T2 Capítulo 9 - Bomb

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Jennie estava mergulhada em um sono profundo, algo raro nos últimos tempos. Ela havia finalmente conseguido descansar após semanas de tensão emocional. O frio ainda era palpável do lado de fora, mas no pequeno apartamento que agora chamavam de casa, o calor dos aquecedores e o amor de seus filhos a envolviam como um cobertor aconchegante.

De repente, Jennie sentiu um toque suave em seu ombro. Ainda meio sonolenta, ela abriu os olhos lentamente, piscando para ajustar sua visão. Diante dela, estavam Lucca e Ella, com sorrisos enormes no rosto. Havia uma energia vibrante no ar, e Jennie soube imediatamente que algo havia acontecido.

— "Mãe! Você não vai acreditar!" — Lucca quase gritou, sua voz cheia de excitação.

— "Acorda, mãe! Você precisa ver isso!" — Ella disse, praticamente saltando na cama.

Jennie franziu a testa, confusa e um pouco desorientada.

— "O que está acontecendo? Por que vocês estão me acordando assim?" — Jennie perguntou, sua voz rouca de sono enquanto ela se sentava lentamente, esfregando os olhos.

— "Seu vídeo! O vídeo que você gravou ontem! Está bombando, mãe!" — Lucca respondeu, quase sem fôlego de tanta empolgação. — "Está em alta! Tae acabou de ligar, ele disse que você está viralizando!"

O coração de Jennie deu um salto. Era difícil processar tudo de uma vez. Viralizando? Ela?

— "Espera... como assim?" — Jennie perguntou, ainda incrédula.

— "Sério, mãe!" — Ella puxou o celular e mostrou a tela para Jennie. Lá estava o vídeo dela, com milhares de visualizações subindo a cada segundo. — "Olha isso! Você está em todas as redes sociais! As pessoas estão comentando sobre como sua voz é incrível, como você colocou tanta emoção na música!"

Jennie ficou em silêncio por alguns segundos, observando os números subirem. Ela não conseguia acreditar no que estava vendo. Aquele vídeo, gravado em um estúdio improvisado, com uma música que carregava toda a sua dor e frustração... agora estava conquistando o mundo.

Ela levou a mão à boca, os olhos se enchendo de lágrimas.

— "Eu... eu não acredito nisso..." — Jennie sussurrou, sua voz falhando.

Lucca e Ella a abraçaram de imediato, seus sorrisos contagiantes enquanto Jennie começava a chorar de emoção. Não eram lágrimas de tristeza, mas de alívio, de gratidão, de surpresa. Depois de tudo o que havia passado, ver que sua voz, sua dor, sua verdade estavam sendo ouvidas por milhares de pessoas era algo que ela nunca imaginou possível.

— "Você merece isso, mãe," — Lucca disse suavemente, segurando sua mão. — "Você finalmente está mostrando ao mundo o quão incrível você é."

Jennie chorou mais ainda, apertando seus filhos em um abraço apertado. Ela não conseguia parar as lágrimas. Não era apenas pelo sucesso do vídeo, mas pela jornada emocional que tinha vivido até aquele momento. Ver seus filhos tão orgulhosos dela, depois de tudo o que tinham passado, era o maior presente que poderia receber.

Pov Lisa

Do outro lado da cidade, Lisa estava em seu estúdio particular. Havia passado a manhã revendo cenas para seu novo curta-metragem, o mesmo que tinha sido a faísca para toda a tensão entre ela e Jennie. Para Lisa, trabalhar no curta era uma forma de retomar sua identidade, algo que ela achava que tinha perdido no casamento. No entanto, a cada cena que revisava, havia uma sensação crescente de vazio.

Ao final da manhã, Lisa pegou seu celular e viu diversas mensagens não lidas. Uma delas era de seu advogado. O título da mensagem a fez respirar fundo: "PAPÉIS DO DIVÓRCIO". Ela fechou os olhos por um segundo, tentando controlar o nó em sua garganta.

— "Divórcio..." — ela murmurou, como se a palavra tivesse um gosto amargo.

Ao abrir o e-mail, lá estavam os documentos. Jennie estava decidida. O nome dela estava lá, e isso queimava Lisa de dentro para fora. Ela sentiu uma fúria crescer em seu peito, mas não a externou imediatamente.

