Capítulo sete.

1.5K 238 120
                                    


...

   Após finalmente achar uma cafeteria diferente nesse lugar enquanto rodava em círculos, me sento em uma mesa ao lado da janela e abro o notebook. No meu relógio de pulso estava cravado 07h33, então, espero a internet se conectar ao aparelho em minha frente e coloco uma música no fone.

  Pass the Nirvana, de Pierce the Evil foi a primeira da ordem aleatória da minha playlist, meu dia já havia começado ótimo somente pela música.

  — Bom dia. - Um homem uniformizado se aproxima da mesa com um pequeno caderno em mãos, sorrindo grande. — O que gostaria de pedir?

  — Café expresso sem açúcar.

  — Mais algum pedido? - Ele sorri ainda mais abertamente, mostrando os dentes desta vez.

  Quem sorri assim genuinamente em plenas sete da manhã?

  Ou será que não é genuíno?

  Foco, Wednesday.

  — Não.

  — Tudo bem, volto em alguns minutos. - Ele inclina a cabeça, tentando ver o número da minha mesa que estava marcado no porta-guardanapos e, assim que consegue, se distancia.

  Esquisito.

  Priorizo total atenção nos dados a minha frente agora, precisava passar e checar as informações de novatos para dentro do sistema da empresa, cada um no seu setor, eu não podia errar.

  Não tolero erros.

  Não vindos de mim.

  Além disso, também precisava analisar as novas propostas. Mês passado eu fechei um negócio grande com um empresário de peso, arriscado, do jeito que gosto. É de extrema satisfação quando algo assim dá certo. Apesar de não ser o que realmente tenho amor para trabalhar, me sinto útil, menos invisível.

  Não que eu me importe em chamar atenção, mas são os negócios da família e vivo com essa pressão desde criança.

  Eu preciso ser a melhor, eu preciso me destacar, eu não posso ser apenas um número no sistema.

  Não posso.

  — Liam Bethencourt. Francês? Sobrenome raro por aqui. - Sussurro para mim mesma, clicando em "informações pessoais" para observar mais um pouco dos dados do rapaz. Mãe da espanha, não há informação do pai, mas creio que tenha sangue francês pelo nome.

  Enfim, não é como se fosse da minha conta.

  Desperto da curiosidade quando o homem sorridente deixa o copo de café na minha mesa, mesmo com o fone, escuto o sininho da porta de entrada no ambiente avisando que um novo cliente havia chegado.

  O vapor do copo mostrava desenhos deformados no ar. Provo do líquido, café coado, sem dúvidas. Qualquer pessoa minimamente amante de café sabe distinguir a diferença de um e outro.

  Me contentei com este, não é o fim do mundo e está com um gosto agradável, me despertando um pouco já é o suficiente.

  Depois de longos minutos checando diversos indivíduos, repassando, organizando e corrigindo informações, estava finalmente acabando com as listas de nomes, isso até o mesmo rapaz sorridente aparecer.

  "Alex" era seu nome, sei pois acabo de ler no crachá pendurado em seu pescoço com uma cordinha vermelha.

  — Com licença. - Ainda sorrindo, ele coloca na minha mesa o que aparenta ser um brownie.

  Tiro os meus fones e o encaro em completa confusão, está sob efeito de algo ilícito para sorrir tanto e errar pedidos?

  — Uma pessoa mandou entregar. - Proferiu diretamente.

FLOAT - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora