Com a saída de Lexie da roda, Suguru se sentiu mal. Não com o ocorrido de fato, mas porquê agora ela acreditava que a culpa era dela.
Embora tivesse realmente dito coisas horríveis, sabia que a culpa não era dela. Era apenas dos dois, Satoru e ele.
Não tinha dado nem quinze minutos quando ele se levantou também, e foi embora. Pegou sua pequena mochila e foi para o lugar que mais gostava desde pequeno.
Uma praça escondida, em um ponto perto do mirante da cidade. Tinha a vista de todos os pontos mais altos de Tokyo e ainda por cima, das estrelas e das nuvens.
Gojo e ele costumavam se esconder ali. Um refúgio do mundo quando precisavam ou sentiam-se fracos.
E naquele instante, Suguru Geto se sentia um monstro. Como se fosse grosso o tempo sem querer e como se não amasse ninguém de verdade.
Sentia que o mundo lhe apontava o dedo com frequência, sempre com ele cometendo os mesmos erros.
Mas não queria aquilo. Era sua vez de tentar se redimir e mostrar quem ele era de verdade.
Ninguém sabia disso, a não ser Gojo e seus pais, no pouco tempo que estiveram com o filho. E de certa forma, Lexie o lembrava de sua mãe.
De quando ela era mais menina e quando alguém falava uma besteira, era incapaz de esconder a insatisfação. Ou de quando ela sorria com os olhos escuros, sem nem contorcer a boca.
Ou talvez porque as duas seguiram o caminho das drogas. Uma de cada lado da moeda; ora vendendo, ora usando. Seja como for, elas tinham semelhanças absurdas entre si que faziam o moreno se questionar.
Será que ele começou a desenvolver um certo interesse em Lexie Evans por isso? Melhor ainda; será que ele se afastou dela antes de ser abandonado outra vez?
Eram muitas perguntas atordoando a cabeça do rapaz. De um jeito maluco; vinham na velocidade de um furacão e quebravam toda e qualquer vontade dele de parar para pensar.
R.I.P 2 My Youth, The Neighborhood, tocava no seu fone. Ele fechou os olhos e deitou no gramado abaixo do seu corpo, com a cabeça pendendo para baixo na colina e os olhos voltados para o céu.