— "Então é isso," — ela disse para si mesma, o olhar frio. — "Ela realmente quer acabar com tudo... por causa de um trabalho."

Lisa fechou o e-mail abruptamente e jogou o celular na mesa, a respiração pesada. Para ela, tudo aquilo era uma infantilidade sem sentido. Como Jennie podia ser tão imatura? O pensamento ecoava em sua mente como um mantra.

— "Ela está sendo ridícula," — Lisa sussurrou para si mesma, começando a andar de um lado para o outro no estúdio. — "Isso é só um curta. Só trabalho. Ela deveria entender que eu sou mais do que só a esposa dela. Ela sempre foi tão sensível..."

Lisa se sentou em uma poltrona de couro, sua mente fervilhando de raiva e frustração. O pensamento de Jennie seguir em frente, de realmente querer o divórcio, parecia um insulto. Ela, Lisa, era a provedora, a mulher forte que tinha sempre garantido o melhor para a família. Como Jennie ousava querer acabar com isso?

— "Mulheres sempre complicam tudo," — Lisa murmurou, cruzando os braços. — "É por isso que precisam de alguém como eu para guiá-las. Jennie nunca soube realmente como lidar com as coisas. Sempre foi frágil, emocional..."

O som de seu telefone vibrando a tirou de seus pensamentos. Era uma notificação do YouTube. Lisa abriu o aplicativo, sem muito interesse, até que um vídeo apareceu em destaque. O título fez seu estômago revirar: "Jennie Kim — Hate You (Live Recording Session)".

Seus olhos se estreitaram enquanto ela clicava no vídeo, e o rosto de Jennie apareceu na tela, cantando com uma intensidade que Lisa nunca tinha visto. A música era sobre dor, traição, e, embora as palavras não mencionassem Lisa diretamente, ela sabia — cada frase era sobre elas. Cada verso cortava fundo, cada palavra parecia destinada a ela.

A raiva de Lisa aumentou.

— "Então é isso? Ela vai expor nossa vida assim? Nossa relação? Como se eu fosse a vilã?" — Lisa disse, sua voz carregada de desprezo. — "Ela não pode simplesmente seguir em frente e me culpar por tudo."

Ela assistiu ao vídeo inteiro, mas a cada segundo, sua expressão endurecia ainda mais. No final, ela jogou o celular na mesa com força, os olhos ardendo de fúria.

— "Que ridículo," — Lisa murmurou, levantando-se de forma abrupta. — "Ela acha que pode me culpar por tudo. Como se o mundo fosse tão simples. Eu estou fazendo isso por mim! Ela deveria entender isso! Uma mulher precisa ter sua própria carreira, sua própria independência."

Lisa cruzou os braços, olhando pela janela de seu estúdio. O pensamento de Jennie gravando músicas, expondo sua dor ao mundo, a irritava profundamente. Para ela, Jennie era fraca, incapaz de compreender as complexidades da vida adulta. Lisa sentia que era a única que realmente entendia o que era necessário para manter a família e o casamento funcionando — sacrifícios, compromissos.

— "Ela não teria nada se não fosse por mim," — Lisa murmurou, o machismo em suas palavras se tornando mais evidente. — "Sempre foi assim. Eu sou a forte, a que sustenta tudo. Ela deveria ser grata pelo que tem."

A ideia de que Jennie pudesse prosperar sem ela parecia absurda. Para Lisa, a força de uma família vinha do papel masculino — e, apesar de estarem em um relacionamento entre mulheres, Lisa sempre se via como a figura dominante, a "provedora", a única que realmente sabia como as coisas deveriam funcionar.

Lisa se recusava a aceitar qualquer mudança. Na sua visão distorcida, Jennie deveria simplesmente aceitar sua decisão de voltar a trabalhar, sem fazer alarde. Afinal, ela, Lisa, era quem tomava as decisões. E Jennie? Ela sempre fora apenas a "esposa amorosa", a que deveria seguir e apoiar.

— "Esse divórcio?" — Lisa murmurou, com desdém. — "Isso não vai acontecer. Ela não vai a lugar nenhum."

E, com esse pensamento, Lisa fechou os olhos, recusando-se a aceitar qualquer responsabilidade pelo que havia acontecido.

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