Capítulo treze.

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 POV: W. A.


  — Wednesday! - Bianca grita, me olhando com as mãos na cintura. — Cacete, garota. Tá no mundo da lua?

  — Me distraí. - Respondo olhando para o cardápio que já havia visto tantas vezes ao ponto de ter decorado cada nome e preço nele.

  — Você está avoada, isso sim. O que foi? - Indaga, se sentando comigo e comendo um pedaço de bolo.

  — Tem algo no qual estive pensando se deveria ser compartilhado. - Cruzo as pernas e encaro a mulher sentada na minha frente.

  — E então?

  — Não sei, ainda estou pensando. - Respondo em tom óbvio, Bianca passa a mão pelo rosto, impaciente.

  — Por Deus, você é impossível!

  Dou de ombros, soltando o cardápio na mesa, desisto de tentar pedir alguma coisa. Estava pensativa, reflexiva, impulsiva...

  — Enid. - Solto sem contexto, como se fosse o suficiente.

  Ela me olha em pura confusão do outro lado da mesa, como se esperasse algo a mais.

  — Quem diabos é Enid?

  — A garota cujo conversávamos aquele dia. - Refiro-me a chamada de voz. — Sei o nome dela agora.

  — Sua vizinha, sei. O que tem?

  — A convidei para tomar um vinho em casa, já havíamos saído antes, mas dessa vez foi... diferente. - Digo de uma vez, poupando detalhes.

  Ela fica surpresa e me analisa como se eu tivesse feito algum tipo de piada, mas ao ver meu tom e postura séria, ajeita-se como tal:

  — Você nunca me conta nada de começo, só sabe soltar bomba. - Cruza os braços. — Vocês transaram, é isso? - Arregalo os olhos, Bianca havia dito isso alto e "direto" demais.

  — Não, Bianca! - Escondo meu rosto com as mãos e apoio meus cotovelos na mesa.  — Puta merda. - Sussurro, desejando que ela calasse a boca e que eu pudesse sumir.

  — Você me diz que convida uma garota à sua casa pra tomar vinho e quer que eu pense o quê? - Responde, julgando meu deslize de ingenuidade.

  — Não sei, mas não a chamei com essa intenção. - E estou sendo sincera. A companhia de Enid me agrada. 

  Esse é o problema.

  Bianca me analisa, como se quisesse ler minha mente:

  — Só continue, então.

  — Ela me apresentou ao centro da cidade e esse dia ainda estava tudo normal.

  — E o que está anormal?

  — A sensação se tornou diferente. - Tento contornar.

  — Preciso de detalhes, Wednesday. Facilite minha vida. 

  — Eu a chamei para conhecer Salem. - Limpo a garganta antes de prosseguir. — E, bem, ele gostou dela. 

  — Milagre ele gostar de alguém. - Interrompe, reviro os olhos ignorando como falou de Salem e prossigo:

  — Conversamos, bebemos e comemos algumas coisas que ofereci. Não sei se o álcool me deixou mais solta, mas quando percebi estávamos muito próximas.

  — Próximas? - Ergue uma sobrancelha. 

  — Sim, próximas de contato físico. Quando percebi, minha perna estava em cima da perna dela e Enid começou a acaricia-la.

FLOAT - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora