Prólogo

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Aviso aos que já leram o livro:
Estou apenas publicando os capítulos revisados. Mas estejam convidados à releitura!
Caso algum capítulo tenha ficado com o entendimento comprometido, ou mesmo algum erro de gramática/ortografia eu estarei melhorando nesta revisão.
Aquele Abraço!
W.F.Endlich

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Kaosa, o início de todo o caos.


Daran, Vila de Kaosa, num passado longínquo.

Em um tempo há muito esquecido um dragão de olhos vermelhos baforou, parecia tomado pelo ódio, e o homem sentiu a força da sua garra atravessar-lhe o peito. Lembrou-se de sua vida como pirata e de todas as aventuras que percorreu até aquele momento. A montanha cuspia fogo e fumaça. Quando o resíduo flamejante chegava ao mar, o som da água fervendo era ouvido à distância. O sangue da montanha em contato com o oceano fazia uma nuvem branca e quente, parecendo a baforada de mil dragões. Era o maior dos infernos e uma paisagem aterradora como jamais vira antes. Ele deixou cair sua espada, pois o braço não obedecia mais, apenas pôde acompanhar com os olhos a besta caminhar em direção à sua casa, em direção à sua família. Ele se arrependeu de tantos pecados naquele momento, apenas não podia enumerá-los. Por mais que sacrificasse sua vida nessa batalha, seu esforço não seria suficiente para adquirir o direito de pronunciar o seu pedido de perdão a ela. Como a amava! Não tinha noção do quanto até aquele instante, o último instante. Desejou ter um pouco mais de vigor. Mesmo assim em um gemido de dor excruciante, como que rasgando seu peito ao meio, reuniu as últimas forças de seu corpo, que nesse momento pareciam vir da alma, coração e músculos, unidos em um movimento final. Olhou para a espada do guardião caído ao seu lado e a apanhou. Apoiando-se nela, levantou-se. Num ímpeto finito e derradeiro, arremessou a arma enquanto o animal virava a cabeça pra trás em sua direção, abismado por tamanha insistência. A espada cravou no olho da criatura, que rasgou o ar com um grunhido ensurdecedor, mas nem isso o impediu de seguir seu curso em direção ao casebre. Deixando o belo homem, agonizante, cair após seu último ato de bravura. Enquanto morria lembrava dos últimos acontecimentos felizes de sua vida. Sentiu a última fagulha de felicidade invadir-lhe ao lembrar de sua rotina na vila. Deitado no chão gelado, sua memória revivia momentos, que só agora era capaz de perceber, eram os mais importantes de sua vida.

***

Era uma pacata manhã de outono na pequena vila de Kaosa. Aqueles dias eram envoltos por uma brisa meio gélida que parecia anunciar os eventos futuros e pavorosos. Kaosa era um vilarejo próximo a um porto, o principal do Reino Pacificado. Os navios atracavam e pagavam taxas as autoridades locais. Taxas que os tornavam autoridades muito ricas e fiéis à coroa pelo posto outrora concedido. A guardiania era a mais bem equipada com os melhores homens que um bom salário pode pagar, suas armas eram as melhores que os ferreiros podiam forjar. Embora, até aquela noite, sua principal tarefa fosse cuidar da ordem nas tabernas e ruelas na penumbra. Adotando por princípio que estrangeiro e problema, era sinônimo para estrangeiro morto.

O pescador, era assim que gostaria de ser lembrado, recordava-se bem daquela madrugada. O pensamento lhe trazia um sorriso maroto ao rosto, ao voltar o pensamento àquela madrugada em que quase fora morto na taberna. Era impossível esquecer daquela noite e de como veio parar naquela região. Seus olhos se encantaram com a paisagem da alvorada contrastando com o azul do mar e o marrom que vinha da montanha de fogo. A montanha, que ainda causava arrepios em todos na vila, sendo que uma vez, em um tempo muito remoto, havia varrido aquelas terras do mapa. Lembrava de como a silhueta de Kora surgia entre o marrom da montanha, o azul do mar e o vermelho do sol nascente. Sua sombra apareceu e estendeu-lhe a mão. O gosto de sangue misturado ao sabor do vinho enganou o homem. Haveria ele apanhado até a morte e aquela visão seria de um anjo? Ou tudo não passava de mais uma visão de sua mente embriagada? A figura da mulher jamais seria esquecida!

A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora