Os Anos

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— Bom dia, hora de acordar! — Helô disse abrindo as cortinas do quarto.

— Não mãe, deixa a gente dormir mais... — O menino pediu sonolento.

— É mamãe, deixa a gente dormir.... — A menina disse.

— Não, vocês já dormiram muito, e também, temos que ir até a cidade pegar os vestidos pra festa e o presente do papai. — Helô disse.

— Não sei pra que se ele odeia a gente. — O menino disse.

— Cadu, não fala assim do seu pai... — Helô suspirou.

— Ah, ela está aqui, estava procurando... — Yone disse entrando no quarto.

— Clarisse veio novamente dormir com o irmão ... — Helô riu beijando a testa da filha.

— A cama dele é melhor. — A menina falou.

— Vai com a Yonne trocar a roupinha que eu tô esperando vocês pra tomar café! — Helô disse e esperou as meninas saírem do quarto. — Filho, não fica falando essas coisas perto da tua irmã.

— Mas é verdade mãe, você sabe, ele só usa a gente pra fingir que tem a família perfeita mas é tudo mentira. — O menino reclamou.

— Meu amor, seu pai é assim mesmo, a forma dele amor é diferente. — Helô disse.

— Eu odeio ele. Me promete que se um dia você se separar dele me leva junto com você? Eu sei que eu não sou seu filho igual a Clarisse, mas por favor, não me deixa sozinho com ele igual a minha outra mãe.... — O menino disse.

— Deixa de bobeira, vai lavar esse rosto e colocar a roupa que eu deixei em cima da cadeira que eu tô esperando você pro café da manhã. — Helô disse.

— Mamãe, eu te amo! — Ele disse.

— Eu também te amo muito meu amor! — Helô disse enchendo o rosto do menino de beijos.

De fato ela ainda mantinha o casamento por conta dos filhos, ter casado com Carlos foi sem dúvidas o pior erro que ela cometeu na vida. Ele era possessivo e extremamente ciumento, sádico e agressivo.

Mesmo que fisicamente ele nunca tenha encostado nela ou nos filhos, era comum ele aplicar "castigos" severos nela e nas crianças. Mas ela não tinha saída, desde a morte do pai, não havia mais ninguém no mundo além dos filhos e dos amigos que trabalhavam na casa.

Além disso, Helô sabia que se pedisse o divórcio perderia tudo, principalmente os filhos, primeiro que Cadu nem filho dela era, e Clarisse, tinha sido registrada por Carlos e isso dava ele todo o poder sobre a menina, mesmo que ela não fosse filha dele.

Depois de tomarem o café da manhã, Helô foi com as crianças no centro da cidade apenas com Otto, o motorista. Eles primeiro foram no alfaiate pegar as roupas de Cadu e de Carlos, depois na costureira pegar os vestidos de Helô e Clarisse e depois foram ao relojoeiro pegar o presente que Helô havia comprado pra Carlos.

— Mamãeeeee, quero pipoca! — A menina pediu apontando pro vendedor do outro lado da rua.

— Não, já estamos indo pra casa e vocês vão almoçar. — Helô disse enquanto saiam da loja.

— Só um mamãe, eu prometo que vou comer tudo. — A menina argumentou.

— Eu já disse, não. — Helô disse a verdade é que Helô não tinha dinheiro pra comprar, todos o dinheiro dela era controlado por Carlos.

— Não chora Clarisse.... — Cadu abraçou ela sabendo que provavelmente Helô não tinha como comprar, ele tinha dez anos mas era muito esperto e inteligente.

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