— Não sei... Acho que se ela sabe, não se importa. O fato foi contado tantas e tantas vezes, que as pessoas passaram a acreditar como verdade absoluta.
— Talvez... — ponderou Sorin introspectiva.
— Mas é impressionante a semelhança dela com os quadros que retratam a rainha, não acha?
— Era o que eu pensava. Ela é igual à avó! Não é incrível?
— Acho que sim! E seus pais e seu irmão, como estão?
— Meus pais estão por aí. Meu irmão teve que cuidar de uns assuntos para papai. Pediu desculpas e mandou-lhe um lindo presente.
— Agradeça a ele por mim. Não me lembro mais quando foi a última vez que vi o Príncipe Timothy. Lembro-me de tê-lo visto aos treze anos, acho... No meu aniversário. Mas soube que ele estudou aqui, na Escola das Armas. Estranho papai não tê-lo convidado para passar algumas noites aqui em casa naquela época.
— Timothy declinaria a qualquer convite. Não queria sentir-se privilegiado por ser príncipe herdeiro de Varshan. Terminou os estudos há alguns anos e voltou para o nosso reino. Será mesmo que a última ocasião em que se viram foi no seu aniversário? Isso foi pouco antes dele entrar para o treinamento aqui em Montherran.
— Foi sim, não tenho recordações mais recentes dele. Mas sei que foi um dos alunos mais conhecidos por aqui. Como não pude comparecer a sua formatura, pois estava doente na ocasião, não nos vimos. Ele ficou famoso. Muitos falam que é bom nas artes da luta e nas estratégias de combate.
— É sim. Ele é um bom irmão também. Uma figura fantástica. Mas deixemos de falar dele! Diga-me, já escolheu o seu futuro marido?
— Não. Infelizmente não, minha amiga! É tão difícil essa coisa de casamento, não é mesmo? — percebeu que havia sido indelicada.
— Espero que encontre em breve seu amor. Eu já encontrei o meu!
— Conte-me! Quem é o sortudo?
— É o Dynio, ele é um jovem da corte de Varshan. Eu o amo muito!
— Sorte a sua, Sorin! Sorte sua seu pai ter permitido o casamento com alguém que você ama.
— Sorte? Nem tanto... Mas eu já passava da hora de casar, como já dizia meu pai.
— Não ligue para os pais, sempre falam o mesmo, querem é verem-se livres de nós.
— Mas o que é isso, Kilayra? — perguntou Timothy Sharláh II, o Rei de Varshan, quando chegou à presença das duas moças, interrompendo-as.
A conversa com Sorin e seu pai prolongou-se. Ela realmente gostava deles. O resto da noite seguia uma grande chatice! Tudo fora exatamente como esperava, as pessoas elogiavam-na. As moças conversavam e trocavam sorrisos, suportando-se, mas era do conhecimento de todos, que era a mais pura e escrachada falsidade. Todos haviam de admitir, Kilayra havia crescido e tornado-se esplêndida. A única exceção, é que dividiu a atenção de todos com a recentemente conhecida prima Joice. Quase agradeceu por esse favor. Ser o centro das atenções era costumeiramente enfadonho para a princesa. Ter a chance de dividir os comentários maldosos de todos com alguém, aproximava-se de uma benção. Contudo, notava tristeza no olhar da jovem. Mas tinha seus problemas, não se preocuparia com a infelicidade da outra.
A festa prolongava-se. Já era tarde. Kilayra havia dançado com quase todos os homens ali presentes. Seus pés a matavam de dor. Queria dormir e não via saída que a levasse a parar de dançar, era como um ciclo, mal terminava uma dança e vinha outro cavalheiro em sua direção. Um pesadelo! Como se lesse seus pensamentos, seu pai a tirou dos braços de um conde no meio do salão.
— Posso?
— Evidentemente, majestade.
— Sua mãe pediu que eu dançasse com você agora, mas vejo que seus pés andam tão disputados quanto sua mão neste salão! — brincou o rei.
— Ah papai, estou exausta! E bem sabe que esta festa pouco me importa, não é mesmo?
— O que há de errado com a festa?
— Com a festa, nada. Mas os convidados...
— Vai começar as suas indelicadezas, filha? Hoje não, por favor...
— Estou muito cansada... quero dormir... A festa de hoje à tarde foi desgastante. Acha que seria indelicado se eu me retirasse?
— Não é a atitude mais adequada para a ocasião, mas é famosa por sua beleza e generosidade e não por sua cortesia, não é mesmo? Se está assim tão esgotada, seja feita a sua vontade. Afinal, você é a homenageada desta noite!
— Obrigada, papai!
Ao final da música, o Rei Lucas comunicou aos convidados que a princesa retirar-se-ia para seus aposentos. Houve murmúrios de desapontamento dos interessados pela mão da moça, mas todos reconheceram a avançada hora. Apenas as damas mantiveram-se a falar da atitude indelicada da princesa. Porém, quinze minutos mais tarde, estavam todas em seus aposentos, cansadas e agradecidas por poderem dormir e descansar seus pés exaustos. Os homens ficaram dançando, bebendo e cantando até que a noite acabasse nos primeiros raios dos sóis.
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Pessoal, estão gostando?
Espero os votos e os comentários de vocês!
Aquele Abraço,W.F.Endlich
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A Senhora do Caos - A Viajante e o Dragão
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