado do meu sapato marcar a madeira pintada de branco.
- Talvez se você me ajudasse, poderíamos... - apontei para a porta ofegante com a certeza de que se eu não conseguisse abrir aquela porta, eu teria um ataque cardíaco ali mesmo.
- Ok. Eu vou tentar. Vamos fazer no três. - ficamos ambas lado a lado e suspiramos fundo. - Um, dois, três!
Nosso chute foi em sincronia, porém, não foi o suficiente para abrir a porta. Mas deu para ouvir o barulho de algo se quebrar. Nós respiramos fundo e tentamos mais uma vez. Dessa vez a porta se abriu em um estrondo e, sem olhar para trás, entrei no apartamento, rondando tudo.
O andar debaixo estava vazio, sendo assim, segui para as escadas. A porta do quarto de Jennie estava fechada e por sorte não estava trancada.
Não precisou olhar muito ao redor para encontra-la. Não precisou nem de mais um segundo para que meu desespero explodisse em um milhão de pedaços, assim como o meu coração angustiado.
Jennie estava jogada no chão, havia vários frascos vazios de remédios ao seu lado. Ela vestia apenas uma blusinha branca e um short vermelho. Minha primeira reação foi ir até ela. Ajoelhei-me ao seu lado e a puxei para mim, sentindo a temperatura fria de seu corpo, vendo seus olhos fechados e sua expressão adormecida. Ela tinha os olhos inchados e a boca ressecada.
- Jennie! Jennie, fala comigo, por favor! - murmurei desesperada e chorando.
Toda a minha atenção estava nela.
-Lalisa, ela acabou com todos os remédios que tinha guardado. - Rosé disse, saindo do banheiro com mais frascos vazios. Seus olhos estavam repletos d'água. - Precisamos leva-la para o hospital, rápido!
(...)
Nunca fui boa em esperar. Sempre fui impaciente, a única coisa que eu conseguia retardar na minha vida, era meu orgasmo. Por isso, a cada tic-tac que o relógio da sala espera do hospital soava, eu ficava mais nervosa.
Por que diabos os médicos sempre demoram em nos dar notícias? Será que eles gostam de nos ver em um banho-maria de dor e desespero? Porra, ficar quase uma hora esperando por simples notícia era um absurdo!
Jennie chegou desacordada ao hospital, ao pegá-la no colo, percebi que deveria ter emagrecido uns cinco quilos nos últimos dias, o que me fez perguntar sobre como ela estava vivendo. Quer dizer, será que ela ficou trancada no quarto durante 168 horas, sem comer nada? Só em pensar naquilo, a dor já me sufocava novamente.
Se eu não tivesse feito àquela festa, se eu não tivesse ficado bêbada, se eu a tivesse escutado direito... Nada disse estaria acontecendo.
Inferno, eu não aguentava mais aquela situação! Suposições nunca fizeram parte da minha vida; sempre fiz questão de deixar tudo no preto e no branco, ponto final.
Mas aí, chegou o furacão Jennie e bagunçou tudo. Ela não sabia o quanto eu era grata por isso.
- Parentes de Jennie Kim? - um cara branco perguntou, entrando na sala de espera.
Rosé, Jisoo e eu nos levantamos ao mesmo tempo.
Nas mãos ele tinha uma prancheta e nos encarou de maneira receosa. Isso me fez engoli em seco e meu coração disparar em uma frequência nunca sentida por mim.
- Então Doutor... Como ela esta? Ela está bem, não é? - perguntei com as mãos tremendo.
Silêncio.
E apenas seu olhar me bastou para sentir meu coração ser subindo de dor, como mil facadas por segundo em cada parte do meu corpo. - O estado da paciente era bastante critico, ela tomou quantidades altas de antidepressivos fortes e perigosos. Seu corpo estava debilitado demais para aguentar. Pelo que eu pude examinar ela não se alimentava por dias e estava bastante desidratada, por isso, foi inevitável que a paciente sofresse uma overdose. - fechei os olhos ao ouvir os soluços de Rosé e Jisoo a consolando, afinal já sabíamos o que o medico estava tentando nos dizer. - Nós fizemos o possível, eu sinto muito. Mas não conseguimos salva- la.
Meu mundo entrou em colapse, eu sentia meus pulmões gritando por ar. Minha cabeça lateja em dor, meu coração... Bom, eu acho que ele já não existe mais.
- É TUDO SUA CULPA!
Senti uma tapa em meu rosto e tudo que se seguiu foram gritos, socos e arranhões em meu corpo. Rosé estava possessa e com total razão. Jisoo a segurou e a tirou de perto, me olhando com um misto de pena e mágoa.
Jennie estava morta, com ela levou-se meu coração. Meu amor estava morta e fora minha culpa.
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Pornstar - Jenlisa
FanfictionJennie Kim é uma mulher de vinte e dois anos. Cursa faculdade de odontologia, ama ler e é apaixonada por seu noivo, Kai. Tudo em sua vida sempre foi perfeito e em ordem, até que seu noivo a trai de forma descarada. Seu mundo magnifico é destruído em...