Capítulo oito.

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  Eu e Enid estávamos caminhando até o meu carro em silêncio. Eu não sabia o que dizer e ela provavelmente estava do mesmo jeito. Chegando perto do veículo, aperto o botão do controle e o destranco.

  — Minha nossa! - Olho para trás e vejo Enid com os olhos arregalados, imóvel.

  Que diabos?

  — Você está bem? - Questiono.

  — Sim, sim, é só que... Nossa. - Faz contato visual comigo. — Você tem um Audi!

  — Ah. - Observo o carro a minha frente sem saber o que dizer. — Você gosta?

  — Pode se dizer que sim. Não sou nível fascinada, mas acho os modelos muito bonitos, assim como alguns da Lexus, Mercedes ou os esportivos da Ferrari e Lamborghini, mas depende, tem uns modelos que são feios demais.

  Tagarela, definitivamente.

  — Eu não pesquiso muito sobre carros em geral, mas acredito em você. - Abro a porta do passageiro, convidando Enid a entrar.

  — Obrigada. - Agradece, olhando cada centímetro de onde estava.

  Entro no carro e abro os vidros, a mulher ao meu lado estava um pouco encolhida. Tímida, acredito eu.

  — Você precisa me dizer aonde mora. - Lembro-a enquanto coloco os cintos.

  Isso mesmo, Wednesday. Você é uma completa sonsa e cínica.

  — Ah, claro. - Se ajeita no banco. — Brook Avenue, número quatrocentos e setenta e oito.

  — Brook Avenue? - Pergunto-a fingindo surpresa.

  — Sim. - Ela me analisa de cima a baixo. — Algum problema?

  — Longe disso. - Limpo a garganta. —  Soaria estranho depois de hoje se eu te dissesse que somos vizinhas?

  — Sério?! - Sua voz sai um pouco mais alta. — Isso me soa bem legal. Acho que o universo gostou de brincar com a gente.

  Conversamos mais algumas coisas bobas, tipo a coincidência e como o universo realmente gostou de brincar conosco. Enid escrevia freneticamente em seu celular, provavelmente conversando com alguém. Quando menos espero, ela faz um questionamento.

  — Você também percebeu como aquele cara sorria?

  Freio no sinal e a olho, pelo visto não fui a única que se questionou e nem foi preciso detalhes para saber que nos referimos a mesma pessoa.

  — Sim. Achei ele estranho. - Respondo-a.

  — Eu acho encantador pessoas que trabalham sorrindo, mas ele estava assustador me olhando daquele jeito.

  — Que jeito? - Pergunto curiosa, acelerando o carro quando o sinal voltou a cor verde.

  — Eu não sei dizer. Ele sempre fica me olhando assim nas vezes que vou lá, hoje ele só parou quando você me chamou. Parece um psicopata. - Ri de sua própria fala.

  Se for assim, com certeza ele estava de alguma forma tentando flertar com Enid, mas não falarei nada desse tópico por respeito de não saber se ela ficaria confortável sobre esse assunto.

  — É melhor avisá-lo que você fica desconfortável. Ele também sorriu para mim, mas no seu caso parece mais estranho.

  — De qualquer forma não é como se ele fosse conseguir alguma coisa. - Murmura encolhendo os ombros.

  Não a encaro por estar prestando atenção na rua, mas continuo o diálogo.

  — Como assim? - Indago.

FLOAT - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora