Capítulo 20

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O relógio do tempo mantinha seu curso em ritmo vertiginoso e faltava menos de uma semana para o aniversário da princesa. Enquanto Joice corria contra o tempo aprendendo magias de toda a sorte, descobrindo e lendo sobre curas e guerras que aconteceram no Daran, Kilayra vivia entediada com os seus compromissos de princesa. Seus pretendentes apareciam em seções durante a tarde e ela observava cada um deles com a maior atenção que podia. Não era muita, mas tudo o que podia oferecer. Não gostava de nenhum dos rapazes, homens ou velhos que apareciam a pleitear sua mão. Houve uma tarde em que passeou com o Príncipe Erick, de Gônoma. Mas o jovem, embora bonito e educado, não despertou nada no coração da moça. Se ela tivesse que descrevê-lo em apenas uma palavra, seria "insosso". Passaram a tarde em um piquenique próximo à nascente do rio Monther, que tinha sua origem em uma montanha próxima ao palácio. Guardas reais e servas estavam ali para atendê-los e guardá-los dos perigos.

Aquele local era especial para a jovem, que desde criança o visitava com seu pai. Golpeavam a pobre árvore ao lado, que possuía diversas marcas das supostas espadas, feitas de madeiras encontradas por ali mesmo. Seu pai contara-lhe sobre o mundo, sobre as guerras, sobre a fundação da Escola das Armas e sobre diversas outras coisas às margens daquele riacho. E agora ela ouvia as histórias daquele jovem, sobre como não foi aceito na instituição de treinamentos para guerreiros, por ter problemas de saúde quando menino. Ele era bonito e mais nada, concluiu a moça. Seu cabelo castanho parecia arrumado corretamente, seus olhos azuis tinham um brilho pouco vívido e seu sorriso era quebrado. Não que lhe faltassem dentes, mas ele parava de sorrir enquanto a boca ainda estava na metade do movimento, passando a ideia de que as engrenagens que movimentavam a boca estivessem enferrujadas. Não podiam passar dali, parando na metade, um sorriso contido e sem graça. Sua pele era branca, demonstrando o pouco sol e a ausência de atividades físicas. O corpo era magro e alto. Mas não entrava em um consenso quanto à harmonia. A barba por fazer dava um indício de que o moço não estava muito feliz. Ou o meio sorriso que o impedia de ser completo? Mas à sua maneira era bonito!

A tarde foi longa e chata demais, sair dali era tudo o que ela queria naquele momento. Como então passar a vida inteira com o Príncipe Erick se não podia sobreviver a uma tarde na sua companhia?

No jantar, em uma conversa com o pai, Kilayra insistiu em sua insatisfação por gastarem com festividades e ostentações. Seu povo sofria. Ela sabia que muito havia para ser feito. Sem empolgação ela ouvia tudo, mas a animação do rei não a contagiava.

— Sabe bem que não ligo pra festas! É só mais uma festa, papai. Todos festejam por qualquer motivo por aqui, enquanto meu povo passa fome. Sabe com quem eu gostaria de comemorar meu aniversário? — percebendo que chamou a atenção do pai, continuou. — Com quem realmente me ama, o meu povo. São nas horas que demonstram seu amor por mim que me vale esse título.

— Suas palavras, apesar de impróprias, são cheias de sabedoria. Mostram-na digna de ser chamada de princesa. Adorei sua ideia de comemorar com o povo. Acho que essa festa aberta a todos desse reino seria maravilhosa! Passará a tarde com as pessoas que ama.

— Está falando sério?

— Não é o que queria?

— Claro! Claro! Isso será maravilhoso. Mas como farão isso? É algo muito grande, uma festa aberta assim ao povo. Como daremos conta da comida, fartura, músicas e decoração em tão pouco tempo?

— Não se preocupe — disse a Rainha Sara. — Disso cuido eu. Empenharei todos nesse palácio no serviço. Tudo estará pronto no seu devido tempo. Senhoras, precisarei da ajuda de vocês. Peço que não ocupem escravo algum com suas tolices nesse período. Para que tudo fique a contento, preciso de todos os serviçais deste palácio sob as minhas ordens! Temo que toda ajuda será pouca. Espero que compreendam — falava aos da corte com o mesmo desprezo que a filha. Apenas a garota não percebia isso.

— Hoje me fizeram a pessoa mais feliz desse Daran!

— Ótimo que seja assim Kilayra, afinal é o seu aniversário!

— Obrigada, mamãe!

As moças, presentes no almoço, ouviam cada palavra invejando a afortunada garota. Como a odiavam, com seus sorrisos falsos que insistiam em mostrar na presença da Princesa Bremen.



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A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora