Horas depois, Manu estacionava em frente à casa de Oliver. Após deixarem Sara e Diego na Tomorrow, ele tinha se transferido para o banco do passageiro, e permanecia em silêncio desde então. Manu imaginava que fosse por causa da história envolvendo Diego e Dark. Era natural que precisasse de tempo para digerir tudo, mas isso não diminuía o desconforto da situação. Em um raro gesto de gentileza, ela saiu do carro e foi até a porta dele para ajudá-lo, mas Oliver permanecia imóvel.
— Por que não me contou? — A voz dele cortou o silêncio, sua frustração evidente. — Essa foi uma descoberta extremamente importante para você, Manu. Até a Sara sabia.... Então, por que não me contou nada? — Ele a encarou, a testa franzida, tentando entender.
Manu manteve a postura rígida, mas a ironia escapou em seu tom:
— Te contar? Igual você faz?
Aquelas palavras atingiram Oliver como um golpe direto. Ele sabia que ela tinha razão, e o peso da verdade fez com que desviasse o olhar, sentindo-se mal.
— Você tem razão — murmurou, cabisbaixo. — Estou sendo hipócrita.
O silêncio se instalou entre eles, até Manu quebrá-lo com um suspiro exasperado.
— Olha, a gente não se conhece há tanto tempo, mas já é o suficiente pra você saber que eu não sou do tipo paciente. Nem flexível. Isso simplesmente não faz parte de quem eu sou... Então, não sei mais quanto tempo vou conseguir esperar até que você confie em mim.
— Eu confio em você — respondeu ele, levantando-se.
— Não, Oliver. Eu é que confio em você — retrucou Manu, avançando até ficarem a poucos centímetros um do outro. — De um jeito que nunca confiei em ninguém. A ponto de ignorar meu instinto e até a lógica ao meu redor. Porque, sinceramente, só isso explica eu ter aceitado aquela explicação absurda sobre seu acordo com Ko Ji Sung.
Oliver ficou sem palavras, absorvendo a profundidade do que ela acabara de revelar. Ele até havia estranhado o fato de Manu não ter feito mais perguntas sobre o acordo, mas nunca imaginou que seria esse o motivo. Ela confiava nele... como nunca havia confiado em ninguém. E seu coração não pôde deixar de pular ao ouvir aquilo, tomado por uma mistura de emoção e desespero. Queria beijá-la, queria desabafar tudo o que sentia, mas o remorso o paralisava. Se confiar nela significava fazê-la sofrer com a verdade, ele preferia magoá-la com a omissão. O problema era que Manu não ficaria apenas magoada. Ele até suportaria isso. Mas ela também não era do tipo que se conformaria com um mistério mal resolvido, como já havia deixado claro. Então, enquanto ele não fosse capaz de contar a verdade, corria o risco de perdê-la. Esse pensamento o pressionava, apertando seu peito como se algo ali estivesse prestes a desmoronar ou, talvez, se resolver de uma vez por todas.
Ele deu um passo para trás, quase perdido, como se procurasse uma forma de escapar daquela decisão. Já Manu o observava sem pressa, esperando.Até que ela sentiu a necessidade de se aproximar novamente.
— Eu não sei qual é a droga do motivo que te faz hesitar tanto! — disparou Manu, com impaciência. — Mas estou apostando tudo em você, Oliver. Então, por favor... Não faça eu me arrepender.
Oliver lutou para manter a aflição sob controle. Era como se o ar se recusasse a preencher seus pulmões, enquanto sua mente afundava em um turbilhão de pensamentos caóticos. Ele precisava ser firme. Sabia que, de qualquer forma, causaria dor, mas a pressão de ter que escolher naquele momento era sufocante. Mesmo assim, não havia mais como adiar.
Então, algo sutil mudou em seu olhar. A decisão estava tomada, ainda que não houvesse palavras para expressá-la. Assim, ele finalmente ergueu a cabeça, determinado.
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DARK
RomanceManu já é uma repórter dedicada os 25 anos de idade. Seu maior objetivo é descobrir quem são seus pais biológicos e o que aconteceu com eles. Para isso, ela anseia alcançar um espaço na TV, o que não é nada fácil quando se trabalha apenas com jornal...