Encontro marcado

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POV HELÔ

— Eu sinto muito querida.... — Antônio falava com pesar olhando para a pocilga que ele e a família iriam morar a partir daquele dia.

— Tudo bem papai, eu sei que o senhor não teve culpa... — Helô dizia aquilo com um nó na garganta, tentando não deixar transparecer sua indignação.

— O Importante é que estamos todos juntos, dinheiro conquistamos.... — Carmen dizia sorrindo, mas logo seu semblante mudou e ela começou a tossir.

— Mãe, acho que é melhor a senhora se deitar.... — Helô disse. — Vem, eu ajudo a senhora...

Antônio Sampaio era comerciante, ele e sua esposa Carmen Sampaio tinham uma vida abastada, onde moravam em uma mansão com muitos empregados. Eles faziam de tudo pela sua única filha Heloísa, que era dona de uma beleza estonteante. Porem, desde que Carmen ficou doente, Antônio começou a gastar o que tinha e o que não tinha, teve que começar a dispensar seus empregos e, no ímpeto de querer salvar a vida de sua esposa, fez alguns negócios arriscados que o levou a perder sua moradia. Agora, ele e sua família tiveram que se mudar para um pequeno e humilde sobrado na cidade. Isso fez com que Heloísa perdesse a chance de ir estudar direito na capital e se tornar uma advogada como sempre sonhou.

— A mamãe dormiu, eu vou andar pela cidade, vê se eu encontro algum emprego... — Helô falou pegando a bolsa.

— Querida, não precisa, ainda temos algumas economias, acredito que isso de para nos manter até você se casar... — Antônio falou.

— Eu nunca vou me casar por dinheiro! — Helô disse ofendida pela sugestão do pai.

— Desculpe é só... — Antônio tentou falar mas ela interrompeu.

—Não se preocupe, eu sei me cuidar! — Ela disse e assim saiu, sem  esperar pela resposta do pai.

Helô andou por um longo tempo, batendo de porta em porta oferecendo seus serviços como professora. Por ter sido criada em uma redoma, a única coisa que ela sabia fazer era ler e escrever. Mas, para tristeza dela só recebeu negativas ou portas fechadas.

Enquanto andava, Helô avistou de longe as meninas que em outrora foram suas amigas, agora não mais, diferente dos vestidos luxuosos que ela costumava usar quando tinha posses, agora ela vestia algo comum, sem nenhum glamour e bem humilde.  Na tentativa de fugir de suas ex-amigas, ela atravessou a rua sem olhar.

— Moça, cuidado... — Alguém falou já pulando em Helô e agarrando-a, impedindo que uma charrete a atropela-se. Porém, para falta de sorte de ambos, eles se desequilibraram e caíram em uma poça de lama. — Você está bem? — Ele perguntou limpando a lama do rosto dela, então os olhos deles se encontraram pela primeira vez e foi como se eles já se conhecessem de anos.

— VOCÊ ESTÁ MALUCO??? OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ!! — Helô falou vendo que estava toda suja.

— EU?— O homem falou. — Eu salvei sua vida sua ingrata! 

— E agora? — Helô falou tentando limpar a roupa, mas era impossível remover toda aquela lama. — Você arruinou meu dia!

—Você deveria ser mais agradecida, se não fosse por mim, a senhora... — Ele disse.

— Senhorita! — Helô o corrigiu.

— A senhorita, estaria em baixo daquelas rodas...— Ele disse irritado.

—Helô, você está bem, meu Deus, nós vimos tudo de longe.... — Joana, uma das amigas de Helô se aproximou. — E quem é esse herói?

— Helôoooo ! — Maitê correu e abraçou a amiga, sem se importar com o estado dela.

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