Capítulo nove.

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  POV: E.S.

  — EU QUERO BATER A PORRA DA MINHA CABEÇA NA PAREDE! 

  Esbravejo jogando-me no sofá e enfiando a almofada no rosto, desejando que magicamente me sufocasse.

  — Gritar e bater a sua cabeça na parede não vão resolver as coisas. - Yoko fala enquanto me olha, sentada no braço do sofá.

  — Se resolvesse, tenha a certeza que eu já estaria convulsionando no chão. - Minha voz sai abafada por conta da almofada.

  — Enid! - Tiro o objeto do rosto e encaro sua feição surpresa. Qual o problema? só disse algo óbvio. — Eu preciso que você se acalme para conversarmos.

  Já entendendo onde aquilo daria, me aproximo e encosto a cabeça em seu colo, me ajeitando. Meio que temos um ritual desde pequenas quando uma das duas precisam conversar. Se trata de deitarmos a cabeça no colo da outra e fazermos companhia.

  — Desculpa. - Sinto vergonha por tal comportamento, às vezes perco o controle e Yoko não tem nada a ver com isso.

  — Se você e sua mãe continuarem assim, ou sairá um homicídio doloso, ou você vai infartar antes dos trinta. E acredite se quiser, nenhuma das opções me agrada.

    — Ela sabe como me tirar do sério. - Suspiro e passo as mãos pelo rosto. — Eu não tenho mais seis anos! Mesmo fora de casa eu continuo me sentindo sufocada e controlada exatamente quando criança.

  — Não acha que está na hora de dar um fim nisso? - Yoko me pergunta receosa. — Tipo, de vez?

  — Se eu sumir é pior. Você sabe disso, Yo. Eu não acharia as suas visitas ruins se ela não tivesse o objetivo de acabar comigo em todas. Ela me trata mais como sua inimiga do que filha. - Assente pensando em um próximo tópico de conversa.

  — O que ela queria, afinal? Não consegui ouvir com clareza já que pediu pra ter uma conversa apenas entre vocês duas.

  — Ela disse que seria melhor se eu voltasse para o interior e começasse uma "faculdade de verdade" - aspas com os dedos - na cidade vizinha. E eu disse que não, porque as coisas que quero estão por aqui e eu não fiz uma faculdade esses anos todos para nada. Começamos a discutir e ela fez questão de me humilhar até o último segundo enquanto estava na minha frente.

  — Por isso ela bateu a porta daquela forma? - Indaga.

  — É. - Sinto a maldita queimação na garganta. — Eu sei que isso te desgasta também. E o Ajax e Eugene. Sei que já disse isso, mas nenhum de vocês deveriam presenciar, desculpa.

  — Nós também somos uma família, Nid. Todos nós entendemos essa situação e sabemos que você não tem culpa de nada e nem deseja isso. É totalmente compreensível reagir assim.

  Suas palavras giraram em minha mente. Posso prever a futura dor de cabeça que vou sentir.

  De novo.

  — Mas então, para animar o clima de enterro, deixa eu perguntar... - Cutuca minha bochecha. — Wednesday é o nome da misteriosa?

  Acho graça de sua fala e me animo com o nome citado, ainda não tinha contado a Yoko.

  Quer dizer, mais ou menos...

  Y: — Você me mandava quinze mensagens em tipo, cinco segundos! Eu nem sabia que isso era humanamente possível!

  — Eu estava em desespero! - Rio enquanto me explico, lembrando da situação. 

  — A maior parte das mensagens você digitou errado. Eu não entendi nada além de socorro, Wednesday e café.

FLOAT - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora