16 - Agulhas e farpas

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Quando finalmente chegaram em casa, Hunter hesitou em acordá-la. Com cuidado, ele a ergueu nos braços. James abriu a porta, e para surpresa dos dois, Anthony ainda estava na sala de visitas.

Ignorando a presença inesperada, Hunter levou Aurora para o quarto. No entanto, sem saber o que Anthony estava fazendo ali, ele a colocou na cama de seu quarto, mesmo sabendo que Aurora ficaria muito brava depois.

Ao sair, o homem deparou-se com o pai, parado à porta. Passado o susto, raiva se apossou dele, por ter sua privacidade em sua própria casa, ou melhor, seu próprio quarto, invadida, então perguntou com rispidez:

- O que você ainda está fazendo aqui? Quem te deu permissão para vir atrás de mim no meu quarto?

- Não estou gostando de vê-la tão fragilizada, Hunter. Eu fiz uma promessa a Leonard e espero que você seja capaz de cumpri-la - Anthony respondeu com voz firme, encarando os olhos do filho.

Hunter franziu o cenho, irritado com as acusações ocultas. Uma veia em sua testa ficou saliente e ele disse, com a voz elevada, embora o tom tenha permanecido baixo:

- Aurora é minha responsabilidade e estou fazendo o que é certo. Não se meta, não vai gostar das consequências.

- Ela ainda é uma pessoa especial para mim, não aceitarei que a trate como um objeto - Anthony se aproximou um passo, elevando o tom da voz. - Ter se casado com ela não dá a você o direito de matá-la aos poucos. O que diabos foi o que vi hoje de manhã? E por que ela chegou adormecida em seus braços? O que pensa que está fazendo, Hunter? Ela é sua esposa, seu idiota!

Hunter riu ironicamente, seu olhar cortando em direção ao quarto onde Aurora descansava. Ele fechou a porta com um movimento rápido e voltou-se para o pai, ainda mais irritado. Seus olhos haviam dilatado, as veias de seu braço estavam altas e seu sangue agitado em todo seu corpo.

- Então, o que realmente quer, pai? Não acredito que considere tanto assim a sua nora, afinal foi você quem a obrigou se casar comigo, seu filho monstro, não é? Não pode me dizer o que fazer ou não com minha mulher, afinal, se estou preso apenas a ela por causa de um contrato que você adulterou, tenho que aproveitar, não?

Anthony olhou nos olhos do filho, sua expressão revelando que sentiu o impacto com as afirmações de Hunter.

- Aurora está grávida?

Hunter deu um pequeno sorriso frio e inclinou levemente a cabeça para um lado, num movimento calculado, antes de responder.

- Se estiver, você saberá quando receber o convite para o chá revelação. Agora, por favor, vá embora e não retorne a essa casa sem convite, ainda tenho coisas a fazer, e preciso aproveitar enquanto minha adorável e sensível esposa está adormecida. Aliás, Aurora, assim como eu, repudia a sua presença, pois sempre que te vê, ela se lembra de como a obrigou a casar-se com o monstro que eu sou, então sugiro que a esqueça para seu próprio bem e para o dela também.

Anthony cerrou os punhos. Sentiu pena da jovem deitada na cama, mas Hunter tinha razão, ele a entregou, e por enquanto, ela era responsabilidade do seu filho.

- Eu serei o primeiro cobrar a sua dívida, filho. Não se esqueça disso. E a cobrarei com juros.

Anthony saiu irritado. Hunter também cerrou os punhos, mas respirou fundo, então foi para o quarto de hóspedes, onde quebrou o espelho com um murro. Quando o sangue desceu em seu braço, ele sabia que precisava descontar sua raiva em qualquer coisa, pois não queria que Aurora o visse perturbado ou sob pressão, principalmente porque agora seus pais estariam vigiando-os ainda mais de perto.

***

Aurora acordou lentamente, seus dedos afundando em lençóis macios como nuvens, a sensação agradável relaxando ainda mais o corpo descansado. No entanto, algo parecia fora do lugar. Ela franziu o cenho, sua mente ainda sonolenta. Abriu os olhos, esperando encontrar qualquer situação bizarra, seu corpo já preparado para fazer movimentos bruscos, se necessário.

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